Um relatório recente da Comissão Europeia chega à conclusão que existem diferenças entre os consumos reais e WLTP, os quais são maiores nos veículos a gasolina do que nos diesel, mas as maiores disparidades podem ser encontradas nos PHEV porque os utilizadores não carregam as baterias.
Os testes aos veículos efetuados pela imprensa especializada indicam que são raros aqueles que apresentam valores de consumo semelhantes aos homologados em WLTP (Worldwide Harmonised Light Vehicles Test Procedure). Se for um veículo de combustão interna, as diferenças são significativas e num elétrico a bateria (BEV) a autonomia oficial fica aquém do anunciado, independentemente da forma como se conduza.
A Comissão Europeia publicou recentemente um relatório que revela que os valores reais dos carros a gasolina e a gasóleo são cerca de 20% superiores aos oficiais e no caso dos híbridos com bateria recarregável externamente (PHEV) ainda são bastante piores.
A Comissão Europeia tornou obrigatória a instalação de equipamentos embarcados de monitorização do consumo de combustível, medida que entrou em vigor em 2021 para todos os veículos introduzidos pela primeira vez no mercado.
O novo relatório foi elaborado com base nos dados de eficiência recolhidos em mais de 617 mil automóveis e quase sete mil comerciais. Uma das conclusões é que o consumo médio dos veículos a gasolina é 23,7% superior ao homologado em WLTP, enquanto nos veículos a gasóleo é relativamente melhor, com uma diferença de 18,1%.
PHEV têm as maiores disparidades
No que se refere aos PHEV, a diferença é 3,5 vezes superior. Muitos tem um consumo oficial abaixo de 2,0 l/100 km, mas os dados registados indicam valores médios reais de 4,0 l/100 km.
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Esta maior diferença é explicada pelo facto dos utilizadores não carregarem tantas vezes a bateria como mandam os procedimentos WLTP (provavelmente em muitas cidades não têm onde carregar) e por isso acabam por gastar mais combustível.
EPA mais rigoroso do que WLTP
O ciclo de testes WLTP entrou em vigor em 2017 e foi apresentado como uma grande evolução face a NEDC (New European Driving Cycle) utilizado nos 20 anos anteriores, desde 1997. Os novos resultados publicados pela Comissão Europeia irão provavelmente dar início a uma transição para um novo ciclo de testes que poderá ser implementado em 2026.
O ciclo de testes EPA utilizado nos Estados Unidos é consideravelmente mais rigoroso do que o WLTP, que não só oferece uma melhor ideia da eficiência de um veículo, mas também permite superar os valores oficiais nalguns veículos. Isso é virtualmente impossível para os valores WLTP, que apenas são alcançados em condições estritas de laboratório que não podem ser reproduzidas no mundo real.
SUV em risco?
O principal objetivo é levar as pessoas a conduzir veículos mais eficientes que produzem menos emissões de gases de escape e eventualmente a optarem por viaturas elétricas.
Uma das propostas do relatório é a eliminação das atuais regras de emissões de dióxido de carbono e o estabelecimento de objetivos individuais para que cada construtor respeite objetivos de dióxido de carbono em toda a gama, assim como a comercialização de uma quota mínima de veículos elétricos.
Isso não só poderia ter impacto nas motorizações dos carros vendidos na Europa nos próximos anos, mas também forçar as marcas a produzir veículos mais pequenos, leves e eficientes. Uma consequência poderia ser o abandono dos SUV a favor de modelos que pudessem contribuir para melhorar os níveis de emissões em toda a gama.