A cumprir 50 anos de existência, o Honda Civic acaba de dar a conhecer a sua 11.ª geração e que é também aquela cujo cunho europeu é mais forte. A começar pela nova e única motorização com que o modelo chegará, também a Portugal, no último trimestre de 2022. Preços? Só lá mais para a frente.
Depois de ter começado por desvendar a versão norte-americana, a Honda apresenta agora a nova geração, para a Europa, do seu incontornável Civic. A qual é, também, uma das gerações em que a preocupação com a atual realidade do Velho Continente, mais se nota - não apenas em termos de design, como também e principalmente, na vertente técnica, motor incluído.
De resto e numa altura em que a marca nipónica tem em marcha um novo plano estratégico, o qual visa não só alcançar da neutralidade carbónica até 2050, como também as zero mortes em veículos Honda, na mesma data, este novo Civic assume-se como mais um passo, no alcançar dessas metas. No caso das emissões, fazendo da eletrificação a solução a seguir, com a marca nipónica a apontar 2030 como o ano em que os veículos elétricos (EVs) deverão representar já 40% das suas vendas.
Apenas cinco anos depois, o objectivo é que os EVs sejam qualquer coisa como 80% do volume total de vendas, enquanto, em 2040, este tipo de propostas deverá representar 100% das vendas da marca japonesa.
Entretanto e entre as várias medidas que a Honda prevê aplicar, com vista à obtenção destes resultados, iniciativas como a recentemente celebrada com o gigante da tecnologia Sony. E que, neste caso, passa por constituir uma terceira empresa, no âmbito da qual serão desenvolvidos em conjunto não apenas uma ampla oferta em termos de EVs, como também vários serviços de mobilidade.
Maior e com melhor habitabilidade
De regresso ao novo Civic, uma evolução traduzida num automóvel que, embora mantendo a mesma plataforma, surge agora numa só configuração, de base hatchback, mas com um certo perfil de coupé. Além de mais comprido (+31 mm/4,551 m de comprimento total), com maior distância entre eixos (+35 mm/2,734 m), mais largo (+2 mm/1,802 m), e mais baixo (-27 mm/1,408 m).
Ganhos que, diga-se, acabam tendo repercussão no habitáculo, com esta nova geração a prometer, desde logo, mais espaço (+21 mm/1,586 m) em largura, nomeadamente, no banco traseiro. Onde, acrescente-se, apenas o espaço em altura nos pareceu mais limitado, fruto de uma efectiva redução em altura de 50 mm. A mesma distância, de resto, que os pilares A, mais finos, recuaram face ao início do carro, proporcionando, dessa forma, um alongar do capot…
Igual, mantém-se a capacidade da bagageira, que, por razões técnicas, que têm a ver com a arrumação das baterias por baixo do banco e sob o piso da mala (onde também está o depósito de gasolina para 40 litros), continua a anunciar os mesmos 410 litros. Isto, no caso da versão Sport, que não dispõe do sistema de som BOSE, ao contrário do que acontece no topo de gama Advance. E que, devido à presença de um subwoofer, acaba reduzindo - ainda mais - o espaço existente para apenas 404 litros… com acesso um pouco mais alto e chapeleira extensível em largura.
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De regresso ao habitáculo e já nos lugares da frente, a percepção de um acesso particularmente baixo e que poderá tornar-se um pouco mais complicado para condutores - digamos assim… - mais maduros, embora com a garantia de que, à sua espera, terão uma correcta posição de condução, em que tanto o volante, como o banco (redesenhado), oferecem ampla regulação, assim com fácil acesso à generalidade dos comandos e ecrãs que compõem aquele que é um ambiente totalmente renovado. E a revelar uma solidez que nos pareceu mais convincente, que, propriamente, a qualidade de alguns plásticos.
Ainda assim, mais inesperado foi o conservadorismo revelado, em termos de design, por uma geração que não deixa de ser totalmente nova, e que acaba recorrendo a soluções que, embora inquestionavelmente funcionais, não deixam de parecer já algo… ultrapassadas. É o caso de um tablier cujo frontal exibe uma espécie de rede tipo favo de mel em plástico rijo, a esconder um novo sistema de saída de ar, cujo direccionamento é feito através de hastes salientes; tão salientes que quase convidam a pendurar nelas um qualquer elemento decorativo ou aromatizador.
Pelo contrário e a procurar trazer o Civic para o presente, a presença de tecnologias hoje em dia pouco menos que obrigatórias, como é o caso do novo painel de instrumentos, cujas dimensões (7 ou 10,2") variam consoante a versão escolhida (Sport ou Avance), o mesmo acontecendo com o nível de digitalização: parcial, no caso do Sport, e total, no Advance. Com as diferenças a surgirem, por exemplo, na forma como é mostrada a acção do sistema elétrico e do sistema de regeneração.
Também presente, um ecrã central de 9" aplicado na parte superior do tablier, e que, além de manter alguns botões físicos, exibe, também um layout mais conservador. Ainda que atenuado por soluções como o novo sistema de navegação, com imagens em 3D.
E já que falamos de equipamentos, destaque, igualmente, para a evolução realizada em termos de tecnologias de segurança e ajuda à condução, com o conhecido pacote Honda Sensing, encarado como elemento primordial no alcançar do objectivo zero mortes, a estrear novos sensores de sonar à frente e atrás, enquanto parte do sistema de verificação de obstáculos em redor do carro, o qual inclui ainda uma câmara frontal e, principalmente, uma capacidade de detectar mais rapidamente e de forma mais precisa, qualquer objecto ou peões.
Estreia total neste modelo, é a presença do Adaptive Driving Beam, sistema capaz de variar a intensidade da luz dianteira de forma a não encandear, quer os outros condutores, quer os peões, o mesmo acontecendo com o Traffic Jam Assist, sistema que consegue ajudar a manter o veículo na faixa, tanto em situações de trânsito mais congestionado, como a partir do arranque.
Uma só motorização
Passando às motorizações, a novidade que se traduz na disponibilização, na Europa, de uma única motorização, eletrificada, que vem substituir todas aquelas que eram, na geração ainda em comercialização, as opções mais tradicionais, tanto a gasolina, como Diesel. Com a Honda a justificar esta troca com argumentos, não apenas de uma maior eficiência e menores emissões de CO2, por parte do novo propulsor, como também de um aumento na potência e binário. Este último, a surgir, igualmente, mais cedo.
Entrando nos aspectos mais técnicos, a presença de um novo quatro cilindros 2.0 litros a gasolina a funcionar no ciclo Atkinson e com sistema de injecção directa melhorado, além de com uma taxa de compressão mais alta, a prometer, por si só, uma potência de 105 kW e 186 Nm de binário. Isto, ao mesmo tempo reivindica, face ao antecessor, um aumento na eficiência de 41%.
A apoiar o bloco térmico na tracção, um motor elétrico que ajuda a garantir uma potência máxima combinada de 184 cv (135 kW) e um binário combinado de 315 Nm, este último proposto praticamente desde o arranque, com um consumo médio em trajecto combinado de apenas 4,7 l/100 km e emissões de CO2 de 108 g/km. Mas também uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em 7,8s, a par de uma velocidade máxima anunciada de 180 km/h.
Ainda como parte integrante deste novo sistema de propulsão híbrido a que a Honda dá o nome de e:HEV, uma bateria de iões de lítio, com um total de 72 células, que, embora mais mais pequena e leve, regista um aumento de 46% na densidade energética, além da novidade que é a (pretensa) caixa de velocidades CVT (designada, precisamente, de e-CVT), mas que e ao contrário do que o nome deixa antever, é, na verdade, um motor gerador, a fazer notar a sua acção directamente nas rodas dianteiras.
Quanto à gestão de todo o conjunto, é entregue a uma unidade de controlo de potência (PCU - Power Control Unit) também ela nova e com uma densidade, em termos de potência, melhorada em 12%, ainda que, em termos de peso, a registar uma redução de 37%. Com o condutor a dispor, igualmente, de um sistema de quatro modos de condução - Normal, Eco, Sport e o configurável Individual -, além do novo 'Winding Road Detection System', capaz de detectar sempre que entramos em estradas mais sinuosas, tornando, nessas alturas e de forma automática, a resposta do sistema propulsor mais enérgica, ao mesmo tempo que procura transmitir uma sensação maior de desportividade - não em conjugação com quaisquer alterações ao nível da suspensão, mas mais na forma como reage, tanto o trem de força, como o ponteiro da aceleração.
Finalmente e a juntar a todas estas evoluções, melhorias igualmente na plataforma, a qual regista um aumento da rigidez torcional face ao modelo atual de 22%, assim como uma redução efectiva no peso de 20%, neste último caso, graças, em grande parte, à adopção de soluções como o novo capot em alumínio (-43% de peso) ou a tampa da bagageira fabricada em resina (-20%).
Em estrada…
Igualmente importante, o trabalho feito pelos engenheiros da Honda em domínios como o das suspensões, neste caso, visando uma redução da fricção (-28%), assim como ao nível da direcção, que a marca procurou tornar mais pesada e precisa, dois aspectos que acabámos confirmando nos momentos de condução realizados por estradas nacionais e alguma auto-estrada, em redor da capital espanhola, Madrid, e em que o Civic se revelou uma proposta de condução fácil e agradável, marcada igualmente pelo equilíbrio entre conforto e eficácia.
De resto, foi já por estradas secundárias que também constatámos o bom desempenho do sistema de propulsão a procurar garantir uma maior intervenção da componente elétrica na propulsão, não apenas como forma de manter controlados dos consumos (em dois trajectos com mais 100 km, conseguimos consumos entre os 4,7 e os 5,3 l/100 km… e sem cuidados de maior!), mas também a procurar garantir o extra-boost que, um pressionar mais forte do acelerar, invariavelmente traz. Aqui, acompanhado pelas vantagens resultados do 'Agile Handling Assist' (AHA), aqui especialmente configurado para aquilo que é o tipo de estradas europeias e, dessa forma, a garantir maior suavidade e precisão no tacto, além de segurança.
Aliás e já por estradas não tão sinuosas, mas com algumas boas rectas, o prazer acrescido resultante de um sistema e:HEV que, com o modo Sport accionado, consegue, inclusivamente e numa aceleração acima dos 50%, transmitir a característica sonoridade das passagens de caixa, isto num automóvel sem caixa de velocidades tradicional. Com o avançar mais rápido a ser assegurado também através da opção pelo modo Hybrid Drive, fazendo-se notar não apenas no condutor, como também no painel de instrumentos, onde as mais rápidas subidas de regime encontram repercussão nos movimentos também mais rápidos do ponteiro de disponibilização da potência. Contribuindo, dessa forma, para uma sensação de velocidade e envolvência na condução, maiores, até, do que aquilo que o conjunto efectivamente oferece…
Finalmente, uma palavra para o convincente desempenho do sistema de recuperação de energia, rápido na forma como repõe energia nas baterias, através quer da travagem, quer da aceleração, com a intensidade a poder ser regulada através das patilhas no volante.
Em Portugal no último trimestre
Apresentado agora à Europa, o novo Honda Civic só deverá, no entanto, chegar a Portugal lá mais para o final do ano e, mais concretamente, durante o terceiro trimestre de 2022.
Garantido, fica, contudo e desde, que esta nova geração chegará ao mercado nacional em duas versões, Sport e Advance, ainda que a registarem poucas diferenças entre si. Segundo nos revelaram os responsáveis do importador nacional, pouco mais do que as jantes, cujo acabamento varia entre o Preto e o Preto Mate; o painel de instrumentos, diferente no tamanho e no nível de digitalização; e os bancos, que enquanto no Sport são em tecido, com as laterais em pele, no topo de gama Advance, são totalmente em pele.
Finalmente e no que diz respeito a preços, ainda nada foi anunciado, até porque a Honda Portugal pretende fazer uma apresentação, em território nacional, deste novo e importante modelo.