O Alpine A 110 é um dos melhores desportivos que já nos passaram pelas mãos. Tem a leveza de um Lotus, a performance de um Porsche, o conforto de um Renault e o impacto histórico e emocional de um Alfa Romeo. Mas não tem o preço de um McLaren. Mais: o Alpine A 110 junta a isto uma versatilidade de utilização que o torna suave na estrada e um canhão na pista. Mas não é para todos. Só os entusiastas lhe identificam a estirpe da Alpine, nascida do espírito de competição de Jean Rédélé, fundador da marca em 1955. Para ele, o segredo para ganhar corridas não estava na potência bruta, mas sim na leveza, agilidade e dimensões compactas. Claro que a performance necessita de potência e essa é assegurada pelos 252 cv do motor 1.8 turbo de 4 cilindros, mas o Alpine A 110 é um genuíno herdeiro da Berlinette clássica com o mesmo nome nas suas três vertentes básicas: compacto, leve e ágil. Mede 4,18 m de comprimento por apenas 1,25 m de altura, pesa 1103 kg e acelera de zero a 100 km/h em apenas 4,5 segundos. A velocidade máxima de 250 km/h é um recorde para um carro sem asas. Algo só possível graças ao trabalho aerodinâmico que envolve fundo liso e um extrator traseiro digno desse nome. Não tem amortecedores pilotados. Não tem diferencial autoblocante. Não tem suspensões multilink. Mas tem uma plataforma totalmente nova e exclusiva (nada de partilhas com a detentora Renault). Tem estrutura e carroçaria de alumínio, triângulos duplos em ambos os eixos e dois fantásticos bancos desportivos integrais da Sabelt que pesam apenas 13,1 kg cada um. Até os altifalantes da Focal são ultraleves: 470 gramas cada. O motor está colocado em posição perfeita: entre o habitáculo e o eixo traseiro, encaminhando a tração para as rodas de trás através de uma caixa automática de sete velocidades com dupla embraiagem que dispensa alavanca na consola, onde só há três botões: um D para andar para a frente, um N para ponto-morto ou estacionamento (carregando por mais tempo) e um R para marcha-atrás. De resto, está tudo nas belas e longas patilhas de alumínio genuíno, bem agarradas à coluna de direção (não giram com o volante) e que tanto prazer nos dão ao clicar. O habitáculo de dois lugares é refinadamente desportivo, perfeito na conjugação de bons revestimentos, com a pele a dominar nos bancos, interior das portas e tablier, conjugada com molduras em alumínio nos botões e grupos de botões. Há também fibra de carbono na superfície da bonita consola central em forma de ponte (onde estão os tais botões da caixa) e painéis na zona superior das portas pintados na cor exterior do carro . Um ecrã central flutuante de dimensões modestas tem tudo o que é necessário, com uma fila de belos botões tipo alavanca em alumínio por baixo. É um habitáculo muito acolhedor e bem recheado com todas as tecnologias essenciais. Como o próprio carro. A instrumentação é totalmente digital e configurável consoante o modo de condução ou as informações do computador de bordo, selecionadas nas hastes do volante. Uma delas, a do sistema áudio e da seleção das funções do ecrã central, foi transplantada diretamente do Clio, tal como a iluminação do teto. O A 110 não deixa por causa disso de ter uma aparência cara e cuidada, nem de ser um dos melhores desportivos que conduzimos nos últimos anos. É tão bom a acelerar como a curvar e a travar. Melhor ainda a absorver as saliências da estreita e tortuosa pista de Sambuc, em Vauvenargues, arredores de Marsella. Um mar de sensações que lhe contaremos na próxima edição da revista TURBO. O Premiére Edition está equipado com escape desportivo ativo, as tais aplicações interiores em fibra de carbono, pedais de alumínio escovado, os soberbos bancos desportivos Sabelt com acabamentos em pele e uma placa numerada na consola central. Custa 66 mil euros e já não vale a pena correr para encomendar um, porque todos os 1955 (volume alusivo à data de fundação da Alpine) já estão sinalizados. Só depois desta série começarão a sair da fábrica de Dieppe as versões "normais", para as quais ainda não há preço definido mas sabe-se que só deverão começar a ser entregues entre o final de 2018 e o início de 2019.