Modelo incontornável na oferta da marca da oval azul, o Ford Focus esforça-se, hoje em dia, pelo regresso a sucessos não muito distantes. Para os quais, diga-se, esta versão ST-Line X com motorização híbrida (mHEV) de 48V, consegue mostrar argumentos capazes de a tornarem uma boa ajuda!
Dado a conhecer, pela primeira vez, aos europeus, no já distante ano de 1998, o Ford Focus continua um dos modelos mais importantes da marca norte-americana, no Velho Continente. Ainda que, hoje em dia com influência limitada à Europa Ocidental e pressionado, a exemplo da concorrência, pela avidez do mercado relativamente ao fenómeno SUV e crossover.
De resto, essa será mesmo uma das "explicações" para o surgimento deste ST-Line X que aqui ensaiamos e que visa dotar o Focus de uma imagem mais desportiva e cativante. Resultado não só de uma suspensão desportiva que dá ao modelo uma postura mais... agressiva, como também de vários outros pormenores, como é o caso do pára-choques dianteiro mais esculpido e a projectar a negra grelha frontal, das saias laterais na cor da carroçaria, ou, ainda, do conjunto de saídas de escape cromadas a destacarem-se no difusor negro. Neste caso, a fazerem companhia a um mais prolongado spoiler traseiro, na cor da carroçaria, como que a anunciar velocidade...

Entrando no habitáculo, a percepção do esforço feito pela marca no sentido de prolongar as sensações desportivas transmitidas pelas linhas exteriores, ainda que, aqui, a não esconderem uma estética, talvez, um pouco conservadora em demasia. Mesmo com a aposta no couro escuro, invariavelmente marcado - no volante, no fole da caixa de velocidades, nos bancos, e um pouco por todo o lado.... - por pespontos contrastantes em vermelho, a que se juntam ainda aplicações em metal no volante, caixa de velocidades e até nos pedais.
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Aliás, se houve algo que, definitivamente, nos agradou, foi a posição de condução, mais baixa e próxima do solo, a acentuar uma certa sensação de desportividade para a qual também o volante, com todos os ajuste e excelente pega; o banco, regulável eletricamente e com bons apoios laterais; e o apoio de pé esquerdo, bem definido, muito contribuem. Facilitando, igualmente, o acesso à generalidade dos comandos.

Numa altura em que as emissões ganham cada vez maior peso no mercado, a escolha, natural, por uma solução híbrida: o 1.0 EcoBoost mHEV de 155 cv e 170 Nm de binário. Tricilíndrico que, graças ao apoio de um sistema elétrico de 48V, consegue anunciar emissões de 122 g/km e que permitem a este Focus exibir a etiqueta Euro 6.

De resto e mesmo com sistema híbrido a garantir, por si só, 16 cv e 50 Nm de binário, além de turbocompressor com intercooler, uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 11 segundos, assim como uma velocidade máxima na ordem dos 195 km/h. Valores que, não sendo propriamente um deslumbre, ainda conseguem mostrar-se mais positivos do que, por exemplo, os consumos - é que, embora a marca fale em médias de 5,2 l/100 km, numa utilização real, não conseguimos foi baixar dos 8 litros!
TECNOLOGIANum mercado em que a tecnologia ganha preponderância todos os dias, o Ford Focus acaba por, quiçá também por questões de preço, oferecer, de série e mesmo nesta versão mais equipada ST-Line X, o indispensável. A começar nas luzes diurnas em LED e nos faróis automáticos - os de nevoeiro dianteiros, com luzes de canto -, para passar, já no interior, para um bem conseguido painel de instrumentos 100% digital, embora e também, para um, hoje em dia, já pequeno ecrã táctil TFT de 8", ou ainda, um já pouco vulgar head-up display, de lâmina em plástico. E que, pela sua grossura, interfere na visão.
Passando aos dispositivos de Segurança Activa e Passiva, a presença dos não menos vulgares ABS e ESP, um limitador de velocidade inteligente, assistência à pré-colisão (com assistência à travagem e detecção de peões e ciclistas), travagem pós-colisão, assistente ao arranque em subidas, sistema de detecção de e deflacção dos pneus, e assistência à manutenção de faixa.

