Um estudo europeu levado a cabo pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente acaba de chegar a uma conclusão arrasadora para os veículos híbridos plug-in (PHEV): ao contrário do que é anunciado pelos construtores, este tipo de propostas são um autêntico "desastre ambiental", registando emissões de dióxido de carbono muito acima do legalmente declarado.
Segundo este estudo, divulgado na última madrugada através de um comunicado da associação ambientalista Zero, a qual pertence à estrutura europeia, testes feitos em "condições reais" revelaram que os veículos híbridos plug-in híbridos, ou PHEV, registam emissões que podem ser quase o dobro daquilo que é anunciado.
A Federação Europeia de Transportes e Ambiente revela, ainda, que, colocados à prova, foram os três modelos PHEV mais vendidos na Europa em 2019: o BMW X5, o Volvo XC60 e o Mitsubishi Outlander. Sendo que, pode ler-se no comunicado da Zero, "mesmo em condições de teste ótimas, em que os veículos são utilizados da forma mais moderada possível e com as baterias completamente carregadas, as suas emissões são 28%-89% superiores às contabilizadas nos testes".
Já se forem utilizados "em modo convencional, ou seja, usando exclusivamente o motor a combustão, estes carros emitem três a oito vezes mais CO2 [dióxido de carbono] do que aquilo que os testes indicam", acrescenta o comunicado.
Outra situação igualmente referida no comunicado, é aquela em que o motor de combustão é utilizado para carregar as baterias, momentos em que, garante o estudo, "as emissões, de CO2 e em geral de poluentes com efeitos nocivos diretos na saúde, vão até 12 vezes acima das anunciadas oficialmente".
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Quanto aos níveis de autonomia em modo 100% elétrico, o estudo acrescenta que são, também eles, inferiores ao publicitado, com o caso de menor alcance, a não ultrapassar "uns meros 11 quilómetros". Facto que leva a que, em condições reais de utilização, o recurso ao motor a combustão seja "constante".
"Estes automóveis só cumprem o anunciado nos catálogos em viagens muito curtas; por exemplo, numa viagem de 100 quilómetros, emitem até cerca de duas vezes mais do que o valor oficial", sentencia a Zero.
Associação pede fim dos apoios
Perante estas conclusões e porque os testes que apuram os valores oficiais de emissões destes veículos, têm o problema de assentar "na suposição excessivamente otimista da parcela de utilização em modo elétrico, ou seja, o fator de utilização elétrica, resultando em valores de CO2 irrealisticamente baixos", a associação ambientalista Zero pede o fim dos benefícios fiscais e subsídios para a compra destes veículos. Os quais, acrescenta, estão estimados, em Portugal, em mais de 43 milhões de euros para 2020.
"Trata-se de um valor que está a ser desbaratado no apoio a uma tecnologia poluente e que por isso, recomenda a Zero, deve ser canalizado sem demora para tecnologias verdadeiramente verdes", sentencia a associação, que defende, ainda, que estes apoios devem ser reservados para os veículos 100% elétricos.
Ainda assim e numa fase transitória, os apoios e acesso a subsídios devem ser sejam concedidos para veículos com uma autonomia mínima de 60 quilómetros e "acesso comprovado" a pontos de carregamento.
Já a redução do Imposto sobre Veículos deve baixar dos 75% para os 25% e as empresas só devem poder reaver metade do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e não a totalidade, como atualmente.