Nascida e criada nas pistas, já lá vão 61 anos, a McLaren tem sido uma dos mais importantes e orgulhosas marcas desportiva britânicas… até hoje. Isto, porque o Grupo McLaren acaba de passar, na sua totalidade, para mãos árabes e, mais concretamente, para a posse de um fundo soberano do Bahrein.
A viver tempos complicados desde a pandemia de COVID-19, em grande parte devido à dificuldade da McLaren Automotive para regressar aos lucros, a totalidade do grupo McLaren foi agora comprado pelo Bahrain Mumtalakat Holding Company.
De resto e mesmo sem a garantia de qualquer novo investimento na empresa, a aquisição levada cabo por este fundo soberano garante, desde logo, a dispensa dos restantes accionistas terem de voltar a meter dinheiro na empresa.
Segundo também noticia a Automotive News Europe, com base em informações divulgadas pela própria empresa, a última vez que os accionistas do McLaren Group terão sido convocados a meter mais dinheiro na empresa, foi em finais de novembro último. Tendo a companhia recebido, então, mais cerca de 450 milhões de libras, ou seja, qualquer coisa como 524 milhões de euros.
Por outro lado, a entrada do Bahrain Mumtalakat Holding Company deverá garantir, igualmente, novas soluções em termos de futuro, em particular, para a divisão de automóveis desportivos da McLaren. A qual poderá agora vir a beneficiar de novas parcerias técnicas, nomeadamente, para desenvolvimento de motorizações elétricas.
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"O acordo [com o Bahrain Mumtalakat Holding Company] deverá permitir focarmo-nos ainda mais no nosso plano de negócios de longo prazo, incluindo, o investimento em novos produtos e tecnologias, ao mesmo tempo que continuamos a explorar potenciais parcerias técnicas com parceiros da indústria", afirmou, em comunicado e após o anúncio do negócio, o Presidente Executivo do McLaren Group, Paul Walsh.
Negociações para parcerias já começaram
Entretanto, fonte não identificada, mas que a Automotive News Europe garante estar familiarizada com a situação em que a empresa britânica se encontra, revelou que a McLaren está já em conversações com vários potenciais parceiros, visando o assegurar de tecnologia EV. Sendo que, neste momento, um acordo, muito provavelmente envolvendo uma empresa que possa vir a querer ter uma participação na McLaren, poderá ser alcançado até ao verão.
Recorde-se que, já em fevereiro último, a agência noticiosa Bloomberg noticiava a existência de contactos com construtores automóveis chineses. Não sendo, até ao momento, conhecido, se esses contactos tiveram ou não continuidade.
Seja como for, ou com quem for, as expectativas são de que o fabricante britânico inicie a transição para a eletrificação com o há muito aguardado SUV, o qual, segundo afirmou, no ano passado, o CEO da McLaren Automotive, Michael Leiters, está agora previsto para 2028. Dead-line que, ainda assim, continua dependente do retorno da empresa aos lucros, assumiu o mesmo responsável.
Para Leiters, o objectivo da McLaren, a curto prazo, passa por um crescimento sustentado da receita, resultante da venda dos desportivos Artura e 750S, assim como de séries especiais e limitadas, como é o caso do hiperdesportivo monolugar Solus GT V10.
No entanto e pelo menos até ao momento, o panorama é tudo menos bom, com a McLaren Automotive a registar prejuízos de 148 milhões de libras (cerca de 172,5 milhões de euros), durante aquele que foi o terceiro trimestre de 2023. Isto, com as receitas a caírem 18% face ao ano anterior.
Dados completos relativos ao ano transacto têm divulgação já agendada para o próximo mês de abril.