Ficando, depois, para a lista de opcionais, elementos como a câmara de visão traseira e o sistema de detecção de ângulo morto, tudo parte do Pack Driver (508€), ou, ainda, o sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, a detecção de obstáculos e o controlo automático de velocidade adaptativo. Estes últimos, propostos com a versão Plus (407€) deste mesmo pack.
AO VOLANTEVersão de imagem mais desportiva e, de certa forma, a prometer mais intensidade ao volante, a verdade é que falta a este Ford Focus ST-Line X, um motor com outras ambições. Já que o pequeno tricilíndrico de 999cc., embora esforçado, rapidamente mostra não ter argumentos suficientes para verdadeiramente colocar à prova um chassis, claramente, com potencialidades para muito mais. E que nem mesmo um modo Sport, a revelar um pouco mais de genica no toque do acelerador, assusta.
De resto e com a suspensão a mostrar elevada competência, tanto em termos de desempenho e envolvimento, como em termos de salvaguarda do conforto, fica no ar a sonoridade tão característica dos tricilíndricos. E que, mais uma vez, nem mesmo o recurso ao sistema de perfis de condução com três modos - Normal, Eco e Desporto, este último a fazer-se notar até mesmo no painel de instrumentos, onde passamos a guiar um Mustang!... -, consegue disfarçar.

Pelo contrário, com outro propulsor, os atributos resultantes desta solução, facilmente ajudariam a tornar, mais intensas e satisfatórias, as já de si boas sensações ao volante!
De resto e num familiar compacto que oferece uma posição ao volante muito promissora para momentos de verdadeira condução, ficou-nos, também, uma certa desilusão quanto à direcção, a qual, mesmo com a pega desportiva oferecida pelo volante, acaba destacando-se mais pelo equilíbrio revelado, nomeadamente, na utilização do dia-a-dia, do que propriamente pela precisão e tacto desportivo. Algo que, de resto, partilha com a caixa manual de seis velocidades, também ela consciente das limitações do bloco e, por isso, a pedir utilização mais descontraída...
VEREDICTOAtraente nas linhas e com um Azul "Desert Island" que, claramente, marca a paisagem, o Ford Focus ST-Line X 1.0 EcoBoost mHEV é o tipo de hatchback que, desde logo pela sua imagem mais desportiva, facilmente poderia cair no goto de muitos portugueses.

De resto e a justificá-lo, também a óptima habitabilidade, a razoável capacidade de carga e, já agora, um preço abaixo dos 30 mil euros, que não prescinde de incluir sensações de condução convincente. E a que só um pequenino motor a gasolina, pouco expedito e algo guloso, apesar de eletrificado, não consegue responder. Não beliscando, ainda assim, o bom contributo que esta versão representa, para garantir à Ford melhor futuro...
Gostámos
Desempenho dinâmico Nem mesmo quando conjugado com um pequeno e pouco vibrante tricilíndrico, o Focus deixa de mostrar um comportamento dinâmico e envolvência na condução, que só alguns conseguem. E isso, diga-se, só pode ser bom... | Posição de condução Tratando de uma proposta familiar e, ainda para mais, equipada com um pequeno tricilíndrico, a posição de condução verdadeiramente baixa e a integrar-nos no carro, foi, sem dúvida, uma das boas surpresas que este Focus nos fez... | Habitabilidade Cuidadoso com o condutor, o Focus mostra igualmente uma meritória preocupação com os demais ocupantes. Nomeadamente, oferecendo, também nos lugares traseiros, boa habitabilidade e conforto. |
Não Gostámos
Head-Up Display de lâmina Já pouco ou nada se usa e a verdade é que a explicação de tal facto, é fácil de encontrar: ao contrário das soluções de projecção directamente no pára-brisas, o recurso a uma lâmina (grossa) em plástico, prejudica a visibilidade! | Posicionamento do botão Start Já fizemos esta crítica noutras propostas e voltamos a fazê-lo neste Focus: será possível que não havia mesmo outro lugar, menos enviesado, para colocar o botão Start? Parece-nos difícil de acreditar... | Rebatimento dos bancos traseiros São fáceis de rebater, ficam praticamente na horizontal, mas, depois, são confrontados com um piso da bagageira demasiado baixo. E isso, caros senhores da Ford, não ajuda à funcionalidade e versatilidade. |