Lotus admite adiar Elise elétrico devido à atual tecnologia

Prestes a tornar uma marca 100% elétrica, a Lotus descobre agora que a atual tecnologia de baterias belisca o Lotus feeling!

Anunciada a decisão de transformar-se numa marca exclusivamente elétrica, a outrora britânica Lotus depara-se, agora, com uma inesperada dificuldade: a tecnologia de baterias ainda não evoluiu o suficiente de forma a garantir a manutenção da personalidade Lotus!…

Numa altura em que já estreou o primeiro SUV desportivo da sua história, o 100% elétrico Eletre, seguido da sua berlina (elétrica) mais rápida de sempre, o Emeya, a Lotus Cars acaba de deparar-se, numa altura em que trabalha no segundo modelo desta nova fase… chinesa (foi comprada, em 2017, pela Geely) da sua história, com um inesperado obstáculo.

Depois de um percurso várias décadas a afirmar um ADN marcadamente desportivo e sem concessões, em que o peso reduzido, a par de um chassis fortemente competente, eram argumentos intocáveis em qualquer carro da marca, a transição sem limites ou condicionalismos para a mobilidade 100% elétrica veio colocar novos desafios àquela que era a personalidade tradicional de qualquer Lotus. A começar, pela necessidade de integração de packs de baterias extremamente pesados, que acabam afectando, de forma quase irreparável, a leveza, agilidade e irrequietude que constituíam marcas indeléveis de qualquer proposta da marca britânica.

Modelo incontornável na história da Lotus, o Elise desapareceu sem deixar sucessor. Inclusive, elétrico...
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Já a trabalhar naquele que será o seu próximo modelo elétrico, conhecido até aqui como Type 135, eis que a Lotus chega, agora, à conclusão de que a atual tecnologia de baterias não permite conceber um desportivo que, com uma abordagem semelhante à do Elise, deverá ser capaz de, por exemplo, fazer esquecer o Emira a gasolina.

Previsto para 2027, com um preço estimado de 75.000 libras (perto de 89 mil euros), o Type 135 poderá, assim, ter de ser adiado para lá da data de lançamento prevista, ou, pelo menos, até ao momento em que a tecnologia não prejudique aquilo que é a ideia dos responsáveis da Lotus, para este desportivo.

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A hipótese foi, de resto, já admitida pelo responsável pelo Design do Lotus Group, Ben Payne, que, em declarações à britânica Autocar, assumiu que, embora o lançamento de um desportivo elétrico de dois lugares continue a ser um marco importante para o fabricante - sendo que, neste projecto em concreto, a referência favorita é "o Elise" -, as restrições impostas pelo hardware atualmente existente, não permitem ao fabricante manter-se fiel aos princípios definidos para o carro em questão.

"A tecnologia atual não permite recriar o produto que desejamos, de uma forma convincente", defendeu Payne, apontando o dedo às silhuetas mais altas e ao peso mais elevado dos veículos elétricos atuais, devido, também, à necessidade de acomodar baterias.

A importância da E-Sports e das baterias de estado sólido

"O arquétipo atual de veículo elétrico passa por um automóvel maior e mais alto, de forma a conseguir acomodar, de forma mais fácil e simples, todos os elementos técnicos necessários a uma proposta com tais dimensões", afirma o designer, para quem torna-se difícil produzir, com este hardware, um desportivo capaz de imitar as características do Elise original. E, isto, mesmo com uma nova arquitectura, mais leve, que a Lotus prometeu desenvolver para os seus futuros desportivos elétricos, e cuja primeira aplicação deverá acontecer, precisamente, no Type 135.

O Emira terá sido o último Lotus a combustão. Ou, pelo menos, até ver...
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Aliás e ainda sobre esta nova arquitectura, a que o fabricante deu o nome de 'E-Sports', a principal novidade reside numa estrutura traseira definida como 37% mais leve que a do Emira a gasolina e que foi concebida para poder acomodar as baterias em altura, no centro do chassis.

Com esta solução, o Type 135 poderá não só apresentar uma distância ao solo tão curta quanto a do Elise, como e graças à centralização do peso, uma dinâmica muito próxima da ideal.

Quanto à possibilidade da tecnologia de baterias de estado sólido poder vir a ajudar à concretização do objectivo, Payne reconheceu que poderá facilitar, já que, "a diminuição do volume e também da massa, poderá permitir o regresso aos valores iniciais". Até porque, defendeu, "ser capaz de reduzir tudo ao mínimo, encolhendo o carro, é um princípio central na filosofia delineada pelo fundador da Lotus, Colin Chapman".