Vencido o obstáculo das portagens, paga classe 1 com Via Verde, o Opel Grandland X estreou-se em Portugal. Trouxe estilo e um preço competitivo a um segmento onde o VW Tiguan é referência. Grandland X vs Tiguan, este é o comparativo que se segue
Depois de décadas de exílio forçado pela "ditadura diesel", as motorizações a gasolina estão a recuperar o merecido protagonismo nos segmentos superiores.
Em pouco mais de dois anos, a procura por SUV compactos a gasolina passou de residual, 1,5% do segmento, a real. Foi também há três anos que a Opel lançou o Grandland X.
Um crossover com 4,48 metros de comprimento, de mecânica partilhada com o Peugeot 3008, que passou ao lado do mercado nacional por sofrer do mesmo problema de classe de portagem que afeta o Mokka X… até janeiro de 2019! A entrada em vigor da revisão das classes de portagens, no primeiro dia de 2019, permitiu ao Opel Grandland X pagar classe 1, desde que equipado com identificador Via Verde.
Imagem apelativa
Ao arrojo da imagem, porventura mais apelativa que a do VW Tiguan, cujo classicismo das linhas o mantém incógnito no meio do trânsito, o Opel Grandland X junta uma política de preços agressiva.
Apostando nos 130 cv do motor 1.2 Turbo a gasolina, a Opel consegue posicionar o Grandland abaixo dos 30 000 €. O segundo nível de equipamento, o Innovation das imagens, não vai além dos 31 490 €.
Limitada ao nível de equipamento Confortline e ao bloco 1.5 TSI, a gama de versões a gasolina do VW Tiguan começa nos 32 063 € da variante de 130 cv.
Nas imagens encontramos a versão de 150 cv com caixa DSG de sete velocidades, que fixa o preço nos 39 028 €.
Com uma diferença de 9 mm no comprimento, favorável ao VW, Grandland X e Tiguan estão no limite do que pode ser considerado fácil de circular e estacionar em ambiente urbano.
Ligeiramente mais filtrada e com ângulo de viragem superior, a direção do Opel é mais agradável de utilizar em manobras.
O empate técnico das dimensões é extensível à distância entre eixos, onde a vantagem continua do lado do Tiguan, mas agora por apenas 2 mm.
Espaço optimizado
Perante dimensões tão aproximadas, os interiores deste comparativo Grandland X vs Tiguan deviam ser iguais. Mas não são.
Maximizando a organização dos elementos do habitáculo, o VW liberta mais espaço para as pernas, mesmo com um túnel central volumoso. A ausência deste obstáculo facilita a movimentação no banco traseiro do Grandland X, que ao espaço, apenas, razoável para as pernas junta umas costas demasiado verticais.
Ajustando a inclinação das costas do banco traseiro, o Tiguan favorece tanto o conforto como a bagageira, cuja capacidade varia entre os 520 litros e os 615 l. No Opel, esta medida fixa-se nos 514 l.
Ambas as bagageiras têm abertura elétrica do portão traseiro e manípulos integrados nas paredes para rebatimento das costas dos bancos.
No Tiguan a divisão é 40:20:40, contra 60:40 no Grandland X. Desta ação resulta um piso quase plano. Carregar objetos pesados ou volumosos é mais fácil no VW, cujo plano de carga é mais baixo e alinhado com o piso da mala. Por baixo deste, ambos os modelos encontraram espaço para arrumar pneus sobresselentes de emergência.
Certificação ergonómica
Avançando para a primeira fila, encontramos no Opel os habituais bancos com certificação ergonómica. Podemos afirmar que os do Tiguan são igualmente confortáveis, confirmando o equilíbrio das posições de condução.
No Grandland X as pernas vão mais fletidas, ao estilo SUV, e o volante baixa mais, tornando-se mais vertical. Já o VW oferece uma posição de condução mais próxima à de um automóvel convencional.
A visibilidade é superior, especialmente para trás, onde não está tão dependente da câmara como o Opel.
