Maserati Grecale Folgore: A tradição mantém-se

Fundada em 1914 por Alfieri Maserati, a marca italiana passou por várias fases da sua vida até chegar ao universo do grupo Stellantis criado aquando da fusão com o grupo Fiat a quem a Maserati esteve ligada durante quase toda a sua existência.

A Maserati é uma das marcas mais famosas e prestigiadas de carros de luxo e também uma referência do ponto vista da tecnologia quer no passado quer no presente onde o motor Nettuno usado no Grecale Trofeo é disso um dos melhores exemplos.

Um motor estreado no Maserti MC20 com algumas modificações para adaptá-lo a um veículo de uso quotidiano e menos desportivo, ainda que os seus 530 cv possam expressar o contrário.

Ao seguir a mesma estratégia de eletrificação das outras marcas do grupo, o Grecale utiliza a mesma plataforma para as diferentes soluções energéticas, nomeadamente a versão Folgore 100% elétrica que é no presente a versão mais potente (557 cv) de toda a gama do SUV italiano.

ADN desportivo

O Maserati Folgore chega ao mercado um ano depois das versões a gasolina e híbridas com a principal missão em ajudar a marca a cumprir com as metas ambientais impostas pela Comissão Europeia sem que tal propósito ponha em causa a essência desportiva de um SUV que tem como principais rivais o novo Porsche Macan (ao contrário do Grecale deixou de ter no seu portfólio versões a gasolina e híbridas), o BMW iX xDrive 50, o Mercedes AMG EQE 43 SUV ou ainda noutra dimensão o Polestar 3.

Um ADN desportivo marcado por um binário (820 Nm) capaz de garantir prestações semelhantes ao Grecale Trofeo apesar da superior relação peso/potência (4,4 kg/cv contra 3,8 Kg/cv) com destaque para as recuperações graças à forma rápida como os dois motores elétricos respondem.

Na aceleração dos 0-100 km/h a diferença é mínima (4,1 segundos contra 3,8 segundos) enquanto a velocidade máxima só não é tão expressiva porque está limitada aos 220 km/h (no Trofeo a velocidade atinge os 285 km/h) por questões de eficiência energética.

Prestações que podem ser mais ao menos adaptadas ao estilo de cada um mediante o uso criterioso dos quatro modos de condução (Max Range, GT, Sport e Offroad) selecionados a partir de um botão colocado no volante forrado a couro e onde se situa também um botão azul para arranque do sistema elétrico.

Um sistema elétrico formado por dois motores de 278 cv (do tipo assíncrono à frente e síncrono atrás) e uma bateria com capacidade para armazenar 105 kWh (não é revelada a capacidade útil).

Ela pode ser carregada em corrente contínua até um máximo de 150 kW (dos 20 aos 80% em 29 minutos) ou em corrente alterna a 22 kW. Ao contrário do sistema montado no GranTurismo Folgore, o sistema elétrico do Grecale funciona não a 800 Volts, mas a metade (400 Volts), uma diferença que não se compreende e que se reflete na potência máxima de carga (150 kW contra os 270 kW no GranTurismo) e consequentemente na velocidade de carregamento.

Preocupação com a eficiência

Ao selecionar o modo “Max Range” para conseguirmos o máximo de autonomia, o carro ativa os seus sistemas de poupança de energia.

Este é um modo que a Maserati recomenda usar sempre que a bateria desce abaixo dos 20% de capacidade e não há nenhum ponto de carga por perto.

Ele limita a velocidade máxima a 130 km/h, reduz a resposta do pedal do acelerador e ao mesmo tempo reduz a potência do sistema de climatização cujos comandos digitais proporcionam um funcionamento rápido e intuitivo.

A gestão de energia é levada a um extremo de eficiência que tem em conta a cada instante a temperatura da bateria que aparece referenciada na aplicação que nos permite programar a carga da bateria, um dado que é particularmente importante quanto maior for a potência utilizada.

A colocação da bateria sob a carroçaria para além de contribuir para uma posição do centro de gravidade mais baixa com o que isso representa para um comportamento dinâmico mais eficiente ajuda a uma distribuição do peso pelos dois eixos mais equilibrada e uma silhueta compacta onde sobressaem elementos como as jantes especiais de 21 polegadas a grelha típica da Maserati que nesta versão elétrica apresenta um desenho mais fechado e o para-choques frontal com um desenho inspirado no do Trofeo.

A conceção da carroçaria teve em conta uma diminuição da resistência ao vento e a otimização do coeficiente aerodinâmico (Cx) para qual contribui igualmente o desenho do difusor traseiro.

Interior envolvente

No interior o destaque vai para a qualidade dos acabamentos, alguns deles em carbono, para os bancos desportivos elétricos ventilados e aquecidos e para a tecnologia digital com a particularidade das diferentes interfaces se adaptarem ergonomicamente ao condutor.

O quadro de instrumentos digital de 12,3 polegadas sobressai pela sua funcionalidade com diferentes possibilidades de configuração, oferecendo também gráficos especialmente atrativos.

O head-up display também é configurável projetando a informação mais relevantes no para-brisas como a velocidade ou as indicações do sistema de navegação.

Tudo isto constitui um conjunto de emoções das quais destacamos o comportamento dinâmico de um carro elétrico que desafia os concorrentes com motores de combustão com potências similares.

Acresce uma autonomia que não sendo muito grande face à capacidade da bateria é fiável.

O preço de 116 793 euros não só corresponde às expetativas na relação sempre questionável preço/equipamento como está em linha com os concorrente.

Preço 116 793 € 

MOTOR 2 elétricos (síncrono e assíncrono)

POTÊNCIA 557 cv (410 KW)

BINÁRIO 820 Nm

TRANSMISSÃO Auto 1 vel.

COMP./LARG./ALT. 4,86/1,94/1,65 M

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 2,90 M

BAGAGEIRA 535 L

ACEL. 0-100 KM/H 4,1 S

VEL. MAX. 220 KM/H

CONSUMO WLTP 21,8 (24,7 *) KWH/100 KM

CAPACIDADE DA BATERIA 105 kWH

AUTONOMIA 532 (487*) KM

* Medições Turbo