O estudo mais recente da consultora J.D. Power chegou à conclusão que as marcas premium se encontram entre as menos fiáveis. Surpreendentemente, e pela negativa, destacam-se a Volvo, a Volkswagen, a Audi, Mazda e Land Rover. E pela positiva a…Alfa Romeo.
Os veículos novos, designadamente das gamas mais altas, contam com sistemas tecnológicos cada vez mais sofisticados, que, por vezes, dão problemas e obrigam os proprietários a deslocações inesperadas às oficinas e a pagar contas de reparação elevadas se as viaturas já não tiverem em garantia.
Não será por acaso que os estudos de fiabilidade têm vindo a penalizar as marcas premium, como reflexo da crescente complexidade tecnológica introduzida nas suas viaturas. Por vezes basta um problema num qualquer sensor para surgir um conflito complicado e que pode demorar algum tempo a descobrir a origem, mesmo com os mais avançados sistemas de diagnóstico.
A J.D. Power elabora alguns dos índices de fiabilidade mais exaustivos e rigorosos. O mais recente é o Relatório de Qualidade Inicial dos Estados Unidos de 2023, que resultou de inquéritos realizados, entre janeiro e maio de 2023, a 93.380 clientes que adquiriram um automóvel novo nos últimos meses. Com base nos resultados apurados foi possível quantificar e identificar os problemas que surgiram nos automóveis nos primeiros 90 dias após a compra.
Índice PP100
A J.D. Power também realiza outros estudos como o Vehicle Dependability Study (VDS) que analisa os problemas nos primeiros três anos. A consultora sublinha que existe uma relação direta entre os problemas ocorridos nos primeiros três anos e aqueles que surgem durante a vida útil do carro, isto é, após vários anos.
Após a recolha da informação, a J.D. Power elabora o índice PP100, que reflete a média de problemas sofridos nesses primeiros 90 dias por cada 100 veículos de proprietários entrevistados.
A partir deste índice é obtida uma classificação inversamente proporcional à fiabilidade. Assim, uma marca com um índice PP100 baixo será mais fiável do que uma marca com um índice PP100 elevado e que, portanto, deu mais problemas aos seus clientes.
Experiência do utilizador
Nem todos os problemas identificados neste estudo estão relacionadas com avarias mecânicas, já que estas normalmente até são as menos habituais nos primeiros 90 dias. Muitos deles podem ter origem nos sistemas de infoentretenimento (o ecrã tátil desligar-se, por exemplo), de conectividade - Bluetooth, Android Auto, Apple CarPlay ou ligações USB - e os sistemas táteis.
Com o aumento dos sistemas embarcados e o avanço tecnológico dos carros, as ajudas e assistências à condução e os sistemas eletrificados, também aqui começaram a surgir os problemas mais habituais que afetam negativamente a experiência do utilizador.
Será de sublinhar que este estudo foi realizado nos Estados Unidos, sendo analisadas marcas e modelos que não são comercializados na Europa. Por outro lado, como a indústria é cada vez mais global, o índice de muitas marcas e modelos pode ser transposto para o mercado europeu. Na verdade, os resultados de diferentes estudos, efetuados por empresas diferentes, coincidem muitas vezes.
Problemas mais comuns
Para os condutores, os sistemas de assistência e de segurança são aqueles que apresentam mais problemas. Mas não só porque o sistemas de abertura de portas, cada vez mais sofisticados e sem puxadores, também estão a dar muitas dores de cabeça.
LEIA TAMBÉM
Estudo. Proprietários de SUV fazem mais quilómetros por ano
Muitos consumidores também se queixam dos sistemas de carregamento dos telemóveis por indução.
A própria média da indústria do estudo também piorou nos últimos anos e em 2023 chegou mesmo a um índice PP100 de 192.
Menos e mais fiáveis
De acordo com o estudo da J.D. Power, a marca menos fiável entre as que se comercializam na Europa é a Volvo, com um índice de 250, seguindo-se a Volkswagen com 249, a Audi com 221, a Mazda e a Land Rover, ambas com 203.
Os maus resultados não se devem a avarias mecânicas, mas assim aos problemas irritantes encontrados pelos condutores relacionados com as tecnologias que são cada vez mais complexas e sofisticadas, que equipam os carros modernos. Quanto mais tecnologia, maior a probabilidade de haver problemas e, como consequência, as marcas premium são as penalizadas.
Por outro lado, na lista das marcas que mais se evidenciaram por apresentarem menos problemas encontramos a Alfa Romeo, com um índice de 143, e que também foi uma das que mais melhorou no último ano. No segundo lugar surge a Porsche, com 167, e na terceira posição, a Kia, com 170, que é a primeira generalista. A lista das cinco primeiras encerra com a Lexus, com 171, e a Mini, com 179.