Com apresentação oficial agendada para o Salão Automóvel de Munique que arranca esta semana, a Renault não quis, contudo, esperar e acabou revelando o Mégane E-Tech Electrique, num evento muito restrito, em Paris, para o qual a TURBO foi convidada. E que, mesmo sem qualquer contacto dinâmico, confirmou a pedrada no charco que este Mégane Electric promete ser; inclusive, no preço!
O modelo era por demais importante, para que a Renault esperasse mais tempo!...
Especialmente depois da decisão de mostrar os protótipos fortemente camuflados e que acabaram elevando fortemente as expectativas, a marca francesa decidiu não esperar pelo abrir do Salão Automóvel de Munique, para onde o modelo tem apresentação oficial já agendada, e, num evento secreto e fortemente restrito - foram apenas três os meios de informação portugueses presentes... -, decidiu levantar o pano que escondia o primeiro Mégane elétrico da história. E a verdade é que, podemos confirmá-lo, as expectativas não saíram defraudadas...
Mas, comecemos pelo início. Que teve lugar nuns pavilhões perdidos numa das zonas industriais de Paris, para onde os responsáveis da Renault decidiram convidar alguns meios de informação especializados, para mostrar um automóvel totalmente novo. E que, diga-se desde já, não vai substituir - pelo menos, para já... - o atual Mégane. Pelo contrário, quando chegar a Portugal, em março de 2022, o Renault Mégane E-Tech Electrique - é este o nome completo - será comercializado com o modelo com o mesmo nome de família, embora equipado com motores de combustão a gasolina e diesel. Depois, lá mais para a frente, logo se verá...
Sobre este novo Electrique, a Renault faz, também, questão de salientar que se trata de um automóvel totalmente novo, concebido e construído com base nos 10 anos de experiência que a marca francesa possui, em termos de veículos elétricos. Sendo que, como produto, este novo Mégane, embora EV, não abdica de assumir o mesmo posicionamento do irmão com motores de combustão - trata-se de um "Dynamic Family Hatch", pensado para pessoas que gostam de carros, que os usam com as mais diferentes finalidades e propósitos, e que tanto, podem ser particulares, como colaboradores de uma empresa, com carro de frota.
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Plataforma e motor a estrear
Assim e para conseguir agradar a um tão largo espectro de público, a Renault decidiu, conforme também fez questão de referir, partir de uma folha em branco. Mais precisamente, construindo uma nova plataforma modulável, de nome CMF-E, e, também por isso, capaz de garantir uma liberdade total em termos de design e proporções.
Tal facto acabou resultando num veículo com um comprimento que pode variar entre os 4,2 e os 4,7 metros, com rodas (18 e 20") bem perto dos extremos da carroçaria (aliás, o Mégane Electrique tem menos 60 mm, entre o eixo dianteiro e pára-choques, que o irmão térmico), e com uma distância entre eixos que pode variar entre os 2,70 aos 2,78 metros. Ou seja, cerca de 20 mm mais que no Mégane de combustão.
Quanto ao novo motor elétrico, o mesmo esforço de compactação - o motor do ar condicionado, por exemplo, surge também acondicionado no berço do bloco -, juntamente com uma clara aposta no aliviar do peso - pesa 145 kg, o que é menos 10% que o do Zoe -, mas não na potência: segundo a Renault, este novo propulsor permite ao Mégane elétrico anunciar 160 kW (218 cv) de potência e 300 Nm de binário máximo, a par de uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em tão-só 2,4 segundos. Isto, sem esquecer a capacidade de atingir as 14.000 rpm!
No entanto e para quem não precise de tanto, a Renault promete uma outra versão, menos potente, de 96 kW (130 cv), mas, relativamente à qual a marca francesa não avançou quaisquer prestações. Garantindo, apenas, que, embora o plataforma admita dois eixos de tracção, qualquer uma das versões será sempre apenas tracção dianteira.
