A Ford acaba de desvendar aquele que passa a ser o seu carro de estrada mais potente de sempre. Derivação do atual Mustang, este novo desportivo, que ganha a designação GTD, passa a ser também um dos principais pretendentes a acabar com o domínio de Lamborghini e Porsche, em Nürburgring.
Modelo que a Ford promete, desde já, produzir num número limitado de unidades e apenas a partir do final de 2024, este Mustang GTD vai buscar o nome à classe IMSA GTD das provas de resistência americanas, onde a marca de Detroit compete com uma versão GT3. E que, diga-se, serve de inspiração para esta espécie de versão homologada para estrada.
De resto e a contribuir, igualmente, para a fundação do mito, a afirmação, também feita pela Ford, de que o GTD foi concebido "nas horas vagas", por "um punhado de engenheiros", numa anónima garagem localizada na sede do fabricante. Embora já com o propósito assumido de criar "um Mustang capaz de enfrentar o melhor dos desportivos europeus".
LEIA TAMBÉM
Respostas, pedem-se! Gostava que ver uma versão de estrada do Mustang GT3?
Aliás, o fabricante assume como desafio colocar o GTD à prova em Nürburging, estipulando como meta um tempo abaixo dos sete minutos por volta. O que, a acontecer, recorda a britânica Autocar, colocará este Mustang ao mesmo nível de propostas europeias como o Porsche 911 GT2 RS, Lamborghini Aventador SVJ ou o Mercedes-AMG GT Black Series.
No comunicado de apresentação desta nova edição limitada, é o próprio CEO da Ford, Jim Farley, que garante que o "Mustang GTD vem destruir todas as ideias pré-concebidas acerca de um superdesportivo", além de ser "uma nova abordagem para nós", já que "não projectámos um carro de estrada para pista, mas criámos um carro de corrida para a estrada".
"Isto é a nossa companhia. Estamos a lançar o desafio, dizendo 'venha e compre'. Sendo que estamos perfeitamente confortáveis em deixar desde já o aviso. Estou pronto para colocar o Mustang em pista, contra qualquer outro patrão da indústria, aos comandos do seu melhor carro, para tirarmos tempos", conclui Farley.
Os atributos mecânicos
Quanto às razões que justificam esta tomada de posição desafiante da parte do CEO da Ford, vale a pena começar por destacar que o GTD foi desenhado e desenvolvido em conjunto com a Multimatic Motorsports, a mesma empresa que construiu o superdesportivo Ford GT. E que será, muito provavelmente, a maior responsável por, entre outros atributos, este novo Mustang apresentar-se como o modelo de estrada mais potente já construído pelo fabricante de Detroit.
De resto e começando, precisamente, pelo motor, o GTD recorre a uma versão melhorada e com um conjunto de modificações oriundas da competição (carter seco, entradas ar duplas, sistema de escape com válvula ativa em titânio...), do conhecido V8 5,2 litros turbocomprimido. Graças ao qual deverá conseguir anunciar (ainda não é oficial...) uma potência máxima de 800 cv, ou seja, mais 100 cv que o já muito impressionante Shelby GT500 de 2019.
Toda esta potência é, depois, direccionada, exclusivamente, para as imponentes rodas traseiras com 345 mm de largura, por intermédio de um eixo de transmissão em fibra de carbono e uma transmissão automática de dupla embraiagem e oito velocidades. Esta última, a melhor forma, para os engenheiros da Ford, de garantir uma distribuição de peso "próxima dos 50:50" e "colocar toda a potência no chão".
Igualmente muito diferente da solução standard, é o chassis, que surge complementado com suspensão semi-activa de molas variáveis e uma altura reduzida em 40 mm, quando no modo Track, além de e no caso da suspensão dianteira, com uma configuração de "braço curto-longo", inspirada na competição. Ao passo que, a traseira, recorre a um subquadro tubular leve, idêntico à do GT3.
Já as unidades de controle da suspensão, ficam alojadas junto ao sistema de arrefecimento da transmissão, no local onde tradicionalmente é disponibilizada a bagageira.
Ostentando um pacote aerodinâmica praticamente igual ao do GT3, no qual se destaca uma enorme asa traseira ajustável hidraulicamente, além de um capot ventilado, generosas entradas de ar, um robusto difusor dianteiro, e um outro traseiro, os clientes podem, ainda, optar, como rodas, por jantes em alumínio forjado. Ou, então, uma solução em magnésio, idêntica à do carro de competição, invariavelmente complementada com enormes discos em carbo-cerâmica.
Um habitáculo mais… convencional
Passando ao habitáculo, um ambiente mais próximo do exibido pelas versões menos ambiciosas e não tanto como o carro de competição, com o GTD a manter, por exemplo, os ecrãs digitais e sistema de infoentretenimento, além de funcionalidades como as atualizações de software Over-The-Air (OTA).
Ainda assim, nota para o facto da Ford ter decidido prescindir dos bancos traseiros, alegando necessidades de redução de peso, ao passo que, os dianteiros, foram substituídos por bacquets de competição Recaro. E, isto, ao mesmo tempo que, também a pensar no peso, pequenos componentes como o botão rotativo, a placa com os dados de construção ou as patilhas da caixa, foram todos impressos em 3D, recorrendo a titânio retirado de caças F22 já abatidos ao activo.
Pela módica quantia de 300 mil dólares
Infelizmente, a Ford só não forneceu, quer o peso, quer o preço que pensa pedir por este Mustang GTD. Ainda que e pelo menos que nos diz respeito ao peso, seja possível lançar o palpite de que, graças também aos painéis de carroçaria em carbono, este possa ficar abaixo dos 1.768 kg anunciados pelo Mustang Dark Horse.
Já quanto ao preço, as previsões são de que possa rondar os 300.000 dólares, qualquer coisa como 276 mil euros, à taxa de conversão atual, isto, quando se iniciar a comercialização, lá mais para o final de 2024. Ou até mesmo no início de 2025.