Conhecido o fim do Logan MCV, a Dacia promete, desde já, não ficar muito tempo sem uma proposta de sete lugares e espaço de carga Extra Large. O "futuro", traduzido num crossover que também poderia seria carrinha, chama-se Jogger, e nós fomos um dos poucos media portugueses a conhecê-lo em primeira mão.
Numa altura em que são cada vez menos os construtores automóveis a apostarem declaradamente nos modelos de sete lugares, a marca low-cost do grupo Renault, a Dacia, reafirma a sua confiança - e esperança! - neste tipo de propostas para famílias maiores, dando a conhecer o seu primeiro crossover de sete lugares... e nome estranho: Jogger.
Proposta que encerra em si aquele que é o DNA da marca romena e que se centra no preço acessível, o Dacia Jogger surge, de resto, com a responsabilidade de substituir o já vetusto Logan MCV, a anterior proposta de sete lugares. Embora e no caso do Jogger, a não só propor, igualmente, uma versão de apenas cinco lugar, como exibindo, em qualquer uma delas - cinco ou sete... -, um "invólucro" bem mais moderno e atraente!
Foi isso mesmo que pudemos comprovar, na sequência do convite que nos foi feito pela Renault Portugal, para viajarmos até Paris e sermos dos poucos - apenas cinco - meios de comunicação portugueses, a assistir ao desvendar antecipado - o carro tem apresentação oficial e mundial agendada para esta sexta-feira, dia 3 de setembro - do Jogger. Modelo que, além de um nome que, segundo a Dacia, evoca "espírito desportivo, energia positiva e aventura, apresenta, igualmente, toda uma configuração que reforça, ainda mais, os atributos de espaço, funcionalidade e versatilidade, que o antecessor já afirmava.
Um crossover carrinha... ou uma carrinha crossover?
Apresentado como uma proposta totalmente nova, que procura conjugar dois conceitos distintos como é o caso da Carrinha e do Crossover, é caso para dizer que, as novidades, neste Dacia Jogger, começam na base. Mais concretamente, a plataforma CMF-B, a mesma que o novo Sandero teve a honra de estrear na marca romena, e que, garante a marca, será a base da grande maioria dos futuros modelos Dacia, ainda que e no caso do Jogger, fortemente esticada. E, por isso mesmo, a anunciar não somente um comprimento que suplanta os 4,5 metros, como roça os 2,9 metros na distância entre eixos - cerca de 90 mm mais, face ao Sandero... -, além de prometer uma altura de 2,0 metros.
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Mas se as dimensões fazem pensar numa carrinha, como era o caso do Logan MCV, já a estética exterior remete - como não poderia deixar de ser… - para o universo dos crossovers. Neste caso, bem patente nos inúmeros revestimento de protecção em plástico de cor contrastante, a juntar às (supostas) protecções inferiores , à maior altura ao solo e até mesmo às versáteis barras de tejadilho, idênticas às estreadas pelo Sandero e que tanto podem ser montadas, tanto na perpendicular, como na transversal. Suportando até um total de 80 kg!
Aliás e no que diz respeito às semelhanças com o modelo mais recente da marca romena low-cost, o Sandero, não faltam exemplos, como é o caso do desenho da secção frontal. Só divergindo a partir do pilar B, altura em que não só passamos a "ver" uma carrinha, como, na transição, é possível notar um aumento de 40 mm na altura do acesso. Solução que é justificada pelos designers da marca com a necessidade de facilitar o acesso ao habitáculo, por parte dos passageiros de trás, cujos bancos estão mais elevados que os da frente. Mas já lá vamos...
Ainda no exterior, o terminar numa traseira que, além de uns invulgares farolins a subirem pelos pilares - faz lembrar os Volvo… -, oferece, ainda, um generoso portão, garantia de fácil acesso a um espaço de carga ainda mais impressionante - 1.819 litros com apenas os bancos da frente em utilização, valor que desce para os 710 litros com cinco ocupantes e, finalmente, para 160 litros, com os sete lugares em utilização. Sendo que, todos os bancos, podem ser rebatidos totalmente na horizontal - só é pena as costas ficarem um pouco mais altas do que o piso…
Interior para 7... e com Limited Edition
A par da capacidade de carga, argumentos, neste Jogger, são, igualmente, a habitabilidade e a ergonomia. No primeiro caso, com a maior surpresa a vir da terceira fila, com dois bancos, onde o facto dos joelhos ficarem praticamente à altura da bacia, a par dos 855 mm de espaço livre em altura e 127 mm para as pernas - a melhor distância do mercado, no que a terceiras filas diz respeito -, faz do acesso o aspecto menos positivo. Ao passo que, em termos de ergonomia, os vários espaços de arrumação espalhados pelo habitáculo, a garantirem mais 24 litros para arrumações, e a que se juntam ainda um total de seis porta-copos, facilmente se afirma como mais um bom argumento!