A acompanhar este e-Motor, um pack de baterias muito fino (11 centímetros) e que, embora contribuindo com cerca de 400 kg para o peso total do veículo - ainda assim, consegue ser cerca de 100 kg mais leve que o Mégane térmico -, também anuncia uma capacidade de 60 kWh úteis (haverá uma outra de 40 kWh), a par de uma autonomia elétrica de 470 quilómetros (300 km, a mais pequena).
Na base destes resultados, uma densidade que consegue ser 20% maior - 600 Wh/litro - do que nas baterias do Zoe e que, também por isso, levou a marca a desenvolver um novo sistema de anti-fogo - Service Disconnect Switch. O qual, em caso de chamas, permite uma maior e mais pronta acção, assim como eficácia, no desactivar das baterias, por parte dos bombeiros.
Quanto aos carregamentos, a possibilidade de recorrer a uma de três hipóteses: carregamento rápido AC de fase tripla, o que significa a capacidade de suportar potências de carga de 22 kW; carregamento normal AC, sinónimo de potências de carga de 7,4 kW; e carregamento super-rápido DC, o que significa potências até 130 kW, também graças à refrigeração a água.
Destaque, ainda, para o sistema de recuperação de energia que equipa este Mégane Electrique e que o construtor diz conseguir ser 30% mais eficiente do que os sistemas utilizados até aqui, pela marca, assim como para as medidas tomadas ao nível daquilo que a Renault designa de 'Driving Pleasure'. A começar, na direcção, que o fabricante diz ser particularmente eficiente (rácio de 12), mais directa e com mais feeling, e a que junta aquilo que designa de efeito 'Cocoon' - basicamente, o elevar dos níveis de silêncio, isolamento, absorção das irregularidades do piso, etc...
Tecnologicamente vanguardista
Lado a lado com as inovações na propulsão e base rolante, uma postura estética e tecnológica que corresponde na perfeição a outro dos motes que estão base deste novo Mégane Electrique - "High Tech, High Sensations" -, com o modelo a juntar às proporções exteriores aerodinâmicas (apenas 1,5 metros de altura), silhueta eficiente, iluminação totalmente LED (a traseira, com tecnologia laser) e puxadores que se destacam da carroçaria com a aproximação do comando, um habitáculo igualmente marcante. Não somente pela habitabilidade e conforto generosos, com bancos em pele ou em material sintético reciclado, mas, principalmente, em resultado de uma forte componente tecnológica, materializada, desde logo, num novo e impressionante cockpit.
Porquê? Desde logo, porque abarca, numa única peça de 24", revestida a vidro Gorilla (o mesmo dos telemóveis topo de gama), o painel de instrumentos 100% digital e o ecrã táctil do sistema de infoentretenimento, cujo software tem por base, e foi desenhado, em conjunto com a Google. Impressionando pela impressão de qualidade, nitidez e tacto.
Como comandos físicos, apenas um conjunto de teclas de acesso directo a funcionalidades, tipo piano, na base da consola, onde também surge uma espécie de prateleira, para pousar o smartphone. Sendo que, na base da mesma, está o sistema de carregamento indutivo da bateria.
Anunciando um sistema de iluminação interior, capaz de reproduzir um total de 60 cores, entre as quais alterna a cada 30 segundos, o Mégane E-Tech Electrique garante, com a integração de praticamente todas as funções ecrã táctil, uma consola central apenas e só para arrumações - são, ao todo, 30 litros em espaços para colocação de objectos -, que por sua vez se junta a uma bagageira a anunciar, também ela, a melhor capacidade de carga do segmento C - 440 litros. Existindo, ainda, a possibilidade de rebater as costas dos bancos traseiros 1/3 ou 2/3, de forma a ganhar um ainda maior espaço de carga.
O preço? Uma má surpresa... infelizmente!
A terminar e embora não sendo algo normal, tempo, ainda, para os responsáveis da Renault avançarem, desde já, com o preço previsível para os mercados do centro da Europa: entre 40 a 46 mil euros.
Não sendo um preço usual num Mégane - ainda que este Mégane Electrique seja, efectivamente, uma evolução notória... -, se a ele juntarmos a "penalização" decorrente da nossa fiscalização, torna-se fácil de perceber o porquê desta ser, mesmo, a pior surpresa...