Ainda sem conseguir alavancar as vendas de elétricos para patamares que garantam lucro, a norte-americana Ford Motor Company está a recalibrar a sua estratégia zero emissões, com o objectivo de oferecer modelos mais pequenos e baratos, que também ajudem à adesão do grande público à mobilidade exclusivamente elétrica.
Defendendo a ideia de que o preço é, por estes dias, o maior óbice à afirmação do Veículo Elétrico (EV), o CEO da Ford Motor Company, Jim Farley, reconheceu, num encontro com analistas de mercado, que também serviu para apresentar os resultados positivos do quarto e último trimestre de 2023, que "estamos a ajustar o nosso capital, de forma a mudar o foco para produtos EV mais pequenos". Isto, depois de, "há cerca de dois anos", a empresa ter assumido "um compromisso não divulgado", para criar uma equipa capaz de desenvolver uma plataforma de baixo custo.
Liderada por Alan Clarke, hoje em dia o director-exectivo para o desenvolvimento avançado de veículos elétricos e que ingressou na Ford precisamente nessa altura, culminando um percurso de mais de 12 anos desenvolvendo modelos para a rival Tesla, esta nova equipa assumiu a missão de, não só ajudar a conter os prejuízos que este tipo de veículos tem amealhado no construtor de Dearborn (4,7 mil milhões de dólares só em 2023), mas também contribuir para que consiga fazer frente, tanto à marca liderada por Elon Musk, como aos concorrentes chineses.
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Ainda sobre esta nova plataforma, Farley garantiu que será a base de "vários tipos de veículos", sendo que, neste momento, "não estamos sequer perto daquilo que pode ser o nosso potencial, em termos de ganhos". "Todas as nossas equipas de veículos elétricos estão implacavelmente focadas no custo e na eficiência […], já que a competição final será com os modelos EV mais acessíveis da Tesla e dos chineses", garantiu, em declarações reproduzidas pela Automotive News Europe, o gestor.
O sucesso dos híbridos
Entretanto e numa altura em que a venda de elétricos desacelera também os EUA, a Ford procura reduzir gastos com este tipo de propostas, ao mesmo tempo que aumenta a produção de modelos mais tradicionais, com motores de combustão interna, os quais garantem o encaixe necessário para financiar o crescimento futuro.
Ponto igualmente positivo, na oferta do construtor, têm sido os modelos híbridos a gasolina/eletricidade, para os quais Farley prevê um crescimento nas vendas a rondar os 40%, ou seja, bem mais que os 25% de subida registada em 2023.