Mercado: híbridos foram a "descoberta" da Europa em 2024

Embora muito longe dos tempos pré-pandemia, o mercado automóvel da Europa a 28 terminou 2024 com um ligeiro crescimento, graças não só aos SUV, como também a uma nova “descoberta”: os híbridos. Opção que não só eclipsou o Elétrico, como ajudou a abrir as portas às marcas chinesas.

As conclusões são da JATO Dynamics, empresa especializada na recolha de dados relativos ao sector automóvel, que, numa análise ao ano que passou (2024) em 25 países da União Europeia (Portugal incluído), mais o Reino Unido, a Noruega e a Suíça, destaca, desde logo, o fraco crescimento do mercado automóvel europeu, face a 2023 - apenas 0.9%, tendo terminado com um total de 12.909.741 automóveis novos registados.

Embora não deixando de ser uma subida, a verdade é que os números continuam ainda muito distantes de garantirem uma recuperação, leve que seja, em direção aos 2,9 milhões de carros desaparecidos dos registos, desde a chegada da pandemia de COVID-19, em 2022.

Igualmente entre os dados recolhidos, nota para o facto dos SUV serem, cada vez mais, a carroçaria favorita dos europeus, tendo representado, em 2024, 54% da totalidade dos novos carros registados. Um crescimento de 4% face a 2023, para as 6,92 milhões de unidades, com os modelos do segmento C (42%), com destaque particular para os Volkswagen T-Roc e Tiguan, a liderarem as escolhas, logo seguidos dos B-SUV (36%). Embora e nesta corrida muito particular, tenham sido os SUV de luxo que mais cresceram (13%), com um total de 56.300 unidades.

Elétricos caem… e híbridos sobem

Não menos representativo daquilo que foi, em 2024, o mercado automóvel europeu, foi a queda, pela primeira vez desde 2019, na procura por veículos 100% elétricos (BEV), com o registo a ficar 1,2% abaixo do conseguido em 2023.

Depois dos crescimentos de 2019/2020 (+107%), 2020/2021 (+63%), 2021/2022 (+29%) e 2022/2023 (+28%), o interesse dos consumidores europeus nos BEV parece continuar a cair, tendo representado, no ano transacto, 15,4% do mercado, contra os 15,7% de 2023. Número que e apenas como curiosidade, o mercado português suplantou, ao terminar com uma quota de BEV de 20%, ou seja, a melhor entre os países do Sul da Europa… e a mesma do Reino Unido.

Já numa análise por construtor automóvel, o Grupo Volkswagen voltou a ser o principal responsável pela venda de BEV novos na Europa, com mais de 427 mil carros, o que, ainda assim, não deixa de ser uma ligeira descida dos 22,2% obtidos em 2023, para 21,5% em 2024. Além de continuar aquém dos 26,1% de quota de mercado que o construtor conseguiu nos veículos novos de passageiros em geral.

Ainda no domínio das energias, desempenho contrário e bem mais positivo, registaram os híbridos, com uma subida na procura, face a 2023, de 21%. Aumento com que todas marcas com modelos do género ganharam, embora tenha sido a Toyota a assumir-se como o construtor que mais registos realizou – das 1.529.806 unidades assinaladas em 2024, 738.500 ostentavam, na grelha, o emblema da Toyota ou da Lexus. Ou seja, quase um em cada dois híbridos vendidos, foram do fabricante japonês.

De resto, vale a pena também destacar a importância do preço na escolha dos consumidores, com a JATO a atribuir aos híbridos um preço médio de 42.222€ na Europa, ao passo que, nos BEV, esse valor surge fixado nos 62.709€. Resta aguardar para ver como será em 2025…

Ofensiva chinesa avança a fundo

Finalmente, transitando para uma abordagem mais global do mercado europeu, importa também referir a forma como os fabricantes chineses têm vindo a conquistar o Velho Continente, tendo terminado o último ano como o sexto país exportador de veículos novos para a Europa.

Com este resultado, as marcas chinesas não só já ultrapassaram geografias onde são produzidos os automóveis comercializados na Europa, como o Reino Unido, a Turquia, o Japão e a Coreia do Sul, como estão cada vez mais perto de alcançar países como a Roménia, o quinto classificado do ranking; a França, 4.º classificado; a Espanha, 3.º;  a Chéquia, 2.º; e, no topo dos principais produtores, a Alemanha.

Entre os construtores chineses com maior sucesso no Velho Continente, em 2024, surgem, em primeiro lugar, a SAIC Motor, seguida da Geely, da BYD, da Chery e, tão ou mais surpreendente, o europeu BMW Group, com os modelos, tanto da marca homónima, como da Mini, que já fabrica na China.