Num habitáculo de linhas simples e funcionais, mas que não escondem a fraca qualidade dos plásticos que revestem grande parte do interior, onde também estão bancos em tecido confortáveis, assim como uma posição de condução assumidamente mais elevada - apesar dos 35 mm que o assento regula em altura... -, novidades são, ainda, algumas tecnologias. Embora alguma das quais, disponíveis apenas no nível de equipamento mais elevado dos três - Essencial, Comfort e Xtreme -, o qual dá também origem e pela primeira vez na marca, a uma Limited Edition. Que é como quem diz, Edição Limitada, no nosso português...
Entre os predicados desta edição limitada, várias aplicações em preto no exterior, antena tipo barbatana de tubarão também em preto, jantes em liga leve de 16" pretas e aplicações específicas no habitáculo... em vermelho.
De volta às tecnologias, destaque para a disponibilização de três sistemas de infoentretenimento - Media Control, Media Display e Media Nav -, com os dois últimos a oferecerem o mesma ecrã táctil de 8" e emparelhamento Apple CarPlay ou Android Auto, diferindo apenas na presença ou não da navegação. Ao passo que o Media Control, "prefere" fazer do nosso smartphone o ecrã - ainda assim, excelente a solução de encaixe... -, mantendo, contudo, as apps criadas pela marca, como forma de interligação com o carro.
Finalmente e já no que diz respeito à segurança e ajudas à condução, a novidade, não apenas, dos seis airbags, mas também a presença de tecnologias como o aviso de ângulo morto, travagem autónoma de emergência ou acesso e accionamento do motor sem chave. Um luxo, se pensarmos que se trata de uma proposta feita declaradamente a pensar no preço!...
Motores: a gasolina, Bi-Fuel e até híbrido!
Passando aos motores, a garantia, desde já, da chegada ao mercado com três motorizações distintas e que abarcam, desde a gasolina pura e simples, até ao Bi-Fuel e ao chamado híbrido suave, ou Mild Hybrid.
Assim e para começar, o já conhecido três cilindros de 999cc., ou TCe, na sua versão de 110 cv e 200 Nm, conjugado com caixa manual de seis velocidades. A que se segue a motorização Bi-Fuel, sinónimo de conjugação da gasolina com Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), e que, anunciando os mesmos 100 cv, além de 170 Nm, promete custos de utilização substancialmente mais baixos; por exemplo e no caso da gasolina, de menos 40% que a versão anterior!
Além de uma transmissão manual de seis velocidades, esta motorização conta com os tradicionais dois depósitos, com o de GPL a anunciar uma capacidade de armazenamento para 40 kg, enquanto o de gasolina acomoda 50 litros de combustível. Autonomia? A Dacia preferiu não revelar...
Como motorização topo de gama, um Mild Hybrid designado na marca HEV e que, na verdade, nada mais é do que o sistema E-Tech que a Renault já disponibiliza no Clio, a anunciar os mesmos 140 cv de potência, além de uma caixa de velocidades de carretos directos que é, ela sim, a maior revolução no sistema.
No caso do Jogger impulsionado por este HEV, a Dacia anuncia, mais uma vez, uma redução de 40% nos consumos, promessa que, no entanto, vamos continuar a aguardar para poder confirmar, in loco. Sendo que, para já, confirmado fica, apenas, que, tanto na versão a GPL, como no HEV, a necessidade de acomodar os "extras" - segundo depósito no primeiro caso, baterias no segundo -, acabou levando a um mesmo desfecho: o abdicar do pneu sobressalente...
Preço? 15 mil euros... na Europa Central
Finalmente e embora o Jogger ainda tenha de cumprir, esta sexta-feira, a sua apresentação oficial e mundial, seguida de um primeiro contacto com os consumidores, no Salão Internacional do Automóvel de Munique (de 7 a 12 de setembro de 2021), a garantia, desde já, que o início da comercialização só deverá acontecer em Março de 2022. Primeiramente, apenas com as motorizações a gasolina e GPL, seguindo-se o HEV, embora apenas em 2023.
Ainda assim e mesmo, ainda, a alguns meses de distância, a revelação, feita pelos responsáveis da marca, neste desvendar do modelo, da previsão de preço para este Dacia Jogger: 15 mil euros. Isto, nos mercados do centro da Europa, bem entendido...
Em Portugal e levando já em consideração a nossa carga fiscal, o mais certo é o crossover/carrinha, ou carrinha/crossover, vir a apresentar um preço de entrada na ordem dos 18 mil euros...