Embora com as autonomias a crescerem, a ansiedade continua a fazer parte da realidade dos veículos elétricos. Motivo pelo qual um conjunto de investigadores da Universidade de Cornell, nos EUA, liderados por um ex-investigador da NASA, acaba de propor uma solução: e se os EVs pudessem carregar as baterias, a partir da estrada?
A notícia foi divulgada pelo site Insider, destacando a investigação que tem vindo a ser feita por um grupo de investigadores da renomada Universidade de Cornell, EUA. Os quais acreditam que, o recarregar das baterias em andamento, pode ser a solução há muito procurada, para combater, não somente as autonomias limitadas dos veículos elétricos, como também os condicionalismos impostos pela a ainda reduzida rede de carregamento.
Embora, hoje em dia, o carregamento das baterias por indução seja algo real e já em aplicação, nomeadamente, no recarregar das baterias de smartphones, a solução pode, no entanto, não passar por essa tecnologia em específico. Desde logo e segundo afirma o principal responsável pelas pesquisas neste domínio, Professor Khurram Afridi, devido às dificuldades técnicas e custos elevados para gerar campos magnéticos a partir da superfície de uma estrada.
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Assim, a tecnologia que Afridi e a sua equipa têm vindo a desenvolver, aposta numa solução distinta dos campos magnéticos alternados que chegaram a ser testados nos anos 80, recorrendo, antes, aos campos elétricos de alta frequência. Tecnologia que o mesmo Afridi começou a desenvolver numa altura em que ainda trabalhava no Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA.
"Na altura, eles [NASA] acharam que não era viável, porque não pensaram em ir para o nível de frequências que eu imaginava", defende Afridi, recordando, no entanto, que "essa sempre foi a minha área de pesquisa. É, realmente, a minha paixão, ir para frequências muito altas e levar a tecnologia à sua frequência potencial mais alta. "
Carregar um Leaf em cinco horas
Graças aos desenvolvimentos já alcançados, o investigador garante, agora, que, veículos com distâncias ao solo até 18 cm - categoria em que se inserem a maioria dos EVs -, podem ver as suas baterias carregadas na estrada, através da tecnologia desenvolvida por esta equipa de investigadores de Cornell.
Recorrendo a um sistema de placas instaladas na via, um Nissan Leaf, por exemplo, consegue repor a totalidade da energia da bateria, em qualquer coisa como cinco horas, afirma Afridi. Já veículos com baterias maiores, demoram mais, acrescenta.
Quanto às alterações nas infraestruturas que um projecto como este acarretaria, o investigador garante ter algumas ideias que facilitariam a sua implementação. Desde logo, a ideia de que o sistema de carregamento não seria aplicado ao longo da totalidade das vias, mas em locais e faixas de trânsito específicas.
Sempre que quisesse carregar as baterias do seu EV, o condutor teria, assim, apenas de entrar numa dessas faixas, momento a partir do qual caberia ao sistema ler a matrícula do veículo ou um código único, dando início, sem seguida, ao carregamento. Uma vez reposta a energia, o condutor apenas teria de mudar de faixa, sendo posteriormente cobrado pela energia consumida.
Ainda segundo Afridi, estas placas emissoras de campos elétricos de alta frequência também podem ser instaladas, por exemplo, em sinais de STOP ou luminosos, para que, sempre que os veículos parem, possam também recarregar. Algo que, garante professor associado de Cornell, seria de instalação ainda mais fácil.
Construtores automóveis são imprescindíveis
No entanto e segundo também afirma o investigador, para que a tecnologia funcione, é preciso que os fabricantes automóveis também embarquem neste desafio. Uma vez que será necessário instalar, também nos automóveis, tecnologia compatível com a aplicada nas infraestruturas.
Contudo e caso aceitassem aderir, Afridi recorda que beneficiaria para todas as partes, pois, não só os requisitos, em termos de baterias, nos veículos, se tornariam menores, como as próprias baterias poderiam ser mais pequenas. O que também tornaria os veículos mais leves e mais eficazes, ao mesmo tempo que se aliviaria a carga ambiental resultante da produção de baterias.
Resultado, igualmente, destes condicionalismos, o investigador assume que a aplicação desta nova tecnologia de carregamento, dificilmente poderá ser encarada para o imediato. Podendo, sim, ser vista, como aplicável num horizonte temporal de 10 anos.
Algo que, mesmo assim, implica uma congregação de vontades por parte dos vários players da indústria...