O possível roubo de segredos industriais relacionados com a condução autónoma está na base deste contencioso. Após quase um ano de negociações sem ser possível chegar a acordo, o caso Google vs Uber chega hoje à barra dos tribunais. A condução autónoma é uma área que tem estado em foco por parte dos fabricantes e dos gigantes cibernéticos, que investem milhões para tentar obter a dianteira no desenvolvimento desta tecnologia. Mas, aparentemente, existe quem prefira fazer 'corta-mato' e atalhar caminho ao obter os dados resultantes das investigações de outros. Pelo menos esta é a base do processo Google vs Uber, em que a primeira acusa a segunda de ter obtido documentos que lhe pertenciam. O caso tem como protagonista o engenheiro Anthony Lewandowsky, que após ter sido funcionário da Google fundou uma start-up de condução autónoma, a Otto. Mas a gigante cibernética acusa o ex-funcionário de ter retirado dos seus servidores, sem autorização, 14000 documentos. A Uber entra neste caso porque adquiriu a Otto, ficando assim na posse das informações. Curiosamente Lewandowsky até já foi despedido pela empresa de mobilidade, por se ter recusado a colaborar na investigação interna ao caso. Algo que terá feito, aparentemente, para evitar incriminar-se no furto de informações da Google. A forma como este caso Google vs Uber tem início é, no mínimo, curiosa. Tudo começa com um email enviado em dezembro de 2016 por um funcionário da Uber e com o assunto "Otto Files", descrevendo a placa de circuitos do LIDAR (componente essencial para a condução autónoma). O problema era que em CC neste email estava um funcionário da Waymo, e este membro da divisão de condução autónoma da Google desconfiou das semelhanças entre este design e o da sua empresa. Após uma investigação, a Google alegou que a contratação de Lewandowsky por parte da Uber foi sempre com a intenção de ficar na posse dos conhecimentos que este tinha obtido ao trabalhar (e furtar informações) do seu projeto de condução autónoma. O caso Google vs Uber deve ser julgado num prazo entre duas e três semanas e o próprio juiz já disse que a contratação deste engenheiro não será tida em causa. Ou seja, a Google terá mesmo de provar que as informações retiradas dos seus servidores permitiram à Uber acelerar os seus projetos de condução autónoma, o que se configuraria como um caso de roubo de segredos industriais/tecnológicos. Uma das questões reside no facto da Uber ter contratado Lewandowsky mesmo tendo dúvidas se ele teria retirado dos servidores e estaria na posse dos documentos da Google. Fonte: Jalopnik