A grande maioria de nós, portugueses, somos incapazes de indicar mais do que uma ou duas marcas de automóveis lusitanas. Aqui na Turbo, e durante as próximas semanas, pretendemos retificar esta lacuna, pois, na verdade, Portugal está repleto de histórias, projetos e marcas dignas da nossa consideração. Hoje, contamos-lhe a história do Felcom, o primeiro carro de competição português.
Em 1933, surge o segundo carro de fabrico português, de que há registo: o Felcom. Desta vez, um automóvel concebido para a competição.
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No início dos anos 30, um então famoso piloto e mecânico português, chamado Eduardo Ferreirinha, modificou um Ford Model A, com o propósito de o tornar competitivo nas corridas de carros que eram realizadas no nosso país.
Contudo, apenas três anos depois, este bólide começou a revelar-se obsoleto e pouco competitivo, levando Ferreirinha a vender o projeto. O comprador? Eduardo Carvalho, também ele piloto de carros e, como vamos ver um pouco mais à frente, um mecânico deveras engenhoso.
Nesta transação, Ferreirinha não só vendeu o obsoleto Ford Model A, como também uma série de componentes, entre os quais, um ainda mais antigo Turcat-Méry, de competição.
Felcom, um autêntico "Frankenstein" de quatro rodas
É, assim, que, a partir da junção destes componentes, nasce o Felcom.
Eduardo Carvalho aproveita o chassis do Turcat-Méry, a que adiciona o motor e a caixa de velocidades do referido Ford Model A.
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O bloco, de quatro cilindros, proporcionava ao Felcom 3.285 cc de cilindrada, ao mesmo tempo que, uma cabeça de motor modificada pela Miller, proporcionava potência adicional.
Já a caixa de velocidades, oferecia três relações, sem contar com a marcha atrás.
Como cereja no topo do bolo, Carvalho desenha uma carroçaria, para acoplar ao leve chassis do Turcat-Mery. De desenho elegante e aparência aerodinâmica, exibia ainda um perfil mais baixo, para ajudar a manter o centro de gravidade o mais rente ao solo possível.
Competição
Lamentavelmente, o Felcom não gozou de uma carreira rica em pódios.
Em 1933, fez a sua estreia no circuito da Boavista e, apesar da curiosidade despertada junto dos espetadores portuenses, teve uma fraca prestação: apenas conseguiu completar uma volta, antes de ter de encostar nas boxes. Resultado, o Felcom não chegou, sequer, a qualificar-se para a corrida.
Este infortúnio foi, aliás, seguido de outro. Depois da participação na corrida no Porto, o carro competiu, com Henriques dos Santos ao volante, no Circuito do Estoril. Onde, mais uma vez, não conseguiu completar a prova.
Entretanto, existem relatos de mais presenças em competição, mas a verdade é que, o Felcom, acabou por nunca conseguir alcançar o sucesso.
Fontes:
Jornal dos Clássicos
O Automóvel: Design Made in Portugal