Crise é oportunidade. Soa a "cliché" mas é assim mesmo. À beira de um ataque de nervos, as marcas estão dispostas a (quase) tudo para escoar "stocks" e compor as estatísticas. Com descontos que ultrapassam os 30% é o momento para comprar carro novo. É só apertar com elas (as marcas)
Lição número 1: fábrica de automóveis que não consiga escoar a sua produção está condenada – despede e fecha portas, tudo o que governos e marcas não querem. Lição número 2: as fábricas trabalham com calendários de produção elaborados com anos de antecedência, em função dos investimentos realizados e da previsão de sucesso. Linha de montagem que trabalhe abaixo de 50% da sua capacidade tem a certidão de óbito assinada – não eram poucos os casos em que isso já acontecia, mesmo antes da pandemia. Lição número 3: em março, abril e maio a maioria das fábricas na Europa e Ásia estiveram paradas e os apoios dos diferentes governos cingiram-se à manutenção dos postos de trabalho (Lay-off ou medidas semelhantes), apenas uma parcela das despesas das empresas.
Para que o enquadramento fique completo, devemos acrescentar que os principais mercados registaram nos últimos três meses quebras de vendas de automóveis novos acima dos 75% e bastante mais nalguns casos. Como não se espera que o alívio das regras sanitárias se traduza numa corrida aos "stands" as marcas estão agora focadas num objetivo: escoar "stocks". Porque precisam "refrescar" as tesourarias e porque, setembro é, em geral, o mês em que todos os construtores renovam as suas gamas, como os chamados "Model Year".
É o momento!
Se tinha em mente comprar carro, mesmo que não precise de o fazer agora, leia com atenção: este é o momento. Poucas vezes foi tão verdadeira a tese de que crise é igual a oportunidade. Os importadores colocaram às fábricas as suas encomendas no final do ano passado prevendo uma dada procura, esses automóveis foram chegando e à medida que isso aconteceu tiveram que ser pagos. São milhões de euros que estão parados e não podem permanecer nessa situação durante muito tempo: os "stocks" estão em níveis insustentáveis para a saúde financeira das empresas!
Basta uma ronda pelos sites de todas as marcas que operam em Portugal para percebermos que o desespero é a tónica comum. Consulte a secção das campanhas e perceberá isso mesmo. Mas... é no mas que está o segredo. Muitas destas campanhas escondem armadilhas, enquanto outras refletem apenas uma ínfima parte daquilo que é possível conseguir.
Vamos por partes. Muitas campanhas têm subjacente a obrigação de recurso ao crédito da respetiva marca ou da entidade com quem esta trabalha. Até aqui nada de novo… não fora o facto de estarem a ser praticadas valores para a TAEG (o custo real do crédito para o cliente) que supera os 7 ou mesmo 9%. São valores astronómicos no momento atual, com taxas de juro negativas e "spreads" bancários que facilmente rondam os 3%, ou menos. Para perceber até que ponto o negócio deixa de ser a venda do automóvel e passa a ser a vertente financeira experimente dizer que não quer aproveitar o financiamento da marca ou do concessionários e vai recorrer a capitais próprios ou ao seu banco. A resposta vai ser… bom, nesse caso os valores são outros. Nada de novo? Sim, é verdade. O que é novo é o momento: marcas e concessionários estão dispostos a (quase) tudo para não deixar fugir um negócio. É sua oportunidade. Aperte, aperte com eles!
Uma "casca de banana" em que não deve cair: os Alugueres Operacionais (com este ou outro nome) muito atrativo no valor e naquilo que "oferece" mas, com quilometragens irrealistas. É um truque a que uma dada marca espanhola (mas não só) recorre com frequência. Que interesse tem uma renda atraente para, por exemplo, quatro anos e 60 mil quilómetros (ou mesmo menos)? E já reparou quanto vai pagar por cada quilómetro extra? Esqueça: o barato sai caro. Recomendação: privilegie contratos com manutenção incluída e uma quilometragem mínima de 25 mil km/ano. Pelo menos, faça contas aos quilómetros que, despreocupadamente, cumpre todos os anos.
Descontos de 30%... e mais
Sem qualquer dúvida, este é o momento. Ainda mais se conseguir fechar o negócio antes do final do mês. A última semana é sempre o momento ideal porque todos (importadores e concessionários) estão obrigados a objetivos que já eram difíceis de alcançar (imagine-se agora) os quais se traduzem em bónus quase sempre determinantes para a rentabilidade das empresas – por isso mesmo o crescente número de automóveis matriculados apenas para as estatísticas, situação para a qual já não existe margem.
Está agora mais clara a razão por que lhe dizemos que se pretende comprar carro este é o momento. E se ainda tem dúvidas fique com mais uma informação. Não são raros os modelos cujos descontos podem chegar aos 30%. São sobretudo versões em "stock" e que sofrerão algum tipo de atualização nos próximos meses, mas que agora se tornam especialmente atrativas. Admirado? Não é razão para isso. Principalmente no caso das marcas premium que nas negociações com as frotas é frequente aplicarem descontos que se aproximam dos 40%. Com as empresas em situação financeira que vai ter reflexos nas compras de automóveis e com as rent-a-car a cancelarem praticamente todas as encomendas o cliente particular vai voltar a estas no centro de todas as atenções.
E quem podia fazer 40% de desconto nas negociações com empresas, por que razão não consegue ir além dos 30% para atrair aqueles que são os únicos clientes?
Aperte, aperte com elas (as marcas).