Está para breve a chegada a Portugal do maior construtor automóvel da China, a Great Wall, segundo a TURBO apurou junto de responsáveis da marca que estiveram em Lisboa no âmbito da iniciativa China Brands em que participaram marcas como a Maxxus, a BYD, a Yoyo ou a TAM.
Portugal está cada vez mais na rota das marcas chinesas, como ficou claro na exposição China Brands que decorreu em Lisboa por iniciativa do Ministério do Comércio da Republica Popular da China, em colaboração com diversas entidades oficiais chinesas e portuguesas.
Além de seminários sobre a dimensão industrial e comercial da China, centrados na pujança das suas marcas, a iniciativa, que decorreu no Centro de Exposições da Associação Industrial Portuguesa (AIP), constituiu uma oportunidade para o estabelecimento ou fortalecimentos dos lanços entre entidades e empresários dos dois países.
Abrangendo áreas diversas do setor dos transportes, desde maquinaria ao camiões e autocarros, passando por fabricantes de comboios, o grande foco desta exposição foi o segmento dos automóveis ligeiros de passageiros e, de forma ainda mais especial, os automóveis elétricos, grande aposta da mobilidade em que a China parece estar a tomar a dianteira a nível global.
A Maxus, já representada em Portugal pela Astara, e a BYD (de 'Build Your Dreams'), recém-chegada mas com uma implantação cada vez mais sólida, por via da dinâmica do Grupo Salvador Caetano, estiveram entre as presenças mais destacada.
LEIA TAMBÉM
Euro NCAP. Cinco estrelas para modelos da Great Wall e Tesla Model Y
Talvez por isso o grande destaque da Exposição China Brands foi mesmo a presença da Great Wall Motors (GWM), o maior construtor de automóveis da China, fundado em 1984, mas que rapidamente atingiu uma dimensão mundial.
Depois das exportações que começaram em 1997, a GWM possui hoje estruturas de produção em países como a China, a Tailândia e o Brasil e centros de investigação e desenvolvimento na Alemanha, Japão Canadá, Coreia do Sul e India.
Destaque às marcas
Com presença comercial em 170 países, garantida pelas marcas Haval, Wey e Ora, a Great Wall Motors tem agora a Europa como prioridade.
O "passo" mais visível foi a instalação na Alemanha, em 2021, estabelecendo uma sede precisamente em Munique.
As marcas e os produtos que comercializa cobrem um espectro significativo de segmentos de mercado, com a Ora a assegurar a cobertura dos segmentos mais populares, enquanto a Wey tem como alvo as marcas premium, em especial a BMW, como é referido pelos seus responsáveis.
No âmbito da Exposição China Brands, a presença da Great Wall Motors é, porventura, o primeiro passo visível da sua chegada a Portugal, possivelmente, segundo apurámos sem confirmação, pela mão de uma empresa associada do Grupo Salvador Caetano.
Esta chegada, que deve acontecer durante o primeiro semestre de 2024, coincide com uma alteração da política de marcas.
Até aqui, as marcas surgiam com algum grau de autonomia face à empresa mãe, algo que deixa de acontecer.
Por exemplo, o "modelo-bandeira" na Alemanha era o Wey (marca) Coffee com versões 01 e 02 e daqui em diante a designação será GWM e o modelo designar-se-á Wey (01 ou 02), caindo o nome Coffee que, estudos internos, como nos foi dito, demonstraram que não era bem aceite pelos europeus.
O mesmo acontecerá com a Ora cujos modelos chamar-se-ão GWM Ora.
Em relação à chegada da GWM a Portugal os responsáveis com quem falámos preferiram não apresentar detalhes, nomeadamente ao posicionamento em termos de preços, mas garantiram-nos que será muito competitivo.
Quanto a produtos, o Wey promete ser uma aposta muito forte, dadas as características dos dois SUV.
PHEV com autonomia elétrica recorde
Os dois híbridos plug-in (PHEV) Wey destacam-se pelas autonomias elétricas recorde, a que se juntam interiores cuidados e com todas as tecnologias de última geração, incluindo um ecrã central "gigante" (14,6 polegadas) e revestimentos premium, em linha com os objetivos dos modelos.
O topo de gama GWM Wey 05, com 4,9 metros de comprimento, tração integral, 486 cv de potência e 847 Nm de binário, conta uma bateria com 39,67 kWh de capacidade. A autonomia 100% elétrica anunciada (WLTP) é de 146 km, muito além de qualquer concorrente.
Quanto ao GWM Wey 03 mede 4,7 metros e possui tração exclusivamente traseira. A potência anunciada é de 267 cv enquanto o binário é de 500 Nm. A autonomia (WLTP) anunciada é de 124 km, também, neste caso, um valor acima de qualquer concorrente.
Anti-smart muito inteligente
Para além da Great Wall, BYD e Maxus, chamava a atenção um pequeno modelo da empresa XEV, já com uma implantação sólida em Itália e mesmo em Espanha, e que em Portugal não possui, para já, representação, mas que conta com o apoio da rede da Clarclasse.
A XEV nasceu há apena quatro anos na China e conta atualmente com dois modelos na sua oferta.
A principal aposta é no YoYo que conquistou já prémios de design europeus. Mede 2,53 metros de comprimento e aloja dois ocupantes num interior de aparência vincadamente jovem onde se destaca o tejadilho panorâmico e o tablet de dimensões apreciáveis.
Para a Exposição China Brands, em Lisboa, a Xev trouxe a versão mais recente do YoYo, designada de Pro. O motor de 15 cv de potência permite uma velocidade máxima de 80 km/h.
Nesta versão a bateria vê a capacidade aumentar para 11,1 kWh, o que lhe permite anunciar uma autonomia que pode ultrapassar os 160 km/h, de acordo com dados que nos foram fornecidos por um responsável chinês.
Uma das particularidades do YoYo é o facto de a bateria poder ser carregada da mesma forma que os restantes automóveis elétricos, ou trocada.
Em Itália, a Agip tem já um conjunto de pontos onde em minutos impossível realizar a troca da bateria "esgotada" por outra completamente carregada.
Ainda em Itália o preço de comercialização do YoYo Pro ronda os 16 mil euros.