Em Portugal, a caça à multa é apontada como a solução para a sinistralidade rodoviária, mas na Alemanha não é bem assim, com o ministro dos Transportes germânico a afirmar que os veículos elétricos eliminam a necessidade de impor limites de velocidade nas autoestradas daquele país.
Nos últimos anos, alguns modelos desportivos atingem velocidades máximas bastante elevadas, ultrapassando, por vezes, os 300 km/h, levantando preocupações acerca da segurança rodoviária. Um dos países onde se coloca esse problema é na Alemanha, onde existem troços de autoaestradas sem quaisquer limites de velocidade máxima.
Essa situação levou a opinião pública alemã a debater a questão dos limites de velocidade nas autoestradas e algumas organizações ligadas à segurança rodoviária e ao ambiente vieram pedir a aplicação de limites de velocidade . Contudo, o ministro alemão dos Transportes, Volker Wissing, veio já afastar esse cenário, afirmando que não está prevista a introdução qualquer novo limite nos tempos mais próximos.
"A ideia passa pela responsabilidade individual dos cidadãos, desde que não ponham os outros. O Estado deveria parar aqui", afirmou Volker Wissing, à imprensa alemã. "O elevado preço da energia já está a levar muita gente a conduzir mais devagar. E com os automóveis elétricos, as pessoas não irão conduzir tão depressa para poupar a carga da bateria".
Volker Wissing é ministro de um governo de coligação que foi eleito em outubro de 2021. Um dos partidos da coligação era a favor dos limites de velocidade, levantando questões se aquela seria uma das prioridades políticas. Algumas notícias sugeriam que o apoio popular aos limites de velocidade era o mais elevado de sempre e mesmo o então piloto de Fórmula 1 Sebastian Vettel pronunciou-se a favor dos limites.
Com os elevados preços da energia devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, a questão do limite de velocidade voltou a ser levantada. No entanto, Volker Wissing afastou esses rumores e falou mesmo em fazer mais autoestradas para ajudar a minimizar o congestionamento, apesar da objeção de outros no seio do governo germânico.
Mais tráfego rodoviário
"Na Alemanha, não só o número de automóveis, mas também o transporte rodoviário tem aumentado constantemente ao longo dos anos", referiu Volker Wissing. "Contudo, isto não foi acompanhado pela ferrovia ou pela rodovia".
O aumento da rede de autoestradas vai contra os objetivos ambientais dos outros partidos alemães, levando a uma fricção no executivo de Berlim. Volker Wissing aponta para o veículos elétricos e o aumento do parque circulante.
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"Em 2023 haverá mais 50 milhões de toneladas para transportar", justifica o governante. "Isto pode não agradar a todos: vai haver mais tráfego nas estradas alemãs e teremos de lidar com isso. Caso contrário, a economia irá paralisar e perderemos empregos".