Marchionne em estado crítico força FCA a escolher novo líder

Após complicações sofridas no pós-operatório a uma intervenção cirúrgica ao CEO Sergio Marchionne, a cúpula de decisão do Grupo FCA reuniu-se e decidiu a sua substituição imediata por Mike Manley, que até esta altura comandava a Jeep Apesar de ser esperada a sua substituição em 2019, Sergio Marchionne foi forçado a abandonar a liderança da Fiat-Chrysler Automobiles mais cedo depois de complicações o terem colocado nos cuidados intensivos de um centro hospitalar. A situação desenvolveu-se com grande rapidez e teve início depois de ter sido anunciada uma operação ao ombro do famoso Diretor-Executivo italiano, que no pós operatório sofreu complicações e estará em estado muito grave. Isso mesmo se depreende da informação tornada pública por uma porta-voz da FCA, que confirmou que a atual condição de Marchionne poderá ser irreversível.   Por este motivo, os líderes do grupo italo-americano reuniram-se de urgência no sábado e decidiram-se pela nomeação imediata de Mike Manley como o novo CEO. Este inglês de 54 anos estava de momento na liderança de Jeep, sendo considerado o grande responsável pelo imenso crescimento da histórica marca americana, que já quadriplicou as suas vendas desde o início da década e é de momento considerada o maior ativo do grupo FCA. Manley entrou para a Chrysler no ano 2000 (altura em que ela pertencia à Daimler) e posteriormente transitou para a Jeep quando foi confirmada a aquisição dos americanos por parte da Fiat em 2009. Uma das curiosidades relativamente a Manley é o facto de partilhar o estilo mais casual de Sergio Marchionne, em detrimento da imagem austera do CEO da fato e gravata.   Neste momento é necessário recordar também os muitos feitos de Sergio Marchionne, considerado por muitos como um verdadeiro milagreiro pela forma como conseguiu recuperar a Fiat e a Chrysler, dos dois maiores fabricantes mundiais, da bancarrota. Considerado um trabalhador incansável, pedia o mesmo nível de dedicação aos seus subordinados, e existem mesmo funcionários que afirmam ter recebido emails a meio da noite aos quais era exigida uma resposta imediata. Também era capaz de tomar decisões difíceis, como os fortes cortes nas despesas do grupo demonstram, e pelas tiradas famosas que por vezes oferecia ao público. Uma das que ficaram para a história foi quando pediu aos clientes americanos para não comprarem o Fiat 500e, pois cada carro vendido significava um forte prejuízo para a marca. Uma das maiores polémicas foi quando decidiu o spin-off da Ferrari, que ganhou independência do resto do grupo, num momento que ficou marcado pela saída de Luca di Montezemolo da liderança do Cavallino Rampante. A sua última aparição em público tinha sido a 26 de junho, quando este filho de um carabinieri surgiu já mostrando já algumas debilidades, como dificuldades para respirar, quando foram entregues os novos Jeep Wrangler à polícia italiana.   Os últimos anos não foram fáceis, com um plano estratégico para a Alfa Romeo que não deu, ainda, os resultados pretendidos. Ao que se juntaram diversas abordagens para fusões e parcerias com outros fabricantes que foram sempre recusadas. No entanto, Marchionne conseguiu sempre dar a volta por cima e fez isso mais uma vez no início de junho, quando apresentou o novo plano estratégico para o Grupo. Mostrando pragmatismo, colocou em segundo plano marcas de volume como a Fiat e a Chrysler para apostar em outros emblemas com maior potencial de lucro por unidade vendida, como a Alfa Romeo e a Maserati. Além disso, deu finalmente o impulso para a eletrificação do grupo, uma exigência para cumprir os limites de emissões que serão a breve prazo muito mais restritivos na Europa e China. Mas o grande trunfo deste plano é sem dúvida a Jeep, aproveitando o apetite crescente do mercado pelos SUV, algo que também dá mais força à escolha agora anunciada de Mike Manley para seu sucessor.   Fontes: FCA e Automotive News Europe