Depois dos EUA. França quer restringir subsídios aos EV produzidos na Europa

Com as marcas chinesas a entrarem no Velho Continente, de França, surge a ideia de restringir os apoios aos EV produzidos na UE.

Numa altura em que as marcas chinesas começam a entrar no Velho Continente, eis que, de França, surge a defesa de uma aplicação selectiva dos apoios estatais dados à aquisição de veículos elétricos (EV), dentro da União Europeia (UE). Nomeadamente, fazendo depender esses apoios, do facto de serem, ou não, produzidos na UE.

A notícia é avançada pela Automotive News Europe, citando declarações do ministro das Finanças daquela que é a segunda maior economia no espaço da União Europeia. Nas quais o governante defende que "talvez tenha chegado a hora de começar a guardar os apoios aos veículos elétricos (EV) apenas para os carros produzidos em território europeu".

Outra hipótese, ainda segundo Bruno Le Maire, é reservar estes apoios para "os modelos que correspondam, na íntegra e rigorosamente, aos novos padrões ambientais ".

Modelos como o Volvo C40, cuja grande parte da produção tem origem na China, poderiam perder os apoios à aquisição de veículos elétricos, à luz desta nova tomada de posição do ministro das Finanças francês
Modelos como o Volvo C40, cuja grande parte da produção tem origem na China, poderiam perder os apoios à aquisição de veículos elétricos, à luz desta nova tomada de posição do ministro das Finanças francês

Falando aos media durante um briefing sobre o Orçamento para 2023, Le Maire defendeu a necessidade de "jogar com as mesmas regras [de outros blocos], isto se quisermos defender as nossas indústrias, os nossos empregos e a nossa tecnologia". Declarações que também podem ser entendidas como uma resposta aos EUA, depois destes terem decidido limitar os apoios federais à compra de veículos elétricos, aos modelos fabricados na América do Norte.

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Segundo esta nova legislação, apenas os EV cujos componentes mais importantes não venham da China, Rússia ou outras "entidades estrangeiras motivo de preocupação", continuam a ser elegíveis para isenções fiscais que podem chegar aos 7.500 dólares americanos, ou seja, perto de 7.800€
a cotação atual.

França (e Alemanha) tentam rever fórmula

Recordar que a França, tal como a Alemanha, são os dois países da União Europeia onde o risco de desaparecimento de um elevado número de empregos na indústria automóvel, devido à simplificação trazida com os veículos elétricos, é maior. Sendo que, neste momento, os dois países tentam desenvolver, dentro de portas, uma nova indústria de células de bateria - componente que representa, hoje em dia, cerca de 40% do valor final de um EV -, de forma a conseguirem manter o controlo do mercado automóvel.

O Volkswagen ID.4 é um dos modelos nascidos e produzidos no espaço europeu, que ficaria a salvo destas restrições
O Volkswagen ID.4 é um dos modelos nascidos e produzidos no espaço europeu, que ficaria a salvo destas restrições

No caso específico do mercado francês, onde os veículos elétricos representaram, nos primeiros sete meses de 2022, cerca de 12% das vendas de carro novos, os subsídios à compra deste tipo de automóveis, chegam aos 6.000 euros, desde que custem menos 47.000 euros. Existindo, ainda, a possibilidade de beneficiar de um apoio ao abate de veículos antigos com motor de combustão.

No entanto e conforme também refere a Automotive News, o apoio à aquisição de EV deverá, contudo, descer, em França e já a partir de 2023, para os 5.000 euros. Valor que, na opinião do ministro das Finanças Le Maire, "continua a ser substancial".