Orientados para uma utilização quotidiana, a raiz deste comparativo Grandland X vs Tiguan, ambos os modelos oferecem uma variedade generosa de locais de arrumação para objetos dos mais variados tamanhos.
O Tiguan destaca-se por segurar garrafas de 1,5 litros nas portas, que no Grandland X são projetadas em direção aos pedais nas travagens fortes, e pelos compartimentos de arrumação adicionais no tejadilho e sobre o tablier. Sem poupar nos materiais agradáveis ao toque, o Opel estende a sua aplicação à consola central e apoios de braços nas portas, enquanto o Tiguan os limita à zona superior do tablier e portas.
Motores refinados
Num segmento dominado pelo matraquear do diesel, conduzir este VW Tiguan é um descanso para os ouvidos. Muito equilibrado, o motor 1.5 TSI de 150 cv é perfeito para a condução quotidiana, ambiente onde as passagens impercetíveis da caixa DSG de sete velocidades reforçam o conforto de utilização.
Com menos um cilindro e caixa manual de seis velocidades, o bloco 1.2 do Opel não consegue uma condução tão fluida. Associando o nervosismo típico da arquitetura de três cilindros ao escalonamento próximo da caixa, o Grandland X torna-se cansativo, difícil de conduzir sem solavancos provocados pelas passagens de caixa.
Estabilizando a velocidade, o motor Opel é tão silencioso como o VW sem, contudo, atingir o patamar de refinamento do último. O temperamento mais "pontudo" do motor 1.2 T, por oposição à progressividade do 1.5 TSI, pode sugerir uma vocação mais dinâmica, mas são ambos viajantes tranquilos.
A direção ligeira e a suspensão macia do Tiguan estão em perfeita sintonia com a entrega progressiva dos 150 cv. Estes estão mais orientados para assegurar deslocações tranquilas nas férias ou escapadas de fim-de-semana, com a lotação esgotada e alguma bagagem, do que para acelerar.
Suspensão confortável
Desaparecendo assim que se troca o cenário urbano pelo campestre, o nervosismo do bloco 1.2 T de 130 cv é substituído por uma resposta mais mastigada. Não é tão desembaraçado a ultrapassar como o Tiguan, nem particularmente disponível nos regimes elevados, onde responde com mais ruído do que dinâmica.
No limite, controla melhor os movimentos indesejados da carroçaria, digerindo com maior eficácia as transferências de massas.
No entanto, embora não se atrapalhem perante uma boa sucessão de curvas, não foi para este tipo de condução que Opel Grandland X e VW Tiguan foram pensados.
Viagens. Sejam pequenas e diárias, entre a casa e o trabalho, ou maiores, nas férias, é neste ambiente que estão mais à-vontade. Pisam com conforto, mesmo sobre jantes de 18'', como o Grandland X, limitando os ruídos à turbulência ligeira provocada pelos retrovisores.
Os consumos não se comparam aos dos motores diesel, mas também não chocam, visto tratar-se de carroçarias volumosas e pesadas.
Apetite por gasolina
Carregando menos 200 kg que o VW, o Opel Grandland X registou uma média ponderada de 7,8 l/100 km, mais 2,6 litros que o valor oficial.
Mesmo recorrendo aos principais "truques" da economia de combustível, como a desativação de cilindros ou o modo roda libre da caixa automática, o Tiguan gastou 8 /100 km, dois litros acima da média homologada.
Aliando a habitabilidade superior a um interior mais funcional, o VW Tiguan é a opção mais versátil. Se esta configuração é a mais dispendiosa, a versão de 130 cv do motor 1.5 TSI posiciona-o muito próximo do Opel.
Entre o preço competitivo, a oferta completa de equipamento e, não menos importante, o fator novidade, o Opel Grandland X é uma das estrelas em ascensão no segmento. Para brilhar mais bastava ter um motor mais refinado.
Comparativo Grandland X vs Tiguan publicado na íntegra na Turbo 452