O esfriar do entusiasmo? Mercedes adia 'dead-line' para o adeus à combustão

Depois da aceleração rumo à mobilidade 100% elétrica, a Mercedes-Benz pode agora estar a repensar a estratégia, adiando o dead-line para 2030

Até aqui uma das marcas que mais fortemente tem acelerado rumo à mobilidade 100% elétrica, a Mercedes-Benz pode agora estar a repensar toda a estratégia. Isto, porque acaba de adiar para 2030 a obtenção dos resultados anteriormente fixados para 2025, ao mesmo tempo que admite continuar a fabricar carros a combustão, durante a próxima década.

O anúncio foi feito durante a apresentação dos resultados relativos a 2023, com a marca de luxo alemã a afirmar que, segundo as suas expectativas mais atuais, os veículos elétricos (EV) e híbridos plug-in (PHEV) deverão tornar-se 50 por cento das suas vendas, até 2030. 

Esta data constitui, no entanto, um adiamento de cinco anos face àquela que tinha sido a meta anunciada no âmbito da estratégia 'Ambition 2039' apresentada há alguns anos e que levou, inclusivamente, a Mercedes a prever, ainda em julho de 2021, que os EV e os PHEV representariam metade do seu volume de vendas, mas já em 2025.

O CEO da Mercedes-Benz Cars, Ola Kallenius, ao lado do EQS
O CEO da Mercedes-Benz Cars, Ola Kallenius, ao lado do EQS

"Até ao final desta década, a Mercedes-Benz Cars pretende tornar-se totalmente elétrica - isto, onde as condições do mercado o permitirem", dizia, então, no extenso documento, a marca de Estugarda.

Na comunicação agora feita, o fabricante estima que os EV e PHEV representarão "até 50 por cento" das vendas, na segunda metade da década, mas também apenas "quando as condições de mercado o permitirem". Sendo que a empresa garante que "será capaz de atender às diferentes necessidades dos clientes até meados da década de 2030"; basicamente, outra forma de dizer que continuará a produzir carros a combustão na próxima década.

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De resto e a sustentar esta ideia, as palavras do CEO do grupo Mercedes, Ola Kallenius, que, em declarações à Bloomberg Television, reconheceu que os veículos a combustão (ICE) continuam a ser a espinha dorsal das vendas da empresa, ao mesmo tempo que defendia que a paridade de custos entre ICE e EV "está ainda a muitos anos de distância". Ou seja, levará ainda muitos anos para que fabricar um elétrico custe basicamente o mesmo que produzir um veículo a combustão.

EV cresceram, PHEV caíram

Sobre os números agora divulgados, a Mercedes-Benz revelou que, em 2023, as entregas de EV e PHEV atingiram as 401.943 unidades, um aumento de 20,5% face a 2022, ainda que com os segundos a caírem 12,5%, para as 161 275 viaturas, enquanto os primeiros cresciam 61,3%, para as 240 275 unidades. Em conjunto, as duas tecnologias representaram 19,7% do total de vendas da marca alemã, o que é mais do que os 16,3% feitos em 2022.

O novo plano de lançamento de elétricos a bateria Mercedes, para os próximos anos
O novo plano de lançamento de elétricos a bateria Mercedes, para os próximos anos

Para 2024, o fabricante espera que EV e PHEV venham a representar entre os 19 e 21 por cento da totalidade das vendas.

A sustentar este objectivo, a confiança de que os veículos elétricos poderão vir a oferecer autonomias até 750 quilómetros, segundo o ciclo WLTP, assim como uma capacidade de carregamento de até 300 kW. A qual permitirá que, com apenas 15 minutos de carga, seja reposta energia suficiente para mais 400 quilómetros.

A Mercedes-Benz promete ainda carregamento bidirecional, assim como potências que variarão entre os 204 e os 544 cv.