Mesmo com novas ferramentas cada vez mais sofisticadas, com o Facebook a vencer eleições em países (aparentemente) evoluídos, a "regra-mãe" do Marketing de "não impingir ao consumidor aquilo que ele não quer ou precisa" mantém plena atualidade. Não temos, por isso, que nos admirar com a quebra nas vendas de automóveis registada nos primeiros meses deste ano.
Aquilo a que temos assistido é, na verdade, à tentativa de políticos e marcas aliciarem o consumidor com soluções e produtos que ele (no mínimo) dúvida de que preencham as suas necessidades.
A "confusão" deliberadamente instalada em torno do estado de evolução do automóvel elétrico, a par da perspetiva catastrofista em relação ao futuro do Diesel está, de facto, a gerar forte desconfiança que se traduz no adiar da decisão de compra.
De uma forma muito evidente, a generalidade das pessoas sente, legitimamente, que os automóveis elétricos ainda não respondem às suas necessidades e, pior, estão cada vez mais desconfiadas relativamente ao dia em que isso acontecerá, devido à muito lenta evolução das autonomias e tempos de carregamento, bem como em resultado dos sucessivos cortes na produção anunciados por diversos construtores como consequência das dificuldades no abastecimento de baterias.
Como se não bastasse, o novo regulamento WLTP veio colocar a nu as dificuldades, superiores às esperadas, dos motores a gasolina no capítulo dos consumos reais.
Com raríssimas exceções, de que o ensaio ao Lexus UX que hoje apresentamos é um bom testemunho, a generalidade dos motores a gasolina consome, em média, 25% mais do que os propulsores equivalentes a gasóleo, no caso de uma utilização despreocupada. É uma realidade demonstrada pelos números e que confirma a ideia partilhada pela generalidade das pessoas.
Dito isto, o que temos é o chamado senso-comum que aponta para o facto de a solução Diesel ser a mais conveniente e, do outro lado, o lóbi da indústria que quer acelerar a massificação das vendas dos elétricos, consciente de que, quando isso acontecer, ganhará mais dinheiro por unidade, dado que a produção destes carros é 20% mais barata do que a de modelo equivalente com motor de combustão.
Tudo isto "temperado" com discursos políticos desprovidos de qualquer base científica, que, por exemplo, acenam com a proibição de circulação de carros Diesel nas cidades, não havendo uma única em todo o mundo em que isso aconteça.
Mais uma vez será o tempo a desfazer todas as dúvidas: triunfarão aqueles que já anunciaram que em breve os motores Diesel deixarão de fazer parte da sua oferta? Ou a razão permanecerá do lado de marcas como a Mercedes ou a Audi, que continuam a apostar em soluções cada vez mais evoluídas, que correspondem efetivamente àquilo que as pessoas mais precisavam e que, inclusivamente, respondem aos mais rigorosos requisitos ambientais?
Sendo o Diesel essa solução e a única tecnologia em que a Europa tem grande vantagem face ao resto do Mundo, continuamos a creditar que a médio prazo, o consumidor reganhará a confiança necessária e perceberá que, talvez um dia a solução seja "multienergética", ou seja, não haverá, provavelmente, um combustível dominante. Mas até lá…
Artigo de opinião publicado originalmente na revista Turbo de junho.