Muitas famílias admitem que o seu próximo automóvel possa ser um elétrico e para dissipar dúvidas procuramos esclarecer o que precisa saber sobre este tipo de viaturas.
O anúncio da proibição da venda de veículos de combustão a partir de 2035 e a possível restrição à entrada nos centros urbanos de viaturas com motorizações tradicionais estão a levar muitas famílias portuguesas a comprar um automóvel elétrico. Aliás, muitos consumidores acreditam mesmo que o seu próximo automóvel será elétrico.
Como esta é uma tecnologia relativamente nova, muitos consumidores ainda têm as suas dúvidas relativamente aos veículos elétricos, designadamente à condução, à autonomia e aos carregamentos. Aqui deixamos alguns esclarecimentos que podem ajudar a dissipar algumas dúvidas.
À semelhança dos veículos de combustão. muitos elétricos necessitam de serem acionados, geralmente carregando-se num botão de "Start / Stop". Depois basta esperar por uma mensagem "Ready" no painel de instrumentos, destravar o carro (se ainda for necessário através de do travão de estacionamento mecânico ou elétrico), selecionar o programa de condução, carregar no pedal do acelerador e arrancar.
Será de referir que este procedimento poderá não ser necessário em veículos de algumas marcas, bastando carregar no pedal do travão para ativar a linha motriz elétrica. Seguidamente é necessário colocar o veículo em marcha e arrancar. Para desligar é fazer o processo inverso.
Em termos de condução, um veículo elétrico funciona como um automóvel automático, bastando selecionar o programa de condução para a frente ou para trás. Regra geral, a transmissão possui apenas uma velocidade, pelo que o motor elétrico funciona numa vasta gama de rotações sem a necessidade de engrenar uma mudança, e com o binário máximo disponível logo no arranque.
Autonomia
Uma questão que preocupa muitos condutores é a autonomia do veículo elétrico. Esta depende da capacidade da bateria e já existem modelos que oferecem autonomias superiores a 500 quilómetros. Este valor já é suficiente para a grande maioria dos cenários viagem. Contudo, valores de autonomia de aproximadamente 300 quilómetros já permitem assegurar a maioria das deslocações pendulares dos condutores portugueses durante uma semana.
Sempre que possível, o veículo elétrico deverá ser carregamento num posto lento ou semirrápido durante a noite ou no trabalho durante o dia, procurando beneficiar do custo de carregamento mais baixo.
Paras as viagens mais longas é recomendável verificar com antecedência se existem estações de carregamento onde se possa parar para fazer um carregamento parcial ou total da bateria. À semelhança dos veículos de combustão existem fatores que influenciam a autonomia como o estilo de condução e a velocidade, mas também a temperatura exterior ou inferior do mesmo, incluindo o ar condicionado.
Carregamento
Relativamente ao carregamento existem dois métodos: corrente alterna (CA) e corrente contínua (CC). A primeira alternativa não é tão rápida, mas é mais barata. Neste caso, as tomadas de 230 V ou 400 V da rede doméstica fornecem corrente alterna, que o veículo elétrico tem de converter em corrente contínua.
A carga de uma tomada trifásica é mais rápida devido ao maior fluxo de energia, mas a corrente ainda precisa de ser transformada de corrente alterna para contínua. A forma mais rápida é o carregamento rápido (corrente contínua) a partir de um carregador destinado especificamente a veículos elétricos.
O carregamento é um processo não linear - são necessários entre 30 a 50 minutos para recuperar entre 10% a 80% da capacidade da bateria nos postos de carregamento rápido e ultrarrápidos, mas os restantes 20% podem demorar aproximadamente o mesmo tempo. Isto exige alguma precaução e bom senso por parte do utilizador. Caso contrário arrisca-se a ter uma surpresa desagradável quando receber a factura do carregamento. O ideal será mesmo carregar até 80& num posto rápido e os restantes 20% num lento, público ou numa tomada doméstica.
Como os veículos elétricos vendidos na Europa possuem conectores do Tipo 2 - IEC 62196 para carregamentos lentos e para rápidos o CCS Combo (Combined Charging System) ou o CHAdeMO, este último mais utilizado, até agora, por modelos de marcas japonesas como a Mitsubishi, Nissan ou Lexus.
Para pagamento dos carregamentos, o cliente terá de subscrever o serviço de fornecimento de energia elétrica junto de uma das empresas comercializadoras e assim poder carregar na rede pública. Algumas marcas já têm soluções integradas que incluem o carregamento das viaturas.
Regeneração da energia
Os veículos elétricos possuem uma função de regeneração da energia durante os processos de desaceleração e travagem que permite recarregar a bateria. O sistema proporciona uma melhoria da eficiência energética do sistema elétrico e nalguns casos permite ganhar alguns quilómetros de autonomia.
Em muitos modelos é possível escolher os níveis de intensidade de recuperação, utilizando comandos específicos, alguns atrás do volante e outros na consola central. O utilizador também pode escolher um nível mais potente, designado geralmente como Modo B.
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A recuperação muda fundamentalmente a experiência de condução - o nível mais forte trava de forma tão eficaz que o veículo começa a abrandar assim que o acelerador é libertado, para que se possa conduzir confortavelmente com apenas um pedal.
Vida útil das baterias
Uma preocupação dos automobilistas é a vida útil da bateria. Existem vários fatores que influenciam, particularmente o estilo de condução, os cuidados com o veículo e o cumprimento dos horários de manutenção prescritos.
Regra geral, as marcas anunciam uma garantia da bateria de oito anos ou 160 mil quilómetros para uma capacidade acima dos 70% do seu nível original durante este período.