Numa altura em que o embate entre a Alfa Romeo e o Governo italiano, devido ao nome Milano, está ainda na memória de todos nós, eis que agora é a também italiana Fiat que acaba de ver pouco mais de uma centena de veículos Topolino apreendidos pela polícia transalpina. Motivo? Exibem uma representação da bandeira italiana, sem terem sido produzidos em Itália!
Para os mais esquecidos, vale a pena recordar a "estória", que se conta em poucas palavras: tudo começou com a Alfa Romeo e a vontade de dar o nome de Milano ao seu mais recente pequeno crossover. Intenção que, no entanto, encontrou a oposição do Governo italiano, o qual chegou a ameaçar a casa-mãe Stellantis, defendendo que, de acordo um artigo em específico da lei italiana, o carro não poderia ter um nome que faz parte da identidade do país, uma vez que não era ali produzido.
Colocada contra a parede, a Stellantis acabou por ceder e, mesmo já com quase tudo em andamento, trocou o nome do então Milano, para Junior. Cedendo, assim, ao braço de ferro imposto pelo Executivo liderado por Giorgia Meloni, que, por sua vez, tinha decidido responder dessa forma à decisão do fabricante de levar a produção deste e de outros modelos, para a Polónia.
Contudo e passado cerca de um mês sobre este primeiro confronto, eis que a Stellantis volta a ter de lidar com problema idêntico, mas, desta feita, envolvendo outra marca italiana do grupo, a Fiat. A qual, noticia o jornal italiabo 'La Repubblica', assim que desembarcou as primeiras 134 unidades do novo Topolino, no porto italiano de Livorno, viu a polícia italiana apreender todos os quadriciclos (o Topolino é uma derivação do Citroën Ami e do Opel Rocks), por um pequeno e singelo pormenor: os veículos apresentam uma pequenina alusão à bandeira italiana, junto à tranca exterior da porta, algo que a lei italiana não permite, uma vez que não são produzidos no país, mas em Marrocos, na fábrica do construtor em Kenitra.
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Segundo um acordão da legislação italiana, datado de dezembro de 2023, e que, de resto, o Governo nacionalista de Itália tinha já brandido contra a Alfa Romeo, "a importação ou exportação, para efeitos de comercialização, assim como a prática de actos dirigidos inequivocamente à comercialização de produtos que ostentem indicações de proveniência ou origem falsas ou enganosas constituem crime e são puníveis nos termos de artigo 517.º do Código Penal".
Segundo este decreto, mas também de acordo com os regulamentos europeus de origem, no entender do Governo italiano, "é um acto de falsidade carimbar 'Made in Italy' em produtos e mercadorias não originários de Itália", tal como é "falacioso colocar esta indicação em produtos e mercadorias de origem estrangeira."
Por estes crimes, "o infrator é punido com multa administrativa de 10 mil euros a 250 mil euros".
Apesar de argumentando que a utilização da pequena bandeira deriva do facto do Topolino ter sido desenvolvido em Torino, a Fiat vai agora ter de retirar esse pequeno pormenor de todos os veículos, de forma a poder desbloquear os 134 quadriciclos que ainda se encontram retidos no porto de Livorno. Sendo que, só a partir daí, é que vai poder dar início à sua comercialização em terras transalpinas.
Ainda assim, vale a pena recordar que, também nesta situação e tal como, de resto, já havia acontecido com o Alfa Romeo Milano (agora Junior), as autoridades italianas parecem não ter tido tempo para alertar a Stellantis da situação, antes dos veículos começarem a chegar a Itália. Se calhar, porque o Topolino "só" foi apresentado há um ano…