Devido às sanções à Rússia. Grupos automóveis europeus arriscam prejuízos

Os construtores europeus começam já a fazer contas aos possíveis prejuízos, devido às sanções à Rússia, após a invasão da Ucrânia.

Depois de terem acordado com a guerra de regresso à Europa, os construtores automóveis europeus começam já a fazer contas quanto ao impacto, não só da ofensiva russa na Ucrânia, como, também e principalmente, das sanções económicas do Ocidente à Rússia. Sendo que, os mais prejudicados, parecem estar em França...

A notícia é da Automotive News Europe, que começa por recordar que são vários os fabricantes automóveis europeus que, hoje em dia, têm fábricas na Rússia. E que, fruto das sanções entretanto impostas, quer pela União Europeia, quer pelos Estados Unidos da América, estão agora em risco de sofrer fortes prejuízos na sua actividade.

De resto e ainda segundo a mesma publicação, o fabricante automóvel europeu mais prejudicado pode, mesmo, vir a ser a Renault, que, além de uma fábrica perto de Moscovo, é hoje em dia proprietária da AvtoVaz, o construtor automóvel russo que produz os famosos Lada, uma das marcas mais populares na Rússia.

Luca de Meo, CEO do Renault Group
O Renault Group pode vir a sofrer fortes perdas nas suas operações em solo russo, devido às sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, na sequência da ocupação da Ucrânia

Em declarações reproduzidas pela Automotive News Europe, o CEO do Grupo Renault, Luca de Meo, veio já recordar que, a maior parte dos componentes utilizados no fabrico dos Lada, é produzido localmente. Facto que, à partida, deverá manter a produção da marca automóvel (quase) a salvo de oscilações no fornecimento de peças.

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No entanto, componentes mais tecnológicos como, por exemplo, os chips, são fornecidos por empresas estrangeiras, motivo pelo qual a AvtoVAZ está já a estudar fornecedores alternativos, capazes de garantir a manutenção de fornecimento de semicondutores.

Volkswagen e Stellantis também afectadas

Quanto a grupos automóveis como o Volkswagen Group ou a Stellantis, ambos possuem fábricas em Kaluga, uma cidade a cerca de 18 quilómetros de Moscovo, que tem vindo a assumir-se como um hub automóvel. Sendo aí produzidos, não apenas modelos como os Volkswagen Polo e Tiguan, o Skoda Rapid, ou os Audi Q7 e Q8, mas também e já no caso da Stellantis, de onde saem vans, fabricados em conjunto com a japonesa Mitsubishi, com destino à Europa ocidental.

O Audi Q8, também para o mercado russo, é produzido em Kaluga, cidade a cerca de 18 km de Moscovo
O Audi Q8, também para o mercado russo, é produzido em Kaluga, cidade a cerca de 18 km de Moscovo

Na mesma cidade, estão, ainda, fixados, empresas ligadas ao sector automóvel como a Continental, a Magna e a Visteon.

Mercedes "muito preocupada"

Finalmente, em risco de perder de dinheiro, está também a Mercedes, a qual levou recentemente a cabo um investimento na ordem dos 250 milhões de euros, com o objectivo de erigir uma fábrica onde produzir o Classe E e alguns dos seus SUV. Sendo que, o mesmo pode acontecer com a BMW, que, mesmo sem ter qualquer fábrica exclusivamente sua na Rússia, entrega à Avtotor, em Kaliningrado, a finalização de veículos para comércio no mercado russo.

Mercedes Classe E Restyling 2020
A Mercedes fez, recentemente, um investimento considerável em solo russo, para aí passar a produzir o actual Classe E

Em declarações, mais uma vez, à Automotive News Europe, um porta-voz da Mercedes afirmou, ainda na quarta-feira, que "estamos muito preocupados com os desenvolvimentos recentes", sendo que, "esperamos que uma maior escalada possa ser evitada". No entanto, "é claro que, nas nossas atividades comerciais com a Rússia, também já levamos em consideração as sanções aplicáveis" com o país de Vladimir Putin.