Chama-se Oli e é feito... com cartão. Citroën mostra o elétrico que antevê o futuro

Apresentado como um protótipo que não passará à produção, o Oli é um EV que antevê soluções e materiais para os Citroën do futuro.

Apresentado como um protótipo sem possibilidade de passagem à produção, o Citroën Oli assume as formas de um crossover elétrico de segmento C, de imagem, soluções e materiais tão radicais quão sustentáveis, que o fabricante promete, desde já, estrear em futuros modelos. Ainda que, muito provavelmente, não de uma forma esteticamente tão intensa, quanto este Oli...

Apontado como "um manifesto conceptual de ideias inteligentes", uma espécie de "laboratório sobre rodas" com o qual a Citroën pretende desafiar o status quo vigente na indústria, o Oli ("lê- se alll-ë", dizem-nos...) assume-se como uma abordagem totalmente nova em termos de mobilidade - mais simples, mais sustentável, mas também a procurar ser mais acessível para todos.

Assim e embora salientando, desde já, que este não é um veículo para passar à produção, a garantia de que, a maior parte das soluções que encerra, acabarão por surgir nos Citroën do futuro. A começar já em 2023, altura em que, em conjunto com a nova imagem corporativa, a nova reinterpretação do logótipo de 1919, que o Oli agora estreia, começará a ser introduzida nos automóveis do dia-a-dia.

O Citroën Oli recorre, não apenas a formas vanguardistas, como também a materiais inovadores, que a marca acredita poder vir a utilizar, em veículos de produção, no futuro
O Citroën Oli recorre, não apenas a formas vanguardistas, como também a materiais inovadores, que a marca acredita poder vir a utilizar, em veículos de produção, no futuro

Contudo, não é apenas através do novo logótipo que o Oli causa, desde já, sensação, fazendo-o igualmente por intermédio das linhas, que os responsáveis da marca francesa descrevem como assumidamente audazes e em que a forma se subordina à função.

E tudo começou no Ami…

Não escondendo a inspiração no Ami - que, aliás, o próprio director de design Pierre Leclercq não nega... - , o Oli propõe, tal como no pequeno quadriciclo 100% elétrico, uma mobilidade a alegre e versátil – basta ver, por exemplo, as linhas pouco convencionais, acentuadas por cores vivas e alegres, visando uma funcionalidade, eficiência e versatilidade extremas. E, tudo isto, com recurso a materiais inovadores, mais leves - um ponto, aliás, central, em toda a concepção deste protótipo... - e de custo mais baixo!

Entre os muitos exemplos possíveis, um capot dianteiro, tejadilho e piso na zona traseira, tipo "caixa de carga de uma pickup", fabricados em cartão reciclado e com um  formato tipo favo de mel, que, desenvolvido em conjunto com a alemã BASF, consegue suportar o peso de um adulto; um para-brisas totalmente direito e na vertical, que, além de ser mais barato de produzir por utilizar menos vidro, evita uma maior exposição do habitáculo ao sol, diminuindo a necessidade do uso do ar condicionado; de portas dianteiras, pára-choques e elementos de protecção exactamente iguais em quaisquer das posições em que são colocados, mas também de peso substancialmente reduzido - no caso das portas, deixando o interior a nu e simplificando o sistema de abertura, muito idêntico ao do Ami.

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A juntar a tudo isto e fruto de um trabalho entre a Citroën e a Goodyear, jantes híbridas inéditas de 20", procurando aproveitar o que de melhor tem a liga leve em alumínio e o aço, além de revestidos por uns pneus que, além de conseguirem monitorizar o seu estado de saúde, têm o piso que, além de feito de praticamente todos os materiais sustentáveis ou recicláveis, também pode ser renovada, por duas vezes, ao longo da vida útil do próprio pneu. A qual, vaticina o fabricante, pode chegar aos 500.000 km!

Habitáculo espaçoso… e despido

Já no habitáculo, a promessa de muito mais do que um mero ambiente automóvel tradicional, mas uma "extensão multiusos do quotidiano", facilitador do estilo de vida a bordo, graças também à profunda simplificação, acompanhada de soluções realmente originais.

É o caso, desde logo, dos bancos feitos em PoliUretano Termplástico (TPU) de costas em rede (este último, resultado de um inovador processo de impressão em 3D) e com uma construção profundamente simplificada (são compostos de apenas 8 partes, contra as 37 das soluções atuais), como também do tablier despido, básico (tem apenas 34 peças, contra as 75 que habitualmente compõe o tablier e consola central de um hatchback tradicional) e de linhas muito simples. No qual, além de cinco vanguardistas botões relacionados com o ar condicionado, é possível encontrar não mais que uma prateleira com "cogumelos maleáveis" que a Citroën garante serem capazes de fixar objectos como copos ou latas; um volante também ele simplificado e com um joystick (!); assim como uma entrada, que serve para aí introduzir o smartphone e fazer deste a base do sistema de infotainment e som.

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Neste último caso, ajudado por umas colunas Bluetooth cilíndricas que se encaixam nas extremidades do tablier, mas que, porque são amovíveis, também podem ser colocadas no exterior.

