Ford Europa faz márcha-atrás na estratégia de eletrificação

A Ford está a reavaliar a sua estratégia de eletrificação para a Europa e já engrenou a márcha-atrás na intenção de se tornar apenas elétrica

A Ford está a reavaliar a sua estratégia de eletrificação para a Europa e já engrenou a márcha-atrás na intenção de se tornar apenas elétrica até 2030. Agora a abordagem é multi-energias.

A Ford meteu travões a fundo na sua estratégia de se tornar numa marca apenas elétrica em 2030 e está a rever em baixa os seus ambiciosos objetivos. Quem o confirmou foi nem mais menos do que o responsável de operações da Ford Model E, Marin Gjaja, em declarações à publicação britânica Autocar.

O motivo apontado por Marin Gjaja é bastante simples: a procura no Velho Continente não é suficiente que justifique a comercialização em exclusivo de veículos elétricos.

Recorde-se que no início de 2021, a marca do oval anunciou que até 2030 iria vender apenas veículos elétricos na Europa. Até chegar a essa data, o plano previa a transição de todos os seus modelos para motorizações híbridas plug-in ou elétricas a bateria até 2026.

"Penso que não podemos avançar a fundo enquanto os nossos clientes decidirem se querem mesmo isso e que existem níveis diferentes de progresso em todo o mundo", afirmou Marin Gjaja à Autocar.

"Penso que os clientes tomaram a sua decisão e disseram-nos que o nosso plano era demasiado ambicioso. Isso terá apanhado de supresa toda a gente na indústria e da forma mais dura. Diria ainda que a realidade é uma forma de ajustarmos os nossos planos".

Retirada de incentivos

Marin Gjaja acredita que o elevado preço dos veículos elétricos e a retirada dos incentivos governamentais são os principais motivos que levaram a uma quebra recente na procura. Em termos de futuro, a adoção de uma abordagem multi-energias, à semelhança da Stellantis, será importante para que a marca se mantenha competitiva na Europa.

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"Estamos numa situação em que haverá uma competição feroz, quer seja um veículos de combustão puro, elétrico a a bateria ou híbrido porque estamos a ver que os clientes querem ter a liberdade de escolher a motorização mais adequada e o veículo mais indicado para a sua utilização", explica o responsável da Ford Model E.

Planos alterados para Valência

A alteração das suas ambições já levou a Ford a reconsiderar acerca do futuro da fábrica de Valência, em Espanha. Quando terminar a produção da atual geração do Kuga, a Ford tinha previsto a transição para uma fábrica de veículos elétricos. Contudo, agora tudo indica que deverá ser produzido naquela unidade um modelo com diferentes tipos de motorizações.

Marin Gjaja afirmou que ainda não está tomada a decisão final acerca do modelo a produzir na fábrica, mas diz acreditar que ima abordagem "multi-energia dá-nos a melhor hipótese de sucesso atendendo ao mercado europeu e ao estado em que estamos em termos na adoção" de viaturas elétricas.