Com a Mobilidade Eléctrica a conquistar adeptos todos os dias, a questão da durabilidade das baterias, assim como da capacidade que perdem com o passar dos anos, surge como uma das preocupações mais notadas. Revelamos-lhe tudo sobre esse processo de degradação que, embora inevitável, também pode ser desacelerado.
Mais do que uma inovação ainda à procura de afirmação, trata-se, sim, de uma tecnologia que, neste momento, dá mostras de já só ter um caminho a seguir: o da disseminação plena, terminada com o domínio naquele que será o mercado automóvel do futuro.
Para os leitores mais desatentos ou que só agora começam a ler com mais atenção este texto, estamos a falar - naturalmente! - do Veículo Elétrico (EV). Tecnologia de mobilidade aplicada nos primórdios do Automóvel e que as questões ambientais fizeram, agora, regressar, resultado da sua peugada carbónica quase nula, na utilização.
No entanto, também não é menos verdade que, o Veículo Elétrico do presente, não é isento de aspectos negativos; inclusive, no domínio ambiental. Pois, embora sendo certo que praticamente não polui na utilização, também é verdade que, aspectos como o das terras raras, altamente poluentes, que são utilizadas nas baterias, continuam sendo um problema por resolver. Nomeadamente, a partir do momento em que as baterias deixam de conseguir cumprir os requisitos necessários - capacidade de armazenamento, principalmente - à sua utilização.
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Assim e tendo sempre presente a máxima já assumida por todos os construtores automóveis, de que as baterias perdem capacidade de armazenamento, à medida que vão somando carregamentos, irrompe a dúvida: Qual é, hoje em dia, a taxa de degradação que uma bateria sofre, sempre que é carregada? E quais os aspectos ou práticas que interferem com a velocidade de degradação?
É, precisamente, a estas questões que, com o inestimável contributo dos nossos companheiros da InsideEvs, vamos tentar responder. Deixando, ao mesmo tempo e também, algumas dicas sobre a melhor forma de manter as baterias do seu EV, nas melhores condições possíveis, ao longos dos anos. Aproveite!
Quatro elementos que contribuem para a degradação das baterias
A verdade é que, mesmo com toda a tecnologia que hoje em dia temos à disposição, continua a ser muito difícil, fixar um valor indicativo daquilo que será a taxa de degradação por que passa a generalidade das baterias.
Ainda assim e embora sejam muitos os factores que influem neste processo, não deixa de ser possível destacar quatro elementos principais, que contribuem, de forma acentuada, para a degradação da capacidade de armazenamento das baterias. A saber:
1. Carregamentos rápidos
Muito apreciados pelos proprietários de carros elétricos, desde logo, pela substancial redução no tempo que os obriga a estarem ligados à tomada, também é verdade que, o carregamento rápido em si, não causa, necessariamente, uma degradação acelerada da bateria. Contudo, já o mesmo não se pode dizer da subida da carga térmica, durante o carregamento, a qual pode danificar os componentes internos da célula da bateria e fazer com que menos iões de lítio sejam transferidos do cátodo para o ânodo.
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Ainda assim e segundo um estudo levado a cabo, já na década passada, pelo Laboratório Nacional do estado norte-americano do Idaho, com quatro veículos Nissan Leaf de 2012, dois deles com baterias carregadas através de uma wallbox doméstica de 3,3 kW, ao passo que os restantes dois carregados sempre em estações de carregamento rápido de 50 kW DC, apenas um destes últimos, chegou ao fim do estudo com menos 3% de capacidade de carregamento das baterias, face aos restantes. Resultado que vem demonstrar que, até mesmo a temperatura ambiente em que os veículos são utilizados, consegue, não raras vezes, ter efeitos mais acentuados no desempenho das baterias...
2. Temperatura ambiente
E já que falamos de temperatura ambiente, é, talvez, a altura ideal para recordar uma outra máxima incontornável, relativa aos EV, segundo a qual, temperaturas mais baixas, podem não só contribuir para a diminuição da taxa de carga de um veículo elétrico, como até mesmo para limitar temporariamente a sua autonomia.
Quanto às temperaturas quentes, embora podendo ser encaradas como benéficas para o processo de carregamento rápido, também apresentam o perigo de, numa exposição prolongada, poderem danificar as células.
Posto isto, é vulgar a recomendação de, no caso de pretender manter o seu EV imobilizado por um período mais longo, e nomeadamente no exterior, o faça mantendo-o ligado à tomada, de forma a que a energia externa mantenha a bateria com o nível de carregamento correcto.
3. Quilometragem
Considerado um elemento interveniente no desgaste da baterias, a verdade é que toda e qualquer bateria de iões de lítio recarregável, acaba sofrendo um desgaste nas células, à medida que os ciclos de carga se vão acumulando.
Apenas como exemplo, é possível citar o caso da Tesla e do seu topo de gama, Model S, cujas baterias, segundo assumiu já a própria marca, registam uma taxa de degradação de cerca de 5%, uma completadas 25.000 milhas, qualquer coisa como 40.234 quilómetros. Sendo que, uma vez ultrapassadas as 125.000 milhas (201.168 km), o sistema de armazenamento de energia terá perdido mais 5% da sua capacidade.
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Naturalmente, estes são números calculados com base num desvio padrão e tomando como objecto de análise baterias em excelente estado de conservação, além de no máximo sua capacidade. Algo que, como todos também sabemos, nem sempre acontece, existindo, não raras vezes, ligeiras discrepâncias, que, naturalmente, acabam afectando o resultado final...
4. Tempo
No entanto e ainda pior do que a quilometragem, para a vida (longa) das baterias, é, sem dúvida, a passagem do tempo. Embora e segundo alguns estudos, as baterias refrigeradas líquidos tenham, neste aspecto, percentagens de degradação bastante mais baixas, que as soluções refrigeradas a ar.
Então, como devo fazer para manter a bateria do meu EV?
Passemos, então, às dicas:
- Sempre que souber que vai deixar o seu EV parado durante um período prolongado, nomeadamente, durante os períodos mais quentes do ano, procure fazê-lo, mantendo-o ligado à tomada, para que o sistema faça o acondicionamento adequado das baterias. Já no caso do seu EV não possuir baterias refrigeradas a líquido, então, procure mantê-lo, igualmente, numa zona de sombra e mais fresca;
- No caso dos EV com programação disponível e especialmente naqueles dias mais quentes, procure ativar o pré-condicionamento do sistema, durante os 10 minutos anteriores à partida. Isto, para evitar que a bateria sobreaqueça, com uma condução inicial muito intensa e feita sob forte calor;
- Quanto aos carregamentos e embora as cargas rápidas, na ordem dos 50 kW DC, não sejam tão nocivas quanto alguns condutores possam pensar, sempre que tiver possibilidade, opte, antes, pelos carregamentos ditos normais, ou AC. Já que, além de não atingirem temperaturas tão altas, também são, por princípio, mais baratos;
- Sempre que possível, evitar andar com o EV com uma carga de bateria abaixo dos 10-20%, ou seja, com as baterias já na chamada zona crítica;
- Finalmente e quanto à compra de um EV usado, o conselho é que procure viaturas ainda com uma boa margem em termos de garantia e desde que possuam uma garantia de fábrica, relativamente às baterias, de, pelo menos, 8 anos ou 100.000 quilómetros. Sendo que a garantia deverá cobrir, ainda, a substituição das baterias, durante o período de vigência da mesma, sempre que a capacidade de armazenamento descer abaixo dos 70%. Basicamente, quanto mais recente for o EV, melhor!