A grande maioria de nós, portugueses, somos incapazes de indicar mais do que uma ou duas marcas de automóveis lusitanas. Aqui, na Turbo, e durante as próximas semanas, pretendemos retificar esta lacuna, pois, na verdade, Portugal está repleto de histórias, projetos e marcas dignas da nossa consideração. Hoje, contamos-lhe a história da FAP.
Tal como outras marcas automóveis, o surgimento da FAP deve-se aos sonhos e à paixão de uma só mente. Neste caso, a de Fernando Francisco Palhinhas.
Palhinhas, que competia em corridas desde a década de 20, tinha-se vindo a mostrar, também, profícuo na mecânica.
Foi, assim, a experiência nestas duas áreas, que lhe permitiram criar a marca portuguesa que encabeçou um movimento automobilístico, extremamente rico, de várias marcas nacionais, no pós-Segunda Guerra Mundial.
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A história da FAP começa no ano de 1950, quando Palhinhas decide fazer a junção de dois automóveis de conceitos completamente opostos. Falamos da adição da leveza da carroçaria do desportivo Adler Trumpf Junior Sport, à durabilidade do chassis, motor e caixa de velocidades de um furgão Fiat.
Surpreendente, esta receita, algo rebuscada, revelou-se extremamente competitiva, tendo este veículo ganho a sua primeira prova, a Rampa do Gradil.
Aerodinâmica apurada
No entanto, é só no ano seguinte, 1951, que surge oficialmente a marca FAP. Sigla para Fiat-Adler-Palhinhas, que, aliás, começa essa primeira época automobilística em força, com um novo e primeiro modelo.
Este novo modelo, mantém o chassis Fiat, com motor de 4 cilindros e tração traseira, mas abandona a carroçaria do Adler. Substituindo-a por uma outra, projetada completamente de raiz, de desenho mais aerodinâmico.
Ainda nessa época de 1951, a marca introduz em competição mais 3 novos modelos, assentes na mesma receita, mas com carroçarias distintas. Aqui, num esforço para encontrar a melhor configuração aerodinâmica.
Ao longo dos dois anos seguintes, os três FAP vão obtendo resultados excelentes em várias provas, e com elas, vieram também evoluções aerodinâmicas.
Uma das evoluções mais assinaláveis, foi a progressiva integração dos guarda-lamas dianteiros no corpo dos bólides, culminando em carroçarias completamente fechadas. O que proporcionou um comportamento mais estável a estes FAP.
FAP 53
Em 1953, surge, oficialmente, no Salão Automóvel do Porto, o FAP 53. O qual, contando, desde logo, com uma carroçaria completamente fechada, veio revelar um design extremamente elegante e avançado.
O modelo chamou igualmente a atenção pelos seus componentes, com destaque para os travões e o sistema elétrico, que foram completamente criados e fabricados de raiz, por Palhinhas.
Competição... e o fim da FAP
De 1951 a 1954, a FAP somou sucessos na competição, não apenas dentro de portas, como lá fora. Onde, inclusivamente, chegou a defrontar não apenas modelos europeus, como também outras marcas portuguesas, como a DM, a Alba, Olda e a PE.
Contudo, a sorte da FAP mudou em 1954, quando o ACP (Automóvel Clube de Portugal) decidiu aumentar a cilindrada máxima, de 1100cc para 1500cc, na classe onde os FAP competiam.
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Este aumento de cilindrada, veio permitir a entrada dos carros da Porsche e da Denzel, que se vieram a revelar demasiado competitivos para os modelos da FAP.
A marca portuguesa ainda tentou contrariar a queda na competição, com a adoção, já em 1955, dos motores Peugeot, de 1469 cc. Contudo, e apesar de ainda ter amealhado algumas vitorias, nunca conseguiu bater, de forma taxativa, os modelos alemães.
Sendo que, foi desta forma, que o epitáfio da FAP, acabaria por ficar definitivamente escrito...