A Daimler Trucks revelou o protótipo de um camião de longo curso a hidrogénio, o Mercedes-Benz eGenH2 Truck, que deverá chegar na segunda metade da década e oferecer uma autonomia superior a 1000 km.
A principal alternativa ao diesel para distâncias superiores a 500 quilómetros no transporte rodoviário de longo curso é a tecnologia da célula de combustível, alimentada por hidrogénio líquido de origem renovável.
Pelo menos esta é a visão da Daimler Trucks que foi dada a conhecer pelo seu CEO, Martim Daum, durante uma conferência online, intitulada "On our way to a hydrogen future".
O fabricante aproveitou a ocasião para revelar o protótipo de um camião a hidrogénio, o Mercedes-Benz eGenH2 Truck, que deverá chegar ao mercado na segunda metade da década.
O novo modelo será produzido a partir de uma nova plataforma modular, denominada ePowertrain, que será a base para todos os camiões elétricos de gama média e pesada da Daimler Trucks, quer a bateria, quer a célula de combustível.
Soluções para cada tipo de aplicação
Segundo Martim Daum, em função do tipo de aplicação deverá ser adotada a solução tecnológica mais adequada.
Assim, para operações típicas de distribuição pesada e raios de ação relativamente limitados, o construtor acredita em camiões elétricos a bateria como, por exemplo, o Mercedes-Benz eActros, com autonomia de até 200 quilómetros.
Para percursos até 500 quilómetros, a marca também aposta em camiões a bateria e revelou estar a desenvolver o protótipo de um veículo de longo curso, o Mercedes-Benz eActros LongHaul, que deverá ser introduzido em 2024.
Já para distâncias superiores, a Daimler Trucks considera que a tecnologia da célula de combustível é a mais indicada porque permite uma autonomia de aproximadamente mil quilómetros com um único abastecimento de hidrogénio.
Hidrogénio líquido
O Mercedes-Benz eGenH2 Truck está a ser desenvolvido para disponibilizar as mesmas prestações de um camião Mercedes-Benz Actros de longo curso em termos de tração, autonomia e rendimento. A versão de produção deste protótipo terá um peso bruto de 40 toneladas e uma carga útil de 25 toneladas.
O camião será equipado com dois depósitos especiais de hidrogénio líquido, com uma capacidade total de 80 quilos, e com um sistema de célula de combustível com uma capacidade nominal de 150 kW.
A Daimler Trucks prefere utilizar hidrogénio líquido, armazenado a uma temperatura de -253ºC, porque oferece uma elevada densidade energética em comparação com o volume do hidrogénio em estado gasoso. Isto permite utilizar um depósito mais pequeno e aumentar a capacidade de carga.
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O sistema é complementado por uma bateria com uma capacidade de 70 kWh, que serve de apoio ao sistema de célula de combustível, designadamente nas acelerações com carga ou em subidas pronunciadas, permitindo aumentar momentaneamente a potência máxima até aos 400 kW.
A linha motriz integra ainda dois motores elétricos, disponibilizando cada um 230 kW de potência e um binário de 1577 Nm.
Diferenciação positiva nas portagens
Para que a tecnologia da célula de combustível possa ser uma realidade no quotidiano, Martim Daum, CEO da Daimler Trucks, defendeu a disponibilização de uma infraestrutura de abastecimento de hidrogénio de origem renovável e que isso deve ser uma das prioridades dos países da União Europeia.
O responsável considera que um sistema de pagamento de portagens baseado nas emissões de dióxido de carbono poderia servir para compensar a desvantagem em termos de custo da solução a hidrogénio face ao diesel.