Depois de várias e sucessivas notícias contraditórias, eis que a Ford acaba de confirmar o fim da produção da sua berlina porta-estandarte, o Mondeo, dentro de precisamente um ano, em março de 2022. E com a garantia, desde já, de que o modelo não terá continuidade, na Europa.
Lançado no mercado como primeiro modelo global da marca norte-americana, o Mondeo mantém uma presença obrigatória e continuada no line-up da Ford, desde 1993.
Atualmente naquela que é a sua quinta geração, o maior dos sedans do fabricante de Dearborn tem conseguido, ainda assim, manter-se como um dos modelos de referência da marca da oval azul na Europa, mesmo com uma queda acentuada nas vendas nos últimos anos. Em grande parte, devido ao sucesso crescente dos SUV e crossovers.
De resto e segundo comentou um porta-voz da Ford à britânica Autocar, a razão do agora anunciado desaparecimento do Mondeo tem a ver, precisamente, com "as mudanças registadas nas preferências dos consumidores", as quais têm levado o fabricante a "adequar a sua oferta na Europa, a essa mesma procura, ao mesmo tempo que vai fazendo a sua transição para um futuro totalmente elétrico".
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A confirmar esta ideia, o facto de, por exemplo, em 2020, 39% de todas as vendas da Ford na Europa terem sido modelos SUV e crossovers, tendência que o fabricante diz registar um crescimento anual de 8%.
Sem sucessor... na Europa
Quanto à informação oficial de que o modelo não terá sucessor na Europa, leva a acreditar que o protótipo de coupé-crossover que tem sido avistado nos últimos tempos, e que alguns rumores dizem poder vir a adoptar a designação Mondeo, poderá não chegar ao Velho Continente.
Assim e com o desaparecimento do Mondeo, a menos que entretanto a marca dê a conhecer uma nova proposta para o segmento D ou D-SUV, tal significará que a oferta da Ford na Europa, ficará reduzida, não contabilizando os SUV e crossovers, a nada mais do que o Fiesta e o Focus. Dois modelos que receberam, recentemente, motorizações híbridas e que, caso o processo siga os timings previstos, deverão conhecer as tradicionais a meio do ciclo de vida, lá mais para o final do presente ano.
No ar, continuará, ainda assim, a dúvida, sobre o que acontecerá a estes dois hatchbacks, quando chegados ao final da sua vida útil, em 2023 ou 2024. Sendo que, a jogar igualmente contra eles, está também o anúncio, já feito pelo fabricante, de que toda a sua gama europeia tornar-se-á elétrica, até 2030. Isto, já depois de, num prazo que termina já em 2016, o fabricante ter passado a oferecer, em todos os seus modelos, versões com motorizações híbridas plug-in.
Fábrica de Valência também a caminho da conversão
A contribuir para esse esforço, surge, também, a decisão de transformar a fábrica de Valência, Espanha, para que, até finais de 2022, deixe de produzir o Mondeo e as motorizações 2.0 e 2.3 litros EcoBoost, para passar a montar o sistema de propulsão híbrido com um 2.5 litros a gasolina de ciclo Atkinson, a aplicar no Kuga, Galaxy e S-Max. Solução que, hoje em dia, sai da linha de montagem de Chihuaha, no México.
Ao mesmo tempo e também em Valência, a Ford anunciou já um reforço de 5,2 milhões de euros, a juntar aos já conhecidos 24 milhões de euros, com vista a um aumento da capacidade de montagem de packs de bateria, para aplicação nos veículos elétricos da marca norte-americana.