Com a data a aproximar-se a passos largos, os construtores automóveis enviaram uma carta à Comissão Europeia, pedindo um adiamento da entrada em vigor do novo regulamento de emissões Euro 6d ISC-FM. Motivo? Os prazos apertados... mas também a necessidade de escoar modelos que não cumprem estas normas.
Segundo noticia o site Automotive News Europe, a Comissão Europeia terá sido contactada, através de carta, pelo norte-americano Mike Manley, que, além de CEO do construtor ítalo-americano Fiat Chrysler Automobiles (FCA), é, também e neste momento, o presidente da Associação Europeia de Construtores Automóveis, vulgo, ACEA - European Automobile Manufacturers' Association.
Em missiva enviada ao Comissário para o Mercado Interno da União Europeia, o francês Thierry Breton, Manley terá pedido, em nome dos construtores automóveis, um adiamento de seis meses, na entrada em vigor do novo regulamento de emissões Euro 6d ISC-FCM. Regulamento que, recorde-se, tem entrada em vigor prevista para o próximo dia 1 de janeiro de 2021.
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"Embora nós [construtores automóveis] reconheçamos que as emissões poluentes são um tema sensível, também gostaríamos de salientar que, o adiamento agora proposto, não terá qualquer impacto no nível de emissões dos veículos, prejudiciais para a qualidade do ar", defende, na missiva, o presidente da ACEA. Acrescentando que, "na maior parte dos casos, tal só significará que estes veículos surgirão no mercado sem um indicador de consumo de combustível".
Ainda de acordo com o CEO da FCA, cerca de 600 mil veículos já produzidos, estão impossibilitados de cumprir as normas Euro 6d ISC-FCM, ao mesmo tempo que, cerca de 2.100 aprovações de sistemas de emissões, continuam pendentes para aplicação em modelos já de acordo com o Euro 6d ISC-FM.
Na sua carta, Manley aproveita para recordar o facto dos fabricantes automóveis terem pela frente um prazo muito curto para garantirem os respectivos certificados, sendo que, no caso da UE não conseguir corresponder no fornecimento destes documentos, serão os empregos na indústria, que ficarão em causa.
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"Sem um adiamento das datas de aplicação, os fabricantes poderão ter de escolher entre fazerem stock de veículos recém-produzidos, até que o processo de homologação esteja concluído, e, simplesmente, não reiniciarem a produção dos veículos em questão", afirma o mesmo responsável, recordando que, "é claro que a segunda hipótese acabará tendo implicações negativas para os trabalhadores, tanto nos fabricantes de veículos, como nos fornecedores".
A terminar, referir que, na China, o governo anunciou já a decisão de adiar, em seis meses, a entrada em vigor do novo conjunto de normas para as emissões em tubo de escape, a que foi dado o nome China 6, precisamente pelas mesmas razões, invocadas pela ACEA.