Ainda sobre o habitáculo, quatro verdadeiros bancos individuais de acesso facilitado através de um conjunto de portas suicidas, mas também com bastante espaço interior (a Citroën não revelou qual a plataforma utilizada...), isto sobre um piso que é uma só peça produzido em PoliUretano Termoplástico Expandido (E-TPU). E que, sendo tão elástico quanto a borracha, é também mais leve e resistente.

Já na traseira, concebida como se de uma pick-up se tratasse, a possibilidade de rebatimento das costas dos dois bancos traseiros e de levantar o vidro separador em direcção ao tejadilho, permite, em conjunto com a expansão da base removível do espaço de carga, seja possível dispor de um espaço com 994 mm de largura,  com um comprimento que chega aos 1.050 mm. E, tudo isto, com o processo de carregamento facilitado, graças, desde logo, à porta traseira que, tal como nas pick-ups, abre para baixo.

Elétrico leve

Ainda assim e na base de todo este esforço em termos de materiais e soluções, isto num crossover com 4,20 m de comprimento, 1,65 m de altura e 1,90 m de largura, está, no entanto, a preocupação com o peso. E, mais concretamente, com aquele que é assumido como um objectivo primordial: conseguir um veículo elétrico cujo peso ronde os 1.000 kg.

Também para a Citroën, o futuro é elétrico e o Oli antevê-o
Também para a Citroën, o futuro é elétrico e o Oli antevê-o

Objectivo que, embora ambicioso (é preciso não esquecer o acréscimo de peso resultante de baterias, cablagens, sistemas de apoio e segurança, etc...), a Citroën garante ser possível, cortando não apenas no peso de alguns componentes já citados, como as portas (- 7kg por porta), bancos (- 80% de peso) ou tablier (sem sistema de som ou infotainment, colunas fixas e outros extras, são menos 215 kg!), mas também nas necessidades em termos de bateria. Porque, conforme faz questão de salientar a marca francesa, um carro mais leve, gasta menos, necessitando de uma bateria menor, para fazer a mesma autonomia dos maiores e mais pesados!

Tratando-se deste Oli, uma bateria que, afiança a Citroën, não necessitará de ter mais de 40 kW de capacidade, para garantir autonomias na ordem dos 400 km. Embora ajudado, igualmente, por uma limitação na velocidade máxima fixada nos 110 km/h, também como forma de maximizar a eficiência e conseguir consumos na ordem dos 10 kWh/100 km!

Já quanto à questão do carregamento, a Citroën prevê que este possa ser feito, entre os 20 e os 80% da capacidade, em cerca de 23 minutos, sendo que o Oli também dispõe da tecnologia Vehicle to Grid (V2G), ou seja, é capaz de devolver a energia que não necessitar, à rede. Ou, então, servir de carregador para outros dispositivos elétricos.

Apostar na longevidade e reciclagem

Também a pensar na sustentabilidade, a garantia, ainda, de um veículo pensado e concebido com o objectivo de criar a sua própria economia circular. Apostando, igualmente, na longevidade do produto.

Para já um protótipo, caso viesse a ser produzido no futuro, o Citroën Oli poderia ostentar um preço a rondar os 23 mil euros
Para já um protótipo, caso viesse a ser produzido no futuro, o Citroën Oli poderia ostentar um preço a rondar os 23 mil euros

Num produto que, segundo palavras da própria Directora de Produto da Citroën, Laurence Hansen, poderia chegar ao mercado com um preço abaixo daquilo que é o valor médio pedido, atualmente, por um elétrico (cerca de 25 mil euros) e, mais concretamente, a rondar os 23 mil euros, é, igualmente, destacado o esforço feito pela marca francesa no sentido de colocar em prática um sistema de reparações mais baratas, capaz de ajudar a garantir uma maior longevidade do veículo.

A solução, segundo o fabricante, passa pela substituição com peças recicladas, obtidas através de outros Oli mais antigos cuja reparação já não é economicamente viável. Passando, a partir daí, a servirem de dadores de peças para os Oli mais "jovens".

Para O CEO da Citroen, Vincent Cobée, trata-se de resolver "o conflito entre a necessidade de proteger o nosso planeta e a promessa futura de uma mobilidade sustentável e eletrificada", contrariando a tendência atual, em que um automóvel familiar típico chegam "até mesmo aos 2.500 kg, têm pelo menos 4,3 m de comprimento e 1,8 m de largura", para depois estarem parados "95% do tempo" e fazerem "80% das viagens com um único ocupante a bordo".

"A Citroën acredita que a eletrificação não deve significar extorsão e ser-se eco-consciente não deve trazer uma punição, limitando a nossa mobilidade ou tornando os veículos menos gratificantes para desfrutar", completa Cobée. "Temos de inverter as tendências, tornando-os mais leves e menos dispendiosos, e encontrar formas inventivas de maximizar a sua utilização, e permitir a sua readaptação para os seus futuros proprietários. Caso contrário, as famílias não poderão pagar a liberdade de mobilidade quando os veículos totalmente elétricos se tornarem na única opção à sua disposição".

Para a Citroën, a solução começa, precisamente, no Oli...

https://youtu.be/Abs0oWBA960