Referindo que o atual Governo não recebe lições sobre a aposta na mobilidade elétrica e que "há dois anos atrás o projeto da mobilidade estava morto", o Secretário de Estado e do Ambiente, José Mendes, fez um discurso onde recordou o que já foi feito, destacou o papel pioneiro do nosso país e ofereceu uma antevisão aos futuros passos para a expansão dos veículos elétricos. Decorreu hoje em Lisboa a Conferência da LeasePlan "Rumo às emissões 0 em 2030", que serviu para demonstrar o compromisso da gestora de frotas em atingir um registo de zero emissões líquidas de dióxido de carbono nos seus automóveis dentro de doze anos. Entre as várias intervenções, destaque para a conclusão dos trabalhos que ficou a cargo do Secretário de Estado e do Ambiente, José Mendes, que fez um retrato sobre a importância que a transição para as novas motorizações tem na atualidade, recordando o que já foi feito e antevendo os próximos passos. Deixando críticas ao anterior governo, indicando que esta aposta esteve suspensa no período entre 2011 e 2015, este membro do Executivo disse ainda que o modelo para o carregamento pago deve estar concluído ainda este ano.
Mas este membro do governo, antes de passar para a questão dos veículos de emissões 0, veio ressalvar outra situação importante, e que passa pela transformação das viagens. Referiu que nesse ponto existe uma primeira preocupação, que passa pelos 100 milhões de euros gastos anualmente e restantes incentivos fiscais aos passes sociais, e ainda a legislação que está prestes a entrar em vigor para fomentar a mobilidade partilhada, através da discriminação positiva do car-sharing e bike-sharing. Algo fulcral para o ambiente urbano, refere José Mendes, recordando os estudos onde se afirma que por cada carro partilhado são retirados entre 5 e 15 automóveis das ruas das cidades. Porque, refere, uma pessoa pode entrar na malha urbana pelos transportes públicos e depois utilizar estas alternativas ao seu dispor… Para isso foi destacado a importância e investimento (mais de 150 milhões de euros, o maior de sempre) na renovação dos transportes coletivos de passageiros, através da aquisição de 516 novos autocarros de impacto ambiental reduzido ou nulo (78 elétricos e mais 438 a gás natural). O que tem duas facetas positivas. A primeira é dar um passo na redução da pegada ecológica de uma frota que tem uma média de 17 anos e recorre a motores com motorizações que cumprem legislações bastante ultrapassadas. Além disso, o membro do governo destaca que "muitos desses autocarros resultam da indústria nacional", outro ponto positivo para a economia.
"Não pergunte o que a mobilidade pode fazer por si…"
A intervenção do Secretário de Estado e do Ambiente começou por dar atenção aos motivos para a aposta na mobilidade elétrica. Para tal recordou que 15% das emissões de carbono com origem nos humanos são da responsabilidade do sistema de transporte, com este registo a crescer para ¼ do total quando olhamos apenas para os combustíveis fósseis como fonte dessa poluição. Estes números significam 7,7 gigatoneladas de CO2 emitidas anualmente e um imenso desafio para a prometida redução neste campo, como parte dos compromissos estabelecidos no Acordo de Paris. É notória a participação do sector dos transportes nestes números preocupantes, e cujos efeitos se sentem com crescente impacto através das alterações climáticas, pois recorda que a fatura de cheias, secas e outros fenómenos extremos "é paga pelo dinheiro dos contribuintes". Um grande problema que obriga ao surgimento de "alguma coisa disruptiva", afirma José Mendes. Entre o que enumera como os três pilares essenciais da política de descarbonização da economia (eliminar e reduzir as emissões desnecessárias; transferência das viagens para alternativas mais sustentáveis; e melhoria das motorizações e eficiência dos combustíveis) é claramente ao terceiro ponto, com impacto essencial dos automóveis elétricos, que pertence esse papel disruptivo. Algo ainda mais importante quando, como assinala este responsável, o desafio é conseguir reduzir as emissões para 5 gigatoneladas de dióxido de carbono em 2050 mesmo com a prevista duplicação da atividade dos transportes. Ou seja, será preciso andar mais com menos (energia gasta)…