Depois da decisão de abrir uma sede europeia na Alemanha, em 2021, a chinesa Great Wall Motor volta atrás e anuncia o fecho da representação, já no próximo dia 31 de agosto. Apontando agora o dedo, entre outros motivos, às difíceis condições do mercado europeu para os veículos elétricos e, em particular, para os chineses.
A notícia foi avançada pela Automotive News Europe, com base em declarações de um porta-voz da Great Wall, segundo as quais o fabricante chinês não deixará, no entanto e com esta medida, de continuar a vender os seus carros nos principais mercados europeus. Só que, a partir de agora, com a supervisão feita a partir da China.
Contudo e com o fecho das instalações na Alemanha, a Great Wall dispensa um total de 100 trabalhadores.
"Trata-se de mais uma alteração organizacional e de optimização, à luz daquelas que são as difíceis condições do mercado", defendeu o porta-voz, destacando, entre estas últimas, "a ameaça muito concreta de impostos punitivos" por parte da União Europeia, as quais criam "uma incerteza demasiada elevada para uma empresa como a nossa, com um portfólio de veículos elétricos".
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Ainda assim, a implementação destas tarifas poderá acelerar os planos iniciais da Great Wall de construir uma fábrica na Europa, e que, segundo o próprio fabricante chegou a avançar, no ano passado, poderá vir a ser erigida na Alemanha, Hungria ou República Checa.
Ao mesmo tempo, o construtor está também a ponderar a possibilidade de importar automóveis com motor a combustão, os quais não deverão ser afectados por esta ameaça de novas tarifas aduaneiras.
Um ambiente "tóxico"
Recorde-se que a aventura europeia da Great Wall tem registado alguns percalços, como foi o caso das denúncias de um ambiente de trabalho "tóxico" na filial europeia da companhia.
Na altura, o jornal económico alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung deu conta de queixas de funcionários, relativamente à utilização de um tom invulgarmente duro para com os colaboradores, a uma falta de respeito pela sua experiência (muitos deles eram quadros reconhecidos nas empresas onde os foram buscar…) e à instauração de um "domínio permanente" com origem da China.
Confrontado estas notícias, o director de negócios da Great Wall para a Europa, Steffen Cost, ele próprio um ex-gestor da Kia, reconheceu, apenas, que o trabalho na empresa era, efectivamente, intenso e que "nem todos conseguem lidar com isso".
Vendas crescem acima dos 100%
Inaugurada em 2021, em Munique, na Alemanha, as instalações sede da Great Wall na Europa abarcam várias áreas, da gestão às vendas e até mesmo à pesquisa e desenvolvimento. Sendo que, aquando da sua abertura, o fabricante chinês fixou como objectivo chegar a 2022 com um total de 300 funcionários.
Apesar de nada disso ter sido alcançado, o fabricante terminou os primeiros quatro meses de 2024 com um total de 1.621 veículos comercializados na Europa, o que é um crescimento de 147% face a idêntico período de 2023, avança a analista de mercado Dataforce.
Quanto a modelos, o mais vendido foi o Ora 03, anteriormente conhecido como Funky Cat, com um total de 1.149 unidades entregues. Já no segundo lugar, ficou o Wey 05, embora com não mais do que 297 veículos comercializados.