Aparentemente, estavam a existir ações de bastidores por parte do antigo Presidente para tirar a confiança a Hiroto Saikawa, o Diretor Executivo que o substituiu na liderança operacional da marca. Mas, antes que tivesse oportunidade de reunir apoios para esta mudança, Ghosn acabou detido e vai ser julgado por fraude fiscal Informações avançadas no Japão, e também pelo Wall Street Journal, indicam que a Nissan estaria a passar por convulsões internas, numa disputa entre o Presidente Carlos Ghosn e o CEO Hiroto Saikawa (na foto), antes de surgir o escândalo em que o primeiro foi detido por suspeita de fraude fiscal. Um caso que, como ontem se confirmou, vai mesmo chegar a tribunal, com Ghosn e um associado, Greg Kelly, bem como a Nissan, a terem de responder por ocultarem montantes pagos aos dois executivos. As novas informações indicam que, já antes deste problema, o ambiente entre os dois homens fortes da Nissan já não seria o melhor, com o Presidente a tentar reunir apoios para retirar a confiança ao CEO, forçando-o a deixar o cargo. O objetivo de Ghosn seria levar a cabo uma reorganização da estrutura diretiva da Nissan, que seria delineada no último mês de novembro e entraria em ação durante a próxima Primavera. Algo que foi, aparentemente, inviabilizado pela detenção do antigo Presidente da marca, assim que pousou os pés em solo nipónico no dia 19 de novembro. Uma fonte identificada com o tema, citada pela Automotive News, afirma que Ghosn "estava a preparar-se para para mexidas que iam afetar Saikawa", adicionando ainda que este "era o caminho para [entrar] um novo CEO". Aparentemente, existia um descontentamento mútuo entre os dois líderes da marca. Por um lado, o ex-Presidente estaria preocupado com a má performance financeira, depois dos ganhos operacionais terem caído 17% no primeiro semestre do ano fiscal 18/19. Além disso, considerava também que Saikawa não teria lidado bem com o problema das falhas nas inspeções finais aos automóveis no Japão, que levou ao recall de mais de um milhão de automóveis. O CEO, por sua vez, criticava a visão de Ghosn focada no volume de vendas em detrimento da rentabilidade, bem como os objetivos que eram estabelecidos, considerando-os demasiado ambiciosos. Confrontada com estas notícias, a Nissan veio afirmar que é "incapaz de comentar a natureza altamente especulativa desta história". Algo que acaba por já nem ser muito necessário, pois mesmo que tenha existido uma guerra nos bastidores do fabricante nipónico, ela foi encerrada com a prisão de Carlos Ghosn, entretanto removido do cargo de topo que ocupava. Ou seja, embora alegadamente o Presidente tenha tentado remover o CEO da Nissan, acabou por ser ele a ver a porta de saída e, tal como no Monopólio, "ir diretamente para a prisão sem passar na casa Partida". Fonte: Automotive News Europe