A Comissão Europeia acaba de chegar a acordo com a Alemanha, quanto à futura regulamentação anti-emissões e que, mercê das alterações acordadas, admite a continuação de alguns motores a combustão, na União Europeia, para além de 2035. Situação que, diga-se, foi já alvo de críticas dos seus opositores.
A notícia está a ser avançada pela Automotive News Europe, citando o vice-presidente da Comissão Europeia e principal responsável pela Política Climática na União Europeia (UE), Frans Timmermans, que, na rede social Twitter, anunciou que "chegámos a acordo com a Alemanha sobre o uso futuro de e-fuels [combustíveis sintéticos] nos automóveis".
A mesma posição foi, de resto, anunciada pelo ministro dos Transportes da Alemanha, Volker Wissing, que, na mesma rede social, garantiu que "o caminho está livre" para a aprovação da nova regulamentação anti-emissões, ao mesmo tempo que explicitava que "veículos com motores de combustão interna vão poder ser registados no pós 2035, desde que funcionem exclusivamente com combustíveis neutros em CO2".
Com o entendimento agora anunciado, tal significa que os chefes de estado e de governo da União Europeia vão poder aprovar o acordo alcançado em outubro último e que, segundo também refere a Automotive News Europe, não sofre alterações no texto que foi acertado, ainda em 2022, entre os representantes dos estados-membro e o Parlamento Europeu. Isto, porque caberá à UE, uma vez aprovada a regulamentação pelos ministros dos 27, detalhar a forma como serão implementados os combustíveis sintéticos.
Texto deve ser aprovado esta terça-feira
Quanto à votação final do texto, deverá ocorrer na próxima terça-feira, durante a reunião dos ministros da Energia dos 27 em Bruxelas, e já sem o perigo de um chumbo. Isto porque, com o apoio da Alemanha, quaisquer outros países que ainda possam pensar em opor-se à regulamentação, como, por exemplo, da Itália, que pretendia mais garantias relativamente aos biocombustíveis, já não serão suficientes para conseguir bloquear as medidas.
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"A batalha pela neutralidade tecnológica foi vencida, que era a pré-condição para o reconhecimento dos biocombustíveis", afirmou, ainda na sexta-feira, após uma reunião de líderes da UE, a primeira-ministra de Itália, Giorgia Melini. Acrescentando que "estamos a mostrar que os biocombustíveis também são uma solução de emissões zero", pelo que, "desde que a tecnologia atinja os objectivos pretendidos, devemos poder usá-la".
Ambientalistas contra, PE pede cautelas
Quem não ficou nada agradado com os últimos desenvolvimentos e, nomeadamente, com a posição tomada pela Alemanha, foram os ambientalistas, que já vieram alertar contra quaisquer alterações que poderão provocar desvios no progresso e, mais precisamente, nos esforços tendentes à utilização mais ampla de veículos elétricos e outros, de emissão zero.
Também em declarações reproduzidas pela mesma publicação, Benjamin Stephan, da Greenpeace, veio já garantir que "este compromisso fedorento prejudica a protecção do Clima, quanto aos transportes, e prejudica a Europa". Considerando, mesmo, que estas concessões diluem o foco que é necessário, da parte da indústria automóvel, na eletromobilidade eficiente".
Além deste responsável, também o chefe da Comissão do Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar no Parlamento Europeu (PE), Pascal Canfin, pediu já à Comissão Europeia que as próximas regras sobre combustíveis sintéticos respeitem o acordo alcançado no ano passado, sobre os padrões de emissões para os automóveis. Até porque, embora com um raio de acção limitado, o Parlamento ainda pode bloquear a regulamentação.