O CEO da Porsche, Olivier Blume, não desarma na questão dos combustíveis sintéticos e não só acredita no seu futuro como diz ser possível um preço abaixo de dois euros.
Apesar dos 27 Estados-membros da União Europeia terem aprovado recentemente a legislação que visa proibir a venda de novos veículos com motor de combustão a partir de 2035, o CEO da Porsche Olivier Blume não desarma e afirma que a marca alemã continua empenhada num caminho duplo para a descarbonização.
O responsável máximo da Porsche adianta que irão continuar a ser investimentos em combustíveis sintéticos, mantendo, no entanto, o programa de lançamento de novos modelos elétricos a bateria.
"Entre os construtores tradicionais tem uma estratégia elétrica muito progressiva", sublinha Oliver Blume. "A nossa ambição é que mais de 80% dos veículos entregues a clientes em 2030 sejam elétricos", reiterou, salientando que o volume de vendas do Taycan já rivaliza com o 911.
Não obstante, Oliver Blume mantém-se firme quanto ao futuro da Porsche a curto prazo. Nos próximos anos será lançada uma versão híbrida do mítico 911, que terá como base a tecnologia utilizada na competição.
Não ao travão à inovação
Relativamente à decisão da União Europeia, Oliver Blume considera que deve ser dada uma atenção especial ao papel que os combustíveis sustentáveis e as tecnologias associadas podem desempenhar na descarbonização do setor do transporte rodoviário para além de 2035.
O CEO da Porsche é muito crítico relativamente à decisão de Bruxelas. "As proibições de tecnologias funcionam como um travão à inovação", afirmou, em entrevista, ao jornal alemão Bild am Sonntag.
"A proteção climática tem de ser vista como um todo. É por isso que temos de estar com a mente aberta em termos de tecnologia. A mobilidade elétrica é uma via importante. Ao mesmo tempo existem mais de mil milhões de veículos em todo o mundo. Irá estar em circulação nas estradas durante muitas décadas. Os combustíveis sintéticos são uma solução eficaz e complementar".
50 milhões de litros em 2024
Oliver Blume adiantou que esses mil milhões de veículos não necessitariam de ser convertidos para funcionarem com combustíveis sintéticos e isso permitiria "a todos os veículos" desempenharem um papel na redução das emissões de dióxido de carbono.
Relativamente aos combustíveis sintéticos levanta-se sempre a questão da complexidade e dos custos associados à sua produção.
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Contudo, Oliver Blume defende que se forem "produzidos numa escala industrial, poderiam ser possíveis preços abaixo dos dois euros por litros", embora fique a dúvida se estava a referir ao preço de produção ou em bomba.
De qualquer maneira também não será provável que esse preço seja uma realidade a curto prazo, mas a Porsche continua a acreditar que haverá luz ao fundo de um túnel muito longo.
A Porsche quer produzir mais de 100 mil litros de combustíveis sintéticos em 2022, baseados numa composto constituído por hidrogénio, metanol e dióxido de carbono, sendo utilizada energia renovável para a transformação num produto utilizável nos motores de combustão. Até 2024, objetivo é multiplicar a produção por 500 para atingir os 50 milhões de litros.