Emissões: UE já admite adiar metas de 2025 em três anos

Numa altura em que os alguns construtores automóveis europeus procuram soluções de recurso para conseguir cumprir as difíceis metas anti-emissões, a Comissão Europeia admite agora aliviar um pouco a pressão. Nomeadamente, adiando em três anos os objectivos fixados para 2025.

A revelação foi feita pela própria Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante uma conferência de imprensa divulgada pela agência noticiosa Reuters, na qual anunciou, já para o final do mês de março, uma “emenda” à regulamentação anti-emissões que entra em vigor já este ano. E que, segundo von der Leyen, trará maior flexibilidade ao setor automóvel.

De acordo com o Automotive News Europe, esta emenda deverá permitir aos construtores automóveis, entre outros aspectos, falharem as metas previstas para este ano, desde que consigam ter um melhor desempenho nos próximos dois.

Recorde-se que os fabricantes automóveis europeus têm vindo a pressionar a Comissão Europeia no sentido de alterar as metas definidas para 2025, em grande parte, devido à desaceleração nas vendas de veículos elétrico em 2024. Ano em que procura caiu 1,3%, para as 1.995.363 unidades, quando e de forma a permitir que os construtores cumprissem os objectivos estipulados pela União Europeia (UE), aquilo que era necessário era que as vendas crescessem.

Quanto à solução que poderia passar pela formação de grupos de fabricantes, como forma de fazer baixar a média de emissões dos integrantes desse mesmo grupo, a Auto News avança que terão surgido dúvidas, na Comissão Europeia, relativamente a esta hipótese. Desde logo, porque poderia beneficiar, sim, construtores como a norte-americana Tesla ou os fabricantes chineses.

Itália e Chéquia aplaudem, marcas dividem-se

Embora indo de encontro àquilo que eram os desejos, não só de muitos fabricantes automóveis, como também de alguns estados membros, como a Itália ou Chéquia, dois países com uma importante indústria automóvel e que, de resto, terão já aplaudido a proposta, a verdade é que esta nova flexibilização não deverá receber, apenas e só, reacções positivas.

  • Automóveis vão ficar mais caros na Europa em 2025

    ID: 204308 | 4092309778

Enquanto construtores como a Volkswagen encararão, certamente, a medida como um alívio, especialmente depois de ter alertado para possibilidade de prejuízos na ordem os 1,5 mil milhões de euros, outros fabricantes, como a Volvo, há muito que pressionam a Comissão Europeia para que mantenha as suas metas. Defendendo a importância de proteger e apoiar todos aqueles que, desde o primeiro instante, fizeram todos os esforços para corresponder às exigências da União Europeia, investindo fortemente em novas tecnologias.

Associações balançam

Confrontada com esta nova solução, a directora geral da Associação Europeia de Fabricantes Automóveis (ACEA), Sigrid de Vries, considerou a proposta muito positiva, embora sem deixar de considerar que os objetivos continuam a ser muito desafiantes. Já o presidente da Associação Europeia de Fornecedores da Industria Automóvel (CLEPSA), afirmou que a proposta oferece um “alívio limitado”.

Igualmente ouvido pela Reuters, o grupo de organizações não-governamentais que atuam na área dos Transportes e do Ambiente, Transport & Environment (T&E), descreveu a proposta como “um presente sem precedentes para a indústria automóvel europeia, no meio de um ano de deveria ser de conformidade”, noticia, mais uma vez, a Auto News.

“Enfraquecer as regras da União Europeia para tornar os carros mais limpos recompensa os retardatários e faz pouco pela industria automóvel europeia, excepto deixá-la ainda mais atrás da China”, comentou, num e-mail enviado à agência noticiosa, o director executivo da T&E, William Todts.

Nada está garantido… ainda

Recorde-se que a alteração agora avançada pela Presidente da Comissão Europeia tem ainda de ser aprovada pelos Estados-membros e pelo Parlamento Europeu.

Enquanto isso, a mesma Comissão deverá publicar, já no próximo dia 5 de março, o seu novo plano de acção destinado a ajudar a industria automóvel europeia, que atualmente passa por dificuldades. E que pode passar, entre outras medidas, por incentivos, dados pela União Europeia, à compra de veículos elétricos.

Von der Leyen também já anunciou pretender explorar o apoio directo da UE aos seus fabricantes de baterias.