Os combustíveis sintéticos podem ser a porta de salvação para os atuais e antigos motores de combustão devido à sua neutralidade carbónica. O interesse por esta solução tem crescido junto de marcas como a Porsche e a Bentley.
Quando toda a indústria e a comunidade científica falam da energia elétrica como a solução de todos os males do automóvel, algumas vozes mais clarividentes apontam outras soluções para salvar os motores de combustão.
A solução passa pelo desenvolvimento dos combustíveis sintéticos, uma inovação que podia manter em circulação todos os carros que usam motores de combustão, inclusive os Diesel.
Segundos vários especialistas e algumas marcas como a Bentley e a Porsche, esta é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada.
Como fazer?
A ciência que está por detrás destes combustíveis é muito simples. Trata-se de utilizar o recurso natural mais abundante no planeta, o hidrogénio, de uma maneira mais sustentável que extrair o petróleo resultante de dinossauros fossilizados.
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Além disso, todo o processo pode ser neutro do ponto de vista carbónico. Como? Através da eletrólise da água usando, se possível para isso, energia renovável como a solar fotovoltaica ou eólica. Um método que visa misturar os átomos de hidrogénio obtido pelo processo anterior, com o dióxido de carbono, capturado para criar um combustível chamado e-metanol.
Um tratamento posterior permite converter o e-metanol em e-gasolina, e-diesel ou e-querose para aviões.
As vantagens
O e-fuel constitui assim uma fonte de combustível com uma redução muito significativa de emissões. Há quem ache que o impacto ambiental desta solução é menor que o impacto da atual produção de baterias no que diz respeito à extração das matérias-primas necessárias para a sua construção.
Dado ser um combustível artificial, não tem sub-produtos como acontece com a refinação do petróleo para obter gasolina e gasóleo. Sendo assim, é bastante mais limpo, podendo chegar a uma redução de CO2 da ordem dos 85 por cento.
O envolvimento da Porsche
Um dos projetos mais ambiciosos nesta matéria é o Siemens Haru Oni, cuja fábrica de e-fuel no Chile tem tido investidores de peso, como a Porsche, que investiu na sua construção e desenvolvimento 20 milhões de euros.
Segundo a marca alemã, este é um caminho que não deve ser descurado graças ao seu potencial. Além disso, a disseminação pelo mundo, principalmente em países com possibilidade de criar energia renovável como Portugal, pode dar um contributo importante para a descarbonização do planeta.
O interesse da Porsche vai ao ponto da marca ter mostrado já interesse em usar este tipo de combustível na competição, uma experiência que serviria como um banco de ensaio para outras aplicações. A sua utilização não necessita de grandes adaptações dos atuais motores de combustão, mesmo os mais antigos.
Os objectivos
Para já, o principal handicap é o volume de produção, tendo em conta que o consumo de petróleo atual no mundo inteiro é de 76 milhões de barris por dia!
Atualmente, a produção de combustíveis sintéticos é de apenas 130 mil litros por ano, um valor irrisório face às necessidades.
O objetivo da Europa em incrementar a produção de hidrogénio verde a partir da eletrólise usando energias renováveis como o sol e o vento é uma excelente oportunidade para incrementar a tecnologia que permite a captura do CO2 na atmosfera.
Segundo várias estimativas, a produção de 550 milhões de litros de e-fuel era o suficiente para manter mais de um milhão de automóveis com motores de combustão a circular durante um ano.
Numa altura em que a mobilidade sustentável parece confinada ao automóvel elétrico, esta não deixa de ser uma ideia interessante.