Ford BlueCruise. E não é que resulta?!

Ao mesmo tempo que dava a conhecer o Explorer, a Ford aproveitou para lançar, em Portugal, o seu sistema de condução autónoma L2 BlueCruise. Tecnologia que, garante o fabricante, permite ir de Lisboa ao Porto, com as mãos fora do volante durante 90% do tempo. Não acredita? Nós também não, pelo que fomos experimentar!

A novidade chama-se BlueCruise e, embora em comercialização nos EUA desde 2021, só agora começa a chegar à Europa, ultrapassadas que já estão todas as questões legais, burocráticas e técnicas, que permitiram à Ford tornar-se no primeiro construtor automóvel autorizado a comercializar, no espaço da União Europeia, uma tecnologia que, em condições muito particulares, permite ao condutor entregar ao próprio veículo a responsabilidade da condução. Isto, em situações muito especiais, voltamos a dizê-lo...

Na base desta conquista está a conjugação de esforços entre vários sistemas já existentes e conhecidos da maior público, como é o caso do Controlo de Velocidade de Cruzeiro Adaptativo Inteligente (IACC), do sistema Stop&Go, da tecnologia de centragem na faixa de rodagem e do Reconhecimento de Sinais de Velocidade. Tecnologias que, atuando em conjunto, conseguem não só posicionar o automóvel na estrada e na faixa, como conduzi-lo ao longo da viagem, sem limitações em termos de tempo de atuação e a velocidades até 135 km/h.

A importância das condições ideais

Naturalmente, para poder utilizar o BlueCruise, não basta apenas clicar no botão de accionamento da manutenção na faixa de rodagem, que se encontra no volante, mas exige, igualmente, o reunir de uma série de condições, indispensáveis para que o sistema avance com os passos seguintes até ao seu efectivo funcionamento - primeiramente, mostrando a indicação “Ready” no painel de instrumentos, a que se segue a adopção, em todo o quadrante, de uma cor azul, acrescida da indicação de que já é possível retirar as mãos do volante e os pés dos pedais.

Quanto às condições, a primeira é que estejamos a circular em auto-estrada, o único tipo de via em que sistema funciona, e, em particular, numa das chamadas “Blue Zones”. Nome dado pela Ford a zonas da auto-estrada onde o sistema pode ser activado (em Portugal, mais de 95% das auto-estradas já estão qualificadas como “Blue Zones”, locais cujo número continua a crescer e que o leitor pode ir consultando no site da Ford) e onde a utilização do mesmo só é interrompida na passagem por túneis, viadutos maiores e portagens. Ou, ainda, em curvas mais prolongadas, com mais de 700 metros de extensão, apenas e só por questões de segurança.

De resto, é também por motivos de segurança que o carro não permite ao condutor tirar os olhos da estrada, mesmo quando com Blue Cruise activo, com a câmara encarregue de “vigiar” a atenção do condutor a ser, inclusivamente, capaz de detectar qualquer distracção, mesmo quando com óculos de sol. Sendo que, a partir daí, o sistema começa por despoletar um alerta sonoro, repetindo-o várias vezes e em crescendo, para, em seguida, aplicar uma série de travagens mais fortes que não deixam de nos sacudir, terminando com uma progressiva diminuição da velocidade, até estabilizar nos 10 km/h.

Esta opção é, aliás e em nossa opinião, o único aspecto que nos deixou mais dúvidas, já que o Blue Cruise nunca imobiliza o veículo, mantendo-o, sim, na faixa e à velocidade programada. Situação que também pode tornar-se um perigo para qualquer condutor mais desatento e apressado, que, de repente, se depare com um Ford Explorer a circular a 10 km/h, por exemplo, na faixa da esquerda...

Resultar, resulta… sem chuva

No nosso curto teste realizado num dia de chuva intermitente, entre a zona do Autódromo do Estoril, perto de Cascais, e o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), no município de Loures, tendo como trajecto pré-definido o IC16 e a A9, vulgo CREL, retivemos, desde logo, a susceptibilidade da tecnologia face às más condições meteorológicas e que leva, inclusivamente, a que esta deixe de funcionar. Situação que, por outro lado, encontra justificação na necessidade de salvaguardar a segurança de veículo e ocupantes, sempre que as condições ideais não estejam reunidas.

De resto, nos períodos em que a chuva não nos fez companhia, ficou também bem evidente as qualidades e capacidades desta tecnologia inovadora, com o Mustang Mach-E Performance que podemos conduzir a conseguir transmitir, nessas mesmas ocasiões, uma tranquilidade e segurança inquestionáveis, resultado da capacidade do sistema em manter o veículo sempre ao centro da faixa, sem necessidade de “toques” no tracejado para se posicionar e independentemente da velocidade adoptada pelo próprio sistema (sempre, claro está, dentro dos limites impostos pela sinalização).

Razão pela qual, também não temos de dúvidas de que, com os upgrades que certamente se sucederão, a tendência será para uma eficácia e desempenho cada vez maior e melhor!…

Não um opcional, mas um serviço

A terminar, dizer ainda que, nesta fase inicial, o Blue Cruise está disponível apenas no modelo Mustang Mach-E e nas unidades vendidas a partir do dia 15 de outubro de 2024, embora a Ford tenha já a decorrer o processo de homologação e autorizações para passar a oferecer esta mesma funcionalidade nas unidades Mach-E, comercializadas até à data atrás referida.

Ao mesmo tempo, importa referir que esta funcionalidade não é um opcional pago no momento da aquisição, mas um serviço extra, pago mensalmente, no valor de 24,99€. Sendo que, além do proprietário poder cancelar a funcionalidade a qualquer momento, a Ford propõe, a todos os proprietários de um Mustang Mach-E novo, uma avaliação gratuita de 90 dias, que pode ser desfrutada de uma vez só, como de forma parcelada (um mês agora, outro mês depois...).

Para tal, basta que o proprietário crie e aceda à sua conta Ford, no site ou através da aplicação para telemóvel da marca, e, a partir daí, dê início ao período de teste.

Da nossa parte, a única coisa que podemos dizer, é que vai ficar surpreendido!...