Numa altura em que os SUV e crossovers continuam a ganhar terreno, a McLaren revela ter já recebido o correspondente aviso, da parte dos seus clientes: não aos SUV, não aos crossovers... não a uma lista crescente de novos modelos!
A revelação foi feita pelo próprio CEO da McLaren, Mike Flewitt, líder máximo de uma marca automóvel que tem, como poucas, uma verdadeira relação de proximidade com os seus clientes.
A confirmar este cenário, surge o facto da grande maioria dos clientes do fabricante terem, inclusivamente, o e-mail de Flewitt, o que lhes permite apresentar os seus pedidos, exigências, e até reclamações, directamente ao principal responsável da McLaren.
De resto, terá sido, precisamente, dessa forma, que o CEO da marca de Woking terá chegado à conclusão de que os clientes da McLaren não pretendem que a fabricante siga a mesma estratégia de fabricantes como a Porsche ou a Lamborghini, ou até mesmo a Aston Martin - marca que, recorde-se, estreou-se, há bem pouco tempo, no segmento dos SUV.
Diferente da Aston Martin
Aliás e numa alusão à congénere Aston Martin, Mike Flewitt defende não querer, para a McLaren, um crescimento rápido como tem vindo a registar a marca de Gaydon. E que, inclusivamente, levou a que fosse adquirida pelo consórcio do norte-americano Lawrence Stroll.
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"Espero que as coisas acabem bem para a Aston", comenta, numa entrevista à britânica Car Magazine, o CEO da McLaren. Acrescentando que, ainda assim, o fabricante de Woking seguirá um caminho diferente.
"Por vezes, interrogo-me se as pessoas pensarão se nós somos conservadores, ou então ambiciosos, com o caminho que temos vindo a trilhar com a McLaren, até porque fizemos bastante em oito anos", conclui.
Ainda assim e apesar da estreia do Sabre, da entrada do 720S na competição, e vários outros marcos no percurso da marca, a verdade é que as vendas da McLaren continuam baixas, com os próprios responsáveis a não preverem mais do que um total de vendas a rondar as 5.000 unidades, por ano.
"Não acredito que possam existir 10.000 carros McLaren para venda. Pois se há mensagem que os nossos clientes nos têm transmitido, é que não querem que fabriquemos um número maior de carros", afirma Flewitt.
Híbridos por questões de emissões... e por fazer sentido
No entanto, esta opção acaba influenciando também o desenvolvimento de novos motores. Levando mesmo a que, embora estando neste momento a planear o desenvolvimento de um novo chassis para modelos híbridos plug-in, a marca de Woking não tenha quaisquer previsões quanto a um desportivo 100% elétrico.
"A nossa marca têm as suas fundações totalmente no automobilismo, nos superdesportivos, e nos 'gentlemen cars'", recorda, defendendo que "é ainda muito cedo para estender a influência da McLaren a novas áreas, procurando transmitir aquela que é a credibilidade da marca a produtos que, claramente, nada têm a ver com a nossa história".
De resto e a par desta posição, Mike Flewitt reconhece, também nas declarações à Car Magazine, que a McLaren só aceitou olhar para a hibridização, por questões de emissões. Sendo que, ainda assim, só depois dos engenheiros terem conseguido produzir algo em que, diz o CEO, valia a pena colocar o emblema da McLaren, é que a marca decidiu avançar nesse sentido.
"A partir do momento em que conseguimos aproveitar a tecnologia para fazer um carro mais empolgante e com melhores atributos, então, já faz sentido", desabafa o mesmo responsável, numa altura em que já se espera a chegada do primeiro híbrido da McLaren, o Artura, em 2021.