Já em comercialização na Europa. HiPhi em risco de fechar portas

Numa altura em que procurava afirmar-se na Europa, a chinesa HiPhi vê o futuro em causa, devido a possível falência do Human Horizons Group

Numa altura em que procurava afirmar-se na Europa, disputando mercado com rivais como a Tesla ou a Mercedes, o fabricante chinês de carros elétricos de luxo HiPhi vê agora o seu futuro em causa, devido a uma possível falência do proprietário, o também chinês Human Horizons Group.

Os alarmes dispararam no passado dia 9 de agosto, data em que foi tornado público um documento do Tribunal Popular de Yancheng, cidade no leste da China onde também se encontra a única fábrica da HiPhi, informando que o Human Horizons Group, tecnológica sediada em Xangai, havia dado entrada com um pedido de reestruturação pré-falência.

Na sua petição, a também proprietária da marca automóvel HiPhi assumia que os activos que possui deixarão de conseguir cobrir as dívidas assumidas, já a partir do próximo mês de abril. Não restando, por isso, outra solução, senão recorrer à Justiça com um pedido de reestruturação, que permita evitar o fecho de portas.

Linha de montagem do HiPhi Z
Linha de montagem do HiPhi Z

Segundo a Automotive News Europe, que entretanto difundiu a notícia, o tribunal responsável pelo processo terá já decidido que o Human Horizons Group reúne as condições para uma reestruturação. Razão pela qual nomeou já um administrador judicial, a quem caberá supervisionar, durante os próximos seis meses, com possibilidade de prorrogação por mais três meses, todo o processo que poderá conduzir a uma recuperação da tecnológica.

Um percurso breve

Sobre a HiPhi, vale a pena recordar que foi fundada em 2019, com o propósito declarado de internacionalização, nomeadamente, para os mercados da Europa. Situação que se tornou uma realidade em 2023, com o início da comercialização, na Alemanha e Noruega, do SUV X e da berlina Z GT.

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Contudo e após um ano de 2023 de fracas vendas, durante o qual entregou menos de 8.000 veículos, não conseguindo, sequer, pagar a fornecedores, a HiPhi viu-se obrigada a, em fevereiro de 2024, interromper a produção na fábrica de Yancheng.

Com a casa-mãe Human Horizons a necessitar de um forte encaixe financeiro, os seus responsáveis recorreram, então, ao mercado interno chinês, à procura de um parceiro disposto a investir na tecnológica. Sendo que, em maio último, os media chineses davam conta da disponibilidade do também chinês iAuto Group para investir mil milhões de dólares (pouco mais de 900 milhões de euros, à cotação atual) na empresa de Xangai, de forma a que esta pudesse reconstruir a sua equipa e retomar a produção.

O SUV HiPhi X
O SUV HiPhi X

No entanto e segundo afirmam as mesmas fontes, a concretização do negócio terá ficado congelada, a partir do momento em que a tecnológica decidiu avançar para a justiça, com um pedido de reestruturação pré-falência.

Dificuldades acumulam-se

Recordar, ainda, que a Human Horizons é apenas o último de uma série de fabricantes automóveis chineses que não conseguiram resistir às flutuações de um mercado interno que, embora gigante, vive uma forte retracção na procura de veículos elétricos, devido não só a uma agressiva de guerra de preços, como também ao fim dos apoios estatais à compra deste tipo de automóveis. 

Dificuldades que, diga-se e especialmente no caso dos construtores automóveis de média e pequena dimensões, como é o caso, por exemplo, da WM Motors Holdings Ltd. ou até mesmo do "braço automóvel" do gigante imobiliário China Evergrande Group, poderão mesmo levar ao encerramento de portas.

O superdesportivo A era o projecto que se seguiria, na HiPhi
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