O consórcio italo-americano pode efetivamente chamar-se Fiat-Chrysler Automobiles, mas as duas marcas de volume devem ser as mais penalizadas no último plano estratégico do atual CEO. Mas se, por um lado, Sergio Marchionne pode tramar a Fiat e a Chrysler, a Jeep e a Maserati devem ser as mais beneficiadas na visão preconizada para o grupo Rentabilidade ao invés de volume. Assim pode ser definida a trave-mestra do último plano estratégico delineado por Sergio Marchionne para o Grupo Fiat-Chrysler, segundo fontes próximas do atual CEO revelaram à Bloomberg. A ideia passa por apostar em emblemas de menor volume mas com potencial para gerar mais lucros, enquanto as marcas de maior volume ficarão confinadas a regiões onde têm maior peso. Esta visão está, aliás, alinhada com as ideias antes avançadas sobre a mudança no local de produção dos modelos do fabricante transalpino. E talvez não seja demais afirmar que Marchionne pode tramar a Fiat e a Chrysler. A marca italiana pode sair dos Estados Unidos (onde até consegue uma interessante presença com o 500 nas zonas urbanas) e também da China. E no caso da Chrysler, ela pode ser uma marca exclusiva para o mercado americano, abandonando progressivamente outros territórios onde está presente. Ou seja, mesmo com o grupo a chamar-se Fiat-Chrysler, estas duas serão as maiores prejudicadas pelo atual CEO, caso estas informações sobre a estratégia para o futuro se confirme. Em sentido contrário, a Jeep é a grande beneficiada. O que é justificado pelas estimativas de que a responsável por modelos míticos como o Willys e o Wrangler representa 70% dos lucros do consórcio italo-americano. Mas também pelo seu posicionamento estratégico, bem no coração do cada vez mais procurado segmento SUV, pelo que a presença da marca na Europa, Ásia e Brasil será reforçada. Além, disso, também estará prevista a introdução, a partir de 2019, de propostas híbridas. A meta passa por duplicar as vendas até 2022, em comparação com os 1,4 milhões de automóveis comercializados no último ano. Também a Maserati deve sair beneficiada, pois mesmo com um baixo volume de vendas o seu posicionamento nos segmentos mais altos ajuda a garantir maiores lucros. Embora ainda não sejam conhecidos os planos concretos, recentemente têm vindo a público rumores sobre um segundo SUV que fará companhia ao Levante. Isto significa que a grande incógnita de momento é a Alfa Romeo, cujo plano de revitalização tem vindo a ser alongado e que de momento tem no Giulia e no Stelvio as maiores apostas. Tendo em conta que outra das informações mais recentes aponta para o fim de linha para o Mito, são ainda muitas as dúvidas sobre as intenções de Marchionne. Contando já com 14 anos ao leme da FCA, Sergio Marchionne prepara-se para abandonar a liderança em 2019, pelo que este será o último plano estratégico delineado por ele. Enquanto foi timoneiro da empresa, salvou-a da bancarrota e conseguiu fazer o seu valor aumentar mais de dez vezes. Mas recentemente têm surgido algumas dúvidas sobre quais as ideias para o futuro e os investidores exigem respostas. A primeira terá a ver com as (recorrentes) possibilidades de fusão com outras empresas que o CEO tem alimentado, embora de forma menos frequente nos últimos tempos. Outra importante dúvida é sobre a estratégia de eletrificação, pois este é consórcio mais atrasado neste tema entre os grandes fabricantes mundiais. Recorde-se que o líder chegou mesmo a afirmar no último ano que estes modelos não são viáveis. E não se pode descurar ainda o impacto que podem ter as atuais investigações ao grupo sobre uma possível fraude de emissões. Uma coisa é certa, caso se confirmem as ideias agora avançadas, e se confirme que italiano Marchionne pode tramar a Fiat e a Chrysler em detrimento da Jeep e da Maserati, o atual CEO não ganhará muitos amigos no seu país de origem… Fonte: Automotive News