Informações apontam que o responsável máximo da marca, e da Aliança que integra o fabricante gaulês, teria um plano que renderia milhões de euros a mais na sua conta anualmente. Embora o principal envolvido negue totalmente as acusações, surgem indicações que detalham e referem a aprovação de Carlos Ghosn a um esquema de pagamentos ilegal para o CEO da Renault. Rebentou um novo escândalo em França que tem no responsável máximo da Renault, Carlos Ghosn, o protagonista maior. Segundo noticiou a Reuters no início desta semana, estava a ser planeado um esquema de pagamentos ilegal para o CEO da Renault, que ocupa quatro dos seis cargos de topo na aliança franco-nipónica que inclui ainda a Nissan e a Mitsubishi. Documentos apontam para a existência de um programa de bonus ocultos que teria por base prémios para as sinergias que fossem obtidas dentro do consórcio, algo especialmente importante agora que a marca dos três diamantes foi também integrada nesta estrutura. Carlos Ghosn reagiu negando o caso, e referiu que estes documentos integravam um conjunto vasto de propostas de uma consultora. Explicou ainda que o facto de receberem diversas ideias não significa que elas serão todas postas em práticas, como nesta situação. A oposição do governo francês, maior acionista da Renault, ao vencimento de Ghosn (recebe um total de 15,6 milhões de euros é o terceiro CEO mais bem pago na bolsa de Paris) estaria na origem de um sistema para pagamentos através de uma empresa sediada na Holanda. Em 2016 o executivo gaulês, que tem sido muito crítico relativamente aos ordenados dos CEO e também já emitiu comentários negativos sobre o que ganha na PSA o português Carlos Tavares, bloqueou decisões relativamente ao vencimento do Diretor Executivo da Renault, o que esteve na origem de um corte de 20% nos pagamentos referentes a "variáveis" no último ano e também significou uma clarificação dos critérios para bónus. Esta situação poderá estar agora na origem de um esquema de pagamentos ilegal para o CEO da Renault. A proposta consistia em pagar dividendos até 5,5 mil milhões de euros para uma empresa holandesa criada especificamente para avalizar o reforço da ligação entre as várias marcas . Esta sociedade teria como objetivo criar novas sinergias no grupo que integra a Renault, Nissan e Mitsubishi e, posteriormente, iria dotar fundos para "encorajar os executivos a perseguir oportunidades de sinergias", até um máximo de 8% dos ganhos obtidos pela maior integração entre as três marcas. Aqui podemos pensar em situações como a aquisição de componentes, produção ou transporte de viaturas, existindo uma multiplicidade de áreas onde a Aliança franco-nipónica poderia poupar. Para se perceber os montantes envolvidos, se por exemplo fossem registados ganhos de mil milhões de euros com estas sinergias, isso significaria 80 milhões de euros a dividir pelos Presidentes e CEO das marcas. Como Ghosn tem quatro destes seis postos, é fácil perceber quem ficaria com a "fatia de leão" do esquema de pagamentos ilegal para o CEO da Renault. Esta empresa holandesa seria totalmente privada e externa, evitando assim a obrigação de revelar publicamente aos acionistas dos fabricantes as compensações pagas. Além disso, poderia também evitar o pagamento de taxas fiscais. A base da procura de sinergias estará no facto do estado francês bloquear a efetiva fusão entre Mitsubishi, Nissan e Renault, pelo que esta sociedade holandesa pretendia garantir um funcionamento "em bloco" sem a necessidade de efetiva integração numa só empresa. Este plano de incentivos teria o apoio de Carlos Ghosn, de acordo com mensagens trocadas no início de junho e onde se lia que "o esquema ainda está a ser trabalhado ao detalhe". Para esta situação terá sido importante o apoio da Ardeas Partners. Esta é uma empresa fundada em 2016 por um ex-membro da Goldman Sachs, Christopher Cole, considerado alguém próximo do responsável máximo da marca gaulesa. Funcionando como um banco privado, a Ardeas refere que fornece "apoio estratégico e conselhos financeiros a CEOs, fundadores e quadros de Direção de empresas líderes globais que enfrentam problemas complexos". Uma explicação eloquente e que também deixa a porta aberta para soluções como a que a Reuters agora descreveu. Relativamente à possibilidade de um esquema de pagamentos ilegal para o CEO da Renault, a Ardeas Partners referiu que "é política da empresa nunca falar com a imprensa". Já da parte da Renault, o comentário foi que "nenhuma decisão foi tomada. Não vamos comentar mais sobre rumores ou especulações". Carlos Ghosn, no final da Assembleia de Acionistas desta quinta-feira disse que os papeis consultados pela Reuters integram "um conjunto de documentos de uma consultora que veio ter connosco com um conjunto de propostas. Estamos abertos a propostas, mas isso não significa que todas as ideias serão colocadas em prática". Como tal conclui que não está prevista a introdução de nenhum plano para pagamentos de bónus adicionais para os dirigentes de topo da Aliança, refutando portanto a existência de um esquema de pagamentos ilegal para o CEO da Renault. Mas, provando que esta é uma situação delicada, o vencimento de Carlos Ghosn de 7,03 milhões de euros na Renault foi aprovado por uma margem de apenas 53% contra 47% na Assembleia-Geral de Accionistas da marca. No último ano, como já indicado, o montante ganho teve voto negativo, levando ao corte de 20% nas verbas ganhas referentes a variáveis. Fonte: Reuters, Reuters