Leapmotor T03 e C10. Duas propostas inteligentes

As marcas chinesas continuam a surpreender os europeus. A mobilidade elétrica fez emergir uma capacidade que poucos julgavam possível à meia dúzia de anos atrás. Não admira que as marcas europeias estejam preocupadas.

Se há uns anos eram os chineses que aprendiam com as grandes marcas do velho continente, hoje a situação inverteu-se.

Uma das mais valias das marcas chinesas é a velocidade com que elas reagem aos estímulos do mercado.

A Leapmotor é uma das mais recentes marcas chinesas na Europa. Uma estreia que resulta da joint-venture entre o grupo Stellantis e a marca chinesa onde o grupo europeu detém 51% do capital.

Poucos saberão, mas a Leapmotor é uma das empresas chinesas líderes no domínio da tecnologia com destaque para as novas formas de energia onde recorre a um modelo de integração vertical e a uma vasta gama de competências internas.

Uma estratégia que está bem presente nos dois modelos escolhidos para a sua estreia europeia onde o pequeno T03 do segmento A e o C10 um SUV do segmento D que fazem parte de um plano pensado com inteligência.

Para a Stellantis esta é uma aposta ambiciosa, que passa também pala participação do grupo francês no capital da Leapmotor na China onde já detém uma quota de 21%, não estando afastada a hipótese deste dois carros virem a ser fabricados na Europa como forma de otimizar a produção nas fábricas europeias.   

Ideal para a cidade

O T03 é uma escolha inteligente para andar na cidade.

Compacto ele tem uma autonomia de 265 km (WLTP) e um espaço interior de um modelo do segmento B.

Equipado com um motor elétrico síncrono de imans permanentes totalmente desenvolvido pela Leapmotor, o fornecimento de energia elétrica esta a cargo de uma bateria de 37,3 kWh. Uma capacidade que na cidade consegue estender a autonomia até aos 395 Km, graças a um poder regenerativo que nos surpreendeu aquando do contacto que tivemos na sua apresentação europeia nos arredores de Milão.

Parte desse desempenho deve-se à gestão inteligente da bateria que utiliza tecnologia baseada na cloud de forma a monitorizar o estado da bateria em tempo real de forma a garantir que esta trabalha à temperatura ideal.

A potência de 95 cv e um binário de 158 Nm tornam a utilização deste pequeno carro elétrico agradável graças à possibilidade de eleger três modos de condução desde o modo Eco que otimiza a regeneração de forma a maximizar a eficiência energética até ao modo Sport, passando pelo modo Standard.

Com um carregador a bordo de 6,6 kW é possível carregar a bateria em cerca de 3,5 horas enquanto num posto em corrente contínua é possível fazer o mesmo carregamento em apenas 36 minutos.

Munido de inúmeros sistemas de segurança este modelo apresenta um nível de qualidade que nos surpreendeu positivamente e que se reflete em múltiplos aspetos nomeadamente no comportamento dinâmico.

Previsto para chegar a Portugal no próximo mês de janeiro o preço indicativo não andará muito longe dos 20 mil euros, um valor em linha com o Dacia Spring e mais baixo que o Citroën e-C3 que será apresentado um pouco mais cedo.

Uma escolha familiar

Para além do pequeno T03, o C10 é outro modelo da Leapmotor que vai chegar em janeiro.

Trata-se de um SUV do segmento D de grandes dimensões, com amplo espaço interior, sólido e robusto.

Para se afirmar num dos segmentos mais concorridos na Europa e em Portugal o preço da versão mais barata não andará muito longe dos 36 mil euros um pouco menos do que 2 mil euros da versão mais cara e excecionalmente bem equipada.

Visualmente agradável é notório o elevado nível de qualidade real e percecionada ao mesmo tempo que foi dada uma especial atenção aos pormenores como os fechos das portas escamoteáveis de forma a melhorar a aerodinâmica ou a escova do limpa para-brisas traseiro escamoteada sob o spoiler ou ainda as elegantes luzes traseiras LED que conferem ao C10 um aspeto vanguardista.

O mesmo cuidado foi posto no interior com pormenores como os cinco botões de volante que permitem um controlo rápido e intuitivo das funções mais utilizadas durante a condução ou do painel de instrumentos de 10,25 polegadas que juntamente com o ecrã central de 14,6 polegadas atribuem ao interior um ambiente tecnológico.

Espaçoso à frente e atrás o habitáculo do C10 oferece também algumas funcionalidades e muitos espaços de arrumação.

Para tornar o a experiência a bordo mais envolvente o C10 está equipado com uma inovadora iluminação ambiente e com um teto panorâmico.

C10 desafia concorrentes

Dinamicamente o C10 beneficia das capacidades do motor elétrico capaz de chegar aos 218 cv muito depressa graças ao binário de 320 Nm e também do modo de condução utilizado já que estes alteram essas caraterísticas nomeadamente o modo de condução mais económico.

Grande parte do bom comportamento deve-se à tecnologia Cell-to-Chassis que integra a disposição da bateria na estrutura do veículo fazendo aumentar a rigidez torsional do chassis ao mesmo tempo que baixa a posição do centro de gravidade. Ingredientes que se revelaram importantes para a boa impressão que tivemos neste primeiro contacto e sem que isso pusesse em causa a eficiência energética.

Num trajeto que envolveu auto-estrada e zonas montanhosas ao redor do Lago Magiori o consumo médio rondou os 15,4 kWh/100 km, valor que não andou muito do anunciado, tornando possível os 420 km de autonomia de uma bateria com capacidade para armazenar 69,9 kWh de energia elétrica. Só é pena que o carregador interno de 6,6 kW não permita uma carga mais rápida dos que as 6,1 horas em AC.

Em corrente continua a mesma carga demora apenas 30 minutos.