Preço e autonomia são os principais factores que fazem muitos portugueses desconfiar dos veículos elétricos, segundo avança um estudo do ACP sobre mobilidade elétrica.
Dos 98% dos portugueses que não são proprietários de um automóvel elétrico, cerca de 43% afirma não ter intenção de comprar, enquanto 47% admite adquirir, mas a longo prazo, segundo revela o "Estudo Mobilidade Elétrica em Portugal" promovido pelo Automóvel Clube de Portugal.
Baseado em 1550 entrevistas, o estudo procurou caraterizar o parque automóvel atual e perceber como poderá evoluir no futuro, assim como conhecer as expetativas daqueles que não possuem veículo elétrico face aos mesmos. Outro objetivo foi procurar conhecer o perfil dos 2% de portugueses que já são utilizadores deste tipo de viaturas.
De acordo com o estudo, mais de metade dos inquiridos gostaria de optar por um automóvel com uma fonte de energia amiga do ambiente, sendo sobretudo a preocupação ecológica que promove a aquisição de veículos elétricos. O preço e a autonomia são apontados como os principais entraves.
Relativamente à esmagadora maioria que não possui automóvel elétrico, cerca de um terço já fez pesquisas online sobre este tipo de viaturas e um décimo já fez um teste de condução ou visitou um stand (9%), sobretudo homens, com idades inferiores a 44 anos e das classes mais altas (A/B e C1).
Autonomia devia ser superior
A maioria dos inquiridos acredita que os veículos elétricos têm uma autonomia entre 201 e 400 quilómetros, mas para se sentirem confortáveis consideram que o alcance deveria ser superior a 401 quilómetros (52%). Quase metade aponta para uma duração de vida da bateria inferior a nove anos (49%). Não obstante a reduzida autonomia e a pouca durabilidade das baterias, os entrevistados consideram que os custos de manutenção são inferiores aos das viaturas de combustão.
O carregamento é que parece ser um problema e, na verdade, não deixam de ter razão. Quase metade assume dificuldade em encontrar locais para carregar automóveis elétricos (43%) e para dois em cada cinco carregar veículos elétricos em casa não é opção (41%).
A maioria assume que atualmente é mais barato circular com um veículo elétrico do que um movido a combustão (59%) e que na possibilidade de aquisição de uma viatura desta tipologia, quase metade optaria por uma marca tradicional, enquanto 24% apostaria numa nova marca.
Quanto a preços, a maioria dos entrevistados (63%) pensa que é possível comprar um carro elétrico até 40 mil euros, mas aponta um teto máximo de 30 mil euros para assumir a probabilidade de aquisição.
No que se refere aos 2% de proprietários de automóveis elétricos, a maioria efetua, em média, mais de 400 quilómetros (59%) e faz viagens curtas (58%), sendo pouco frequentes as viagens superiores a 90 quilómetros. A grande maioria do parque tem menos de cinco anos (86%).
Carregamento doméstico mais acessível
Cerca de três em cada quatro proprietários são os responsáveis pelo carregamento e pagamento das despesas da viatura elétrica (77%). A maioria faz entre um a três carregamentos semanais (63%) e gasta até sete euros por carregamento doméstico (54%) e até 50 euros mensais (58%).
O carregamento doméstico lidera as preferências, seguindo-se os postos públicos e no trabalho são as outras opções. A escolherem o local para carregar as viaturas, os utilizadores optam, em primeiro lugar, pelo preço mais baixo (75%), localização (67%) e carregadores rápidos (54%).
Encontrar um posto de carregamento livre e em funcionamento é apontado como o maior problema no carregamento em locais públicos (41%), sendo considerada uma tarefa difícil entrar um posto disponível para 30%.
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Os entrevistados referem que têm maiores dificuldades em encontrar um posto de carregamento nas pequenas cidades e vilas (55%) e nas áreas rurais (49%). O Alentejo é a zona considerada mais difícil para encontrar postos de carregamento (25%). Todavia, 20% afirmam nunca ter sentido dificuldades em nenhuma zona do país.
Além disso, entender o preço pago no comercializador pela eletricidade é para 30% uma tarefa difícil. O pagamento com o Cartão do comercializador de mobilidade elétrica é o método de pagamento mais utilizado (40%).