A par da surpresa Tesla. UE propõe atenuação das taxas a EV chineses

A Comissão Europeia acaba de propor um suavizar das taxas adicionais para veículos elétricos oriundos da China. Com a Tesla à cabeça.

Depois dos primeiros valores terem sido divulgados, a Comissão Europeia propõe, agora, um suavizar das taxas adicionais à importação de veículos elétricos (EV) chineses, como resposta aos apoios estatais de que estes já gozam no país de origem. Embora com o maior beneficiado a ser, não um qualquer fabricante europeu com produção localizada na China, mas a americana Tesla, que vê o agravamento cair para 9%!

A notícia foi avançada pela Automotive News Europe, com base em relatórios, tanto da Bloomberg, como da Reuters, os quais relatam um projecto de decisão divulgado esta terça-feira, 20 de agosto, em que a Comissão Europeia (CE) propõe, entre outras medidas, uma redução para 9%, da tarifa acrescida a aplicar aos Model 3, comercializados na Europa, mas com origem na fábrica da Tesla em Xangai.

Igualmente alvo de reduções na taxa de importação adicional, embora não para valores tão baixos, surgem fabricantes chineses como a BYD (descida para 17%), Geely (redução para 19%) e SAIC (descida para 36,6%).

Tesla Model 3 Performance
Tesla Model 3 Performance

Já construtores automóveis como a BMW, cuja produção do novo Mini Elétrico está sediada na China, veio já defender que este modelo está agora apto para beneficiar de uma tarifa alfandegária mais baixa, de 21,3%. A mesma, por exemplo, de que poderá vir a beneficiar o elétrico Cupra Tavascan, modelo pertencente ao Grupo Volkswagen, cuja produção está localizada em Heifi, também na China.

Recorde-se que estas tarifas surgem como um acréscimo à taxa de 20%, já aplicada pela União Europeia (UE), às exportações de automóveis chineses. Sendo que, na sequência de uma investigação da CE, cujas conclusões foram entretanto contestadas pela China junto da Organização Mundial do Comércio (OMC), a liderança europeia decidiu aplicar taxas adicionais, cujo valor, provisório, foi estipulado consoante a disponibilidade das empresas face ao inquérito - os fabricantes que colaboraram, prestando informações, foram alvo de tarifas de 21,3%, enquanto os que não cooperaram, receberam uma taxa adicional de 36,3%.

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Contudo e passado pouco mais de um mês, a CE decidiu entreabrir a porta a taxas mais baixas para as empresas chinesas e respectivas joint-ventures com fabricantes automóveis europeus, que não se encontravam a exportar durante o período da investigação, ao mesmo tempo que afirmava que não seriam impostas tarifas retroactivas.

BMW aplaude, SEAT quer mais

Reagindo a esta decisão, a BMW veio já saudá-la, desde logo, por evitar que a Mini, que ainda não tinha avançado com a produção do seu novo elétrico na China, aquando da investigação, já não terá de suportar o tarifário mais elevado, de 37,6%. Algo que lhe havia sido aplicado, de forma automática.

O novo Mini Cooper SE elétrico é um dos produtos que a marca britânica do BMW Group tem previsto produzir na China
O novo Mini Cooper SE elétrico é um dos produtos que a marca britânica do BMW Group tem previsto produzir na China

Já a SEAT, marca do grupo Volkswagen que mantém sob a sua influência a Cupra, garantiu, segundo a Auto News, estar a trabalhar com a casa-mãe, o Volkswagen Group, para conseguir reduzir a taxa a aplicar ao Tavascan, para menos de 21,3%.

O caso Tesla

Quanto à taxa de 9% aplicada à norte-americana Tesla, o Automotive News Europe revela que decorre do entendimento feito pela UE, de que as autoridades de Pequim parecem fornecer menos subsídios às empresas estrangeiras, mas que ali produzem, do que às empresas sediadas na China. Incluindo, as joint-venture.

Para a UE, os benefícios da Tesla resumiram-se ao fornecimento de baterias abaixo do valor do mercado, direitos de utilização da terra, redução do imposto sobre o rendimento e uma série de subvenções das mais variadas índoles. 

Regras definitivas previstas para novembro

A terminar, vale a pena também recordar que os construtores automóveis visados pelas alterações tarifárias não deixam de poder apresentar os seus argumentos e reacções às taxas de que são alvo, tal como e ao abrigo deste último projecto de decisão, poderão solicitar audiências e apresentar argumentos, no prazo de 10 dias.

Uma vez analisados estes argumentos, a CE apresentará, então, uma "proposta de decisão final" aos estados-membros, os quais votarão então o novo regulamento.

A entrada em vigor daquelas que serão as regras definitivas está prevista para o início de novembro, com o propósito de vigorarem durante os próximos cinco anos, anunciou